segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Fixação - Capítulo 36


Cena 1/ Mansão Bertolin/ Quartinho de Vivian/ Interno/ Noite
(Luana, com o travesseiro envolto em seus braços, sai)

Cena 2/ Motel/ Sala do dono/ Interno/ Noite
LUCRÉCIO: E então? O senhor me ajuda?
SÁVIO: Pode ficar tranqüilo. Eu irei ajudar você a provar a verdade para a sua namorada. Amanhã de manhã, você passa aqui no motel e me leva até a casa dela.
LUCRÉCIO: Você está falando sério?
SÁVIO: Claro.
LUCRÉCIO: Obrigado. Muito obrigado.

Cena 3/ Mansão Bertolin/ Quarto de Tiago/ Interno/ Noite
MARTA: Eu pedir desculpas para a Luana? Jamais.
TIAGO: Seria o mínimo que a senhora deveria fazer, afinal eu nunca vi a Luana desrespeitar a senhora. O que acontece é sempre o contrário: a senhora destratando a Luana.
MARTA: Eu não a destrato, Tiago. Apenas sou realista com ela. Sou a única que consigo enxergar o verdadeiro caráter da Luana e é aí onde eu me preocupo. Ninguém, além de mim, consegue ver o quanto a Luana é falsa.
TIAGO: Mãe
MARTA: É sim. Todos dessa casa seriam capazes de sacrificar a própria vida em prol da Luana e eu tenho pena, muita pena de quem teria coragem de fazer uma burrada dessas. Eu sei que você prefere acreditar nela a mim, mas eu nunca vou cansar de te dizer isso, Tiago. A Luana não presta. Ela quer dar um golpe na nossa família e você está sendo usado por ela como garantia desse golpe dar certo. Toma cuidado com ela, meu filho. Cuidado com a Luana.
(Marta sai)

Cena 4/ Paisagens de Dourados/ Dia
(Toca Royals – Lorde)

Cena 5/ Casa de Raimunda/ Sala/ Interno/ Dia
(Alguém bate na porta e Raimunda atende)
RAIMUNDA: Lucrécio? É muita ousadia sua aparecer na minha casa depois de tudo o que aconteceu entre a gente.
LUCRÉCIO: Por favor, Raimunda, ouça o que eu tenho a te dizer. Melhor. Ouça o que ele tem a te dizer.
(Sávio aparece na porta)
RAIMUNDA: Quem é esse aí?
SÁVIO: Sou Sávio Meireles, dono do motel Prazer Absoluto, o motel em que o Lucrécio entrou na mesma noite em que a senhora estava jantando no restaurante em frente.
RAIMUNDA: Eu vi o Lucrécio entrando naquele motel, doutor Sávio. E eu sei muito bem o que ele foi fazer lá. Foi se encontrar com alguma amante, não é, Lucrécio?
LUCRÉCIO: Claro que não, meu amor. Raimunda, eu não tenho amante nenhuma e eu trouxe o doutor Sávio para te provar isso. Ele vai contar a você o que eu fui fazer no motel naquela noite. Pode começar a contar, doutor Sávio.

Cena 6/ Mansão Bertolin/ Cozinha/ Interno/ Dia
(Luana está arrumando parte do café da manhã em uma bandeja. Marta entra)
MARTA: Você viu a Vivian?
LUANA: Não, dona Marta. Acho que ela ainda não acordou.
MARTA: Como não acordou? A Vivian nunca foi de se atrasar.
LUANA: Bom, agora a senhora já sabe que eu não a sou a única empregada incompetente dessa casa.
MARTA: Cala essa boca, insolente.
(Marta sai)

Cena 7/ Mansão Bertolin/ Sala de jantar/ Interno/ Dia
(Tiago, Ludmila, Luiza, Celso e Caio estão sentados à mesa. Luana entra, segurando uma bandeja e pousa o objeto na mesa. Marta entra)
MARTA: Aconteceu uma tragédia.
CAIO: Do que você está falando, Marta?
MARTA: Eu acho que a Vivian está morta.
TIAGO: Como?
MARTA: Eu fui ao quarto dela e encontrei-a desacordada. Toquei nela e a Vivian estava fria e dura. Não respirava e o pulso não estava dando sinal.
LUIZA: Alguém chama um médico, por favor.
LUANA: Eu chamarei.
(Luana sai)

Cena 8/ Casa de Raimunda/ Sala/ Interno/ Dia
LUCRÉCIO: Obrigado pela ajuda, Sávio.
(Sávio sai)
LUCRÉCIO: Agora que você ouviu tudo o que o Sávio disse, será que você poderia reconsiderar a decisão e assumir que errou ao desconfiar de mim?
RAIMUNDA: Eu não errei ao desconfiar de você, Lucrécio. Afinal, não é normal um homem compromissado recusar o convite da namorada para resolver negócios em um motel. Errei ao tirar conclusões precipitadas em relação ao que você foi fazer naquele lugar.
LUCRÉCIO: Bom, agora que você já sabe que tudo aquilo foi uma armação, será que a gente poderia voltar a namorar?
RAIMUNDA: Primeiro de tudo, eu peço desculpas por ter achado que você tinha uma amante. Segundo, se você resolver me desculpar, eu acho que seria possível voltarmos a namorar.
LUCRÉCIO: Eu te desculpo.
(Lucrécio e Raimunda se beijam)
RAIMUNDA: Você disse que isso foi uma armação. Mas quem faria uma coisa dessas com você, Lucrécio?
LUCRÉCIO: Tenho minhas suspeitas.
RAIMUNDA: Quem?
LUCRÉCIO: O Solano.

Cena 9/ Mansão Bertolin/ Quartinho de Vivian/ Interno/ Dia
(Estão no quarto: Marta, Celso, Ludmila, Luiza, Luana, Tiago e Caio, além do médico. Vivian está deitada na cama. O médico avalia Vivian)
MARTA: E então, doutor?
MÉDICO: Ela está morta.
MARTA: Mas como? Ela estava muito bem ontem.
LUANA: Pode ter morrido enquanto estava dormindo.
MÉDICO: É uma possibilidade.
MARTA: Você entende muito de morte, não é, Luana?
LUANA: Eu não sei se a senhora sabe, dona Marta, mas eu vi a minha mãe morrer subitamente e fique desesperada, porque não sabia o que fazer diante aquela situação.
MARTA: Que comovente.
TIAGO: Mãe, será que dá para a senhora parar de destratar a Luana?
CAIO: E agora? O que fazemos com a Vivian?
MARTA: Ela será enterrada. A Vivian era praticamente um membro da família. Eu faço questão que ela seja enterrada. Sentirei muita falta dela. Sempre foi minha amiga. Ela não merecia morrer. Não merecia.
(Caio abraça Marta)

Cena 10/ Praça/ Interno/ Dia
(Luiza e Felipe estão passeando de mãos dadas)
FELIPE: Aconteceu alguma coisa, Luiza? Você está tão calada.
LUIZA: Aconteceu. A Vivian, governanta da mansão, faleceu. Todos lá de casa estão tristes por causa disso. Ela era praticamente da família.
FELIPE: Eu sinto muito
LUIZA: Mas confesso que essa minha tristeza não se resume apenas a morte da Vivian. Não consigo tirar a gravidez da minha cabeça. É um assunto que me atormenta cada vez mais.
FELIPE: Luiza, eu já disse que posso assumir a paternidade do seu filho.
LUIZA: Eu não quero isso, Felipe. Você não é o pai. Não tem obrigação nenhuma de fazer isso.
FELIPE: Mas eu quero ser o pai dessa criança, Luiza. Não é porque me sinto obrigado a fazer isso ou por segundas intenções, mas porque eu quero, porque eu te amo. Não quero deixar que você passe por essa barra sozinha.
LUIZA: Eu também gosto muito de você, Felipe, e a cada dia que passa, eu aprendo a te amar cada vez mais, a te amar da mesma maneira que você me ama. Mas eu não posso permitir que você assuma essa criança como se ela fosse sua. Não é certo. O Vitor é o pai desse bebê. Ele que tem a obrigação de assumir essa responsabilidade. Ninguém deve fazer isso no lugar dele. Ninguém. Nem mesmo você.

Cena 11/ Posto de Gasolina/ Interno/ Dia
(Luana entra. Solano se aproxima dela)
SOLANO: O que você está fazendo aqui?
LUANA: Vim te contar as boas novas.
SOLANO: Não vá me dizer que...
LUANA: Isso mesmo. Eu matei a Vivian. Sufoquei-a com um travesseiro.
SOLANO: Luana, isso já está indo longe demais.
LUANA: São ossos do oficio. Bom, mas se isso te conforta, eu irei passar um tempo sem agir.
SOLANO: Como? Por quê?
LUANA: Você já vai saber.

TRÊS SEMANAS DEPOIS

Cena 12/ São Paulo/ Casa de Lara/ Sala/ Interno/ Dia
CELSO: Eu estava pensando em passar esse fim de semana com os meus pais em Dourados. O que você acha?
LARA: Essa é uma decisão sua. Faça o que deseja fazer.
CELSO: Mas eu quero que você vá comigo, Lara. Pelo que eu sei, você não irá trabalhar no restaurante esse final de semana.
LARA: Não sei se eu quero ir, Solano. Seus pais desaprovam o nosso relacionamento e a Ludmila ainda está hospedada na mansão, fazendo de tudo para te reconquistar.
CELSO: Lara, eu sei que a nossa saída de Dourados foi um pouco conturbada. Minha família não queria que eu viesse morar com você, mas eles são a minha família, apesar de tudo. Eu quero passar esse final de semana com eles, mas queria que você viesse comigo também. Por favor, Lara.
LARA: Tudo bem, Celso. A gente vai para Dourados.

Cena 13/ Paisagens de Dourados/ Mansão Bertolin/ Sala de estar/ Interno/ Dia
(Caio está sentado no sofá e Marta põe o telefone fixo de volta ao lugar.)
MARTA: Era o Celso no telefone. Ligou para avisar que vem passar esse final de semana com a gente.
CAIO: E a Lara vem com ele?
MARTA: Obviamente. Ele fez questão de frisar essa parte. Eu não vou suportar ver o meu filho partir com aquela garota novamente. A Ludmila será obrigada a separá-los nesse fim de semana.
CAIO: Eu sempre soube que essa idéia de trazer a Ludmila de volta para as nossas vidas não iria dar certo. Acho melhor eu contar toda a verdade para a Lara. Só assim, ela se afastará do Celso.
MARTA: Jamais. Você nunca irá contar a verdade para ela. Nunca. Se você fizer isso, eu juro que me separo de você, Caio. Não sou obrigada a suportar aquela bastarda na vida da nossa família. A Lara nunca saberá que é irmã do Celso.
(Ludmila, que ouviu tudo, desce a escada)
LUDMILA: Então é por isso que vocês desaprovam o relacionamento do Celso com a Lara? Porque eles são irmãos.
MARTA: Ludmila?
CAIO: Você ouviu tudo?
LUDMILA: Ouvi tudo, Caio. E estou chocada.

Cena 14/ Galpão/ Interno/ Dia
(Luana e Solano entram)
SOLANO: Apresento a você o nosso mais novo palco de encontro: esse galpão. Encontrei-o todo sujo. Só foi dar uma arrumada, que tudo ficou perfeito.
LUANA: Perfeito mesmo, Solano. Não sabia que você levava jeito para faxineiro. Tudo tão limpo e cheiroso.
SOLANO: Se você quiser, podemos estrear esse galpão agora mesmo, com muitos beijos e carinhos.
LUANA: Hoje não. Na verdade, resolvi se encontrar com você, porque estou precisando da sua ajuda para dar o próximo passo no processo de aplicar um golpe naquela família.
SOLANO: O que você vai fazer?
LUANA: Finalmente, chegou a hora daquela noite que eu armei para o Tiago pensar que transou comigo gerar os seus frutos.
(Luana dá uma gargalhada)

Cena 15/ Mansão Amorim/ Sala/ Interno/ Dia
(Alguém toca a campainha. Vitor atende)
VITOR: Luiza?
LUIZA: Oi. Estou precisando falar com você.
VITOR: Faz tanto tempo que você não vem à minha casa. A última vez foi...
LUIZA: Eu sei qual foi a ultima vez que eu vim aqui. E, por favor, não quero falar sobre isso.
VITOR: E o que veio fazer aqui?
LUIZA: Vim te entregar isso.
(Luiza entrega seu exame de gravidez para Vitor)
LUIZA: Ouvi alguns boatos de você não está acreditando na minha gravidez, então vim tirar a prova. Aí está o meu exame clínico que prova que estou grávida.
(Vitor devolve o exame para Luiza)
VITOR: Grávida ou não, eu não quero saber sobre isso, Luiza. Acho que já fui bem claro quando disse que a sua gravidez não me importa.
LUIZA: Você é o pai dessa criança.
VITOR: Eu não sou pai de ninguém. Não pedi para esse bebê aparecer. Ele surgiu, porque quis. Se você realmente está disposta a enfrentar esse problema, vire-se sozinha. Eu não quero saber de nada que tenha alguma relação com você ou com esse neném.
LUIZA: Como você pode ser tão egoísta?
VITOR: E existe outro motivo de eu não me interessar por essa gravidez. Estou participando de uma promoção e tenho certeza que irei vencer.
LUIZA: Promoção?
VITOR: Isso mesmo. Na verdade, é um concurso de bolsa. Se eu ganhar essa promoção, eu irei estudar em Oxford e claro que não irei desperdiçar essa oportunidade por causa de uma criança maldita. Irei para Inglaterra, para ficar bem longe de você.

Cena 16/ Hospital/ Externo/Dia
(Luana estaciona sua moto na frente do hospital. Ela e Solano descem)
LUANA: Eu irei me consultar com o doutor que examinou a Luiza quando ela descobriu que estava grávida. Você já sabe o que fazer, não é?
SOLANO: Claro. Mas não se esqueça de me mandar uma mensagem quando estiver entrando na sala do médico.
(Luana entra no hospital)

Cena 17/ Hospital/ Sala de espera/ Interno/ Dia
(Luana está sentada)
RECEPCIONISTA: Luana Carvalho.
LUANA: Sou eu.
RECEPCIONISTA: É a sua vez. Pode entrar.
(Luana levanta-se, pega o celular e disca algumas teclas. Ela entra na sala do médico)

Cena 18/ Hospital/ Externo/ Dia
(O celular de Solano soa um bip. Ele lê a mensagem de Luana, se aproxima da moto dela e pega uma barra de ferro. Solano se aproxima do carro do médico e começa a destruir o automóvel com a barra)

Cena 19/ Hospital/ Sala do médico/ Interno/ Dia
(Luana e o médico estão frente a frente)
LUANA: Eu vim mesmo fazer uma revisão ginecológica, doutor.
MÉDICO: Ah, claro. Isso é muito importante, principalmente para tentar prevenir algum tipo de câncer ou qualquer outra anomalia. Se outras mulheres seguissem o seu exemplo, Luana.
(A recepcionista entra na sala)
RECEPCIONISTA: Doutor, tem um homem maluco destruindo o seu carro com uma barra de ferro.
MÉDICO: O quê? Luana, fique aqui. Eu volto em um instante.
(O médico e a recepcionista saem. Luana levanta-se e se aproxima do computador do doutor)
LUANA (para si): Ele deve arquivar os exames das pacientes no computador. Luiza Passos Bertolin. Cadê? Achei. Agora é só alterar alguns dados pessoais e bingo. Imprimir.
(Luana imprime o exame falsificado)
LUANA (segurando o exame impresso na mão): O Tiago que me aguarde.
(Congela em Luana. Toca Ships – Umbrellas)
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