quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Classe Social - Capitulo Treze




1º Cena – Edificio beira mar – Noite

Vera: Então filho, pode falar. Foi a mãe da Nina?
Nina: Fala Beto, foi ela?
Um monte de lembranças zarpam como um relâmpago luminoso na mente de Beto. De longe, bem no meio de todo aquele resplandecer, se vê de longe, um salto que se aproxima. Uma mulher completamente dona de si, que se debruça a cada passo dado. Decidida e rápida, acerta Beto na cabeça.
Beto: É ELA!
A sala se satisfaz de um doce silêncio... Logo em seguida, o silêncio se rompe como um quebrar de paradigma. Era tudo o que Nina precisava saber, era essa a prova mais concreta do que a sua progenitora havia feito naquela noite.
Nina: Beto... O que você viu?
Beto se cala. Vera coloca a mão no ombro do seu filho.
Vera: Fale Beto... Mais cedo ou mais tarde, a Nina precisa saber do que aconteceu.
Beto: Eu nem sei por onde começar, Nina... Foi tudo tão rápido.
Nina: Seja direto comigo Beto... Como você sempre foi.
Beto: Foi a sua mãe... Ela que fez isso comigo!
Nina se espanta com toda a revelação.

2º cena – Interior – Fazenda – Noite

Flávia: Eu não consigo acreditar que por causa dessa vagabunda meu filho está passando por uma situação dessas... MAS VOCÊ VAI PRA LÁ E É AGORA!
Todos se assustam
Lara: Eu não posso... Não consigo.
Flávia aperta o braço de Lara
Flávia: Você vai tirar meu filho dessas e vai lá agora... ANDA!
Lara: Então me larga!
Flávia solta o braço de Lara com força
Roberto: Isso é loucura...
Lara: Então eu vou! Vou correr esse risco de qualquer jeito!
Close em Lara, determinada.

3º Cena – Edifício Mares – Apartamento de Roger – Noite

Gustavo: Nossa, como o destino nos prega tantas peças...
Roger: Eu já disse que não adianta fugir da minha amizade. Você sempre vai voltar pra mim. Sem segundas intenções, claro.
Gustavo acha tudo aquilo um pouco estranho
Gustavo: Amizade? Sei, confessa logo que você me deseja, eu deixo.
Roger: Convencido você, não?
Gustavo: Conversar com você desse jeito... É tudo tão novo, tão estranho pra mim.
Roger: Geralmente “estranho” é aquilo que nós não admitimos incluir no nosso meio social... Sabe Gustavo? Eu também sempre achei isso tudo muito estranho no começo. Cheguei a entrar em depressão. Mas depois que eu me aceitei, passei não a ver isso com um olhar de estranheza e medo. Passei a ver isso com a maior normalidade do mundo. Porque é assim que eu sou, normal. Posso não ter os mesmos gostos que muitos homens por ai... Mas eu me amo, isso é o essencial.
Um clima surge no lugar, Gustavo se aproxima do rosto de Roger. Um amor impossível vai surgindo aos poucos...
Gustavo: Então prova que isso tudo é normal
(Começa tocar: Ride – Lana Del Rey)
Roger também vai se aproximando do rosto de Gustavo. Os dois vão se beijar. Mas por acaso, a luz chega. Gustavo se espanta com tudo aquilo, era como ele tivesse voltado a si. Roger quase encosta seus lábios na boca de Gustavo, que ansiava por esse momento. Mas Gustavo abaixa a cabeça.
Roger: Deixa eu te mostrar que isso é a coisa mais normal do mundo... Me dá uma chance. Te prometo fazer a pessoa mais feliz do mundo.
Gustavo: Você não pode fazer isso... Me dá licença.
Gustavo se levanta e vai embora, deixando Roger sozinho.

Cena 04 - Edifício Beira Mar – Apartamento de Nina – Noite

Maitê está sentada no sofá, lendo um de seus livros de autoajuda. Nina entra com tudo.
Nina: VOCÊ É MESMO UM MONSTRO, NÃO É?
Maitê: Olha esse tom garota, está pensando que tá falando com quem? Com seus amiguinhos marginais?
Nina: Amigos eles são sim. Mas marginais é uma coisa bem diferente. Diferentes de você eles são!
Maitê: O que você tanto insinua? A gente não estava tão bem? Ficou louca garota?
Nina: Você que ficou! Você é um demônio! Uma louca completa... Não mede seus atos pra machucar ninguém.
Maitê (pegando o celular): Mas eu vou ligar para o seu pai agora... Vou te mandar pra um asilo! Lá é o teu lugar!
Nina corre e pega o celular da mãe
Nina: Não antes que eu ligue para a polícia!
Maitê: O que você tá falando?
Nina (chorando): POR QUE DIABOS VOCÊ FEZ ISSO COM BETO? COMO VOCÊ PODE SER TÃO BAIXA? HEIN SUA VADIA?
Maitê dá um tapa em Nina que cai no chão. Seu olhar fica perplexo diante de toda aquela situação. Um vazio imenso percorre os seus nervos. Maitê tenta segurar Nina.
Nina: ME LARGA SUA LOUCA! ME LARGA!
Maitê: Você não sabe o que é passar pelo maior dos castigos não é? Morrer de fome, ter que fazer coisas horríveis para sobreviver! Eu sempre lutei pra chegar onde eu estou... E sempre quis o seu melhor. Isso não foi só apenas pra mim, foi por você. Por amor!
Nina (chorando e gritando): QUE TIPO DE AMOR É ESSE? QUE AMOR DOENTIO É ESSE?
Maitê (voltando pra si novamente): Eu não admito que você fale assim comigo. Levanta e vai tomar um banho. Você deve estar de cabeça quente... Eu nunca faria nada com ninguém, muito menos com o seu amorzinho. Você não tem nenhuma prova concreta garota... Entrou me acusando e pensa que é assim que a banda toca?!
Nina: VOCÊ MENTE! EU TE ODEIO! VOCÊ NÃO É A MINHA MÃE!
Maitê se põe a chorar, negando todas aquelas acusações. Nina larga o celular e resolve ir ao seu quarto.
Maitê (falando pra si mesma): Isso não vai ficar assim... Eu tenho que fazer alguma coisa... Mas o quê?!

CORTA PARA:
5º Cena – Interior – Fazenda – Noite

Lara vai andando devagar sobre uma mata serrana e pequena. Um pouco assustada e com uma respiração totalmente ofegante, ela teme o que pôde ter acontecido com Pedro, ou o que viera a acontecer com ela. Seus passos vão se encurtando até chegar em uma porta, visivelmente abandonada.
Com os passos ainda mais curtos, ela observa tudo aquilo. Um pouco alterado desde a última vez que estivera ali... Mas com um cheiro forte.
Uma mão a agarra por trás, forçando junto a parede. Ela tenta lutar e juntamente desdenhar com a tal pessoa. Murmurando de dor e com os braços totalmente dominados, ela não sabe mais o que fazer, a não ser tentar gritar por socorro.

CORTA PARA:
Cena 06 – Interior – Mata – Fazenda – Noite

Flávia (com o rosto encoberto de lágrimas): Que demora infeliz é essa, Roberto? Cadê essa menina com o meu Pedro?
Roberto: Calma...
Flávia: CALMA?
Ouve-se apenas um barulho de batida vindo da fazenda. Todos se espantam.
Flávia (chorando): Ai meu pai... Se algo acontecer ao Pedro, eu nunca irei te perdoar por ser tão faltoso Roberto. NUNCA!
Roberto começa a chorar e todos ficam com um péssimo pressentimento.

CORTA PARA:
Cena 07 - Interior – Rio das Ostras – Fazenda – Noite

Tudo fica mais escuro. As coisas vão esclarecendo devagar, aos poucos. Lara, não tanto consciente, percebe que havia desmaiado e estava em um outro lugar. Sem querer, passa a mão pelo chão e percebe algo frio e muito úmido. Quando põe perto de seus olhos leva um susto.
Lara (gritando): SANGUE! AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!
Uma agonia imediata toma conta do ambiente, ela tenta fugir dali mas esbarra em um corpo, praticamente morto e melancólico diante de tudo aquilo.
Lara (perplexa): N-Não... P-P-Pode ser... NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!
Kleber: Lara, meu amor, gostou do seu novo lar? Um lar provisório, meu amor... Mas por enquanto fique ai com o seu ex-namoradinho morto... Ele gritou tanto, deu tanto trabalho! Mas eu consegui o que queria dele... Deve estar no colinho de Satanás agora!
Lara sabe que pode aproveitar daquilo tudo.
Lara: Kleber... Me perdoa de novo. Você sabe que eu não consigo viver sem você... Basta aprendermos a viver juntos novamente. Eu te amo!
Kleber abre a porta
Kleber: Era isso que eu queria ouvir, minha princesa. Eram essas as palavras mágicas!
Kleber abre os braços, esperando um carinho
Lara chuta a barriga de Kleber, que cai agonizando de dor no chão. Correndo para uma sala que seria uma espécie de escritório, ela procura por alguma coisa que possa a fazer se livrar de Kleber. Em uma das gavetas abertas, encontra uma arma.
Lara: Isso...
Lara vai se aproximando do lugar onde deixou Kleber no chão e nota que o mesmo não está mais lá. Mirando a arma para todos os lugares possíveis, ela tenta encontra-lo, mas logo desiste. Colocando Pedro nos seus braços e jogando a arma no chão. Ela corre pelos fundos. Um medo fugaz lança-se sobre suas pernas. Tremendo de terrível prazer e com a dor de carregar um morto sobre suas costas, ela corre desesperadamente pelo encontro das pessoas que ficaram na mata.
Kleber aparece: estava escondido para que Lara não o notasse. Com uma de suas pernas ainda fragilizadas, ele vai ao encontro da sua arma de estimação, caída no chão.
Kleber: Maldita...
Colocando-se sobre a janela do tal quarto ensanguentado, ele observa Lara correr até o encontro dos outros.
Kleber: Pelo menos ela ainda não descobriu que o garoto ainda está vivo... Menos mal. O desespero pode destruir o objetivo das pessoas, muito antes dele se cumprir.
Mirando em um dos dois, ele começa a se indagar sobre tudo aquilo.
Kleber: Quem eu devo acertar primeiro? O morto que não morreu? Ou a vadia desesperada?
O barulho do tiro ecoa.

Congela em Kleber sorridente,

(Gancho ao som: Heart Attack – Demi Lovato
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