1º
Cena – Edificio beira mar – Noite
Vera: Então
filho, pode falar. Foi a mãe da Nina?
Nina: Fala
Beto, foi ela?
Um monte de lembranças zarpam como um
relâmpago luminoso na mente de Beto. De longe, bem no meio de todo aquele
resplandecer, se vê de longe, um salto que se aproxima. Uma mulher
completamente dona de si, que se debruça a cada passo dado. Decidida e rápida,
acerta Beto na cabeça.
Beto: É ELA!
A sala se satisfaz de um doce silêncio... Logo
em seguida, o silêncio se rompe como um quebrar de paradigma. Era tudo o que
Nina precisava saber, era essa a prova mais concreta do que a sua progenitora
havia feito naquela noite.
Nina: Beto... O que você viu?
Beto se cala. Vera coloca a mão no ombro do
seu filho.
Vera: Fale Beto... Mais cedo ou mais tarde, a
Nina precisa saber do que aconteceu.
Beto: Eu nem sei por onde começar, Nina...
Foi tudo tão rápido.
Nina: Seja direto comigo Beto... Como você
sempre foi.
Beto: Foi a sua mãe... Ela que fez isso
comigo!
Nina se espanta com toda a revelação.
2º
cena – Interior – Fazenda – Noite
Flávia: Eu não consigo acreditar que por
causa dessa vagabunda meu filho está passando por uma situação dessas... MAS VOCÊ
VAI PRA LÁ E É AGORA!
Todos se assustam
Lara: Eu não posso... Não consigo.
Flávia aperta o braço de Lara
Flávia: Você vai tirar meu filho dessas e vai
lá agora... ANDA!
Lara: Então me larga!
Flávia solta o braço de Lara com força
Roberto: Isso é loucura...
Lara: Então eu vou! Vou correr esse risco de
qualquer jeito!
Close em Lara, determinada.
3º
Cena – Edifício Mares – Apartamento de Roger – Noite
Gustavo: Nossa, como o destino nos prega
tantas peças...
Roger: Eu já disse que não adianta fugir da
minha amizade. Você sempre vai voltar pra mim. Sem segundas intenções, claro.
Gustavo acha tudo aquilo um pouco estranho
Gustavo: Amizade? Sei, confessa logo que você
me deseja, eu deixo.
Roger: Convencido você, não?
Gustavo: Conversar com você desse jeito... É
tudo tão novo, tão estranho pra mim.
Roger: Geralmente “estranho” é aquilo que nós
não admitimos incluir no nosso meio social... Sabe Gustavo? Eu também sempre
achei isso tudo muito estranho no começo. Cheguei a entrar em depressão. Mas
depois que eu me aceitei, passei não a ver isso com um olhar de estranheza e
medo. Passei a ver isso com a maior normalidade do mundo. Porque é assim que eu
sou, normal. Posso não ter os mesmos gostos que muitos homens por ai... Mas eu
me amo, isso é o essencial.
Um clima surge no lugar, Gustavo se aproxima
do rosto de Roger. Um amor impossível vai surgindo aos poucos...
Gustavo: Então prova que isso tudo é normal
(Começa tocar: Ride – Lana Del Rey)
Roger também vai se aproximando do rosto de
Gustavo. Os dois vão se beijar. Mas por acaso, a luz chega. Gustavo se espanta
com tudo aquilo, era como ele tivesse voltado a si. Roger quase encosta seus
lábios na boca de Gustavo, que ansiava por esse momento. Mas Gustavo abaixa a
cabeça.
Roger: Deixa eu te mostrar que isso é a coisa
mais normal do mundo... Me dá uma chance. Te prometo fazer a pessoa mais feliz
do mundo.
Gustavo: Você não pode fazer isso... Me dá
licença.
Gustavo se levanta e vai embora, deixando
Roger sozinho.
Cena
04 - Edifício Beira Mar – Apartamento de Nina – Noite
Maitê está sentada no sofá, lendo um de seus
livros de autoajuda. Nina entra com tudo.
Nina: VOCÊ É MESMO UM MONSTRO, NÃO É?
Maitê: Olha esse tom garota, está pensando
que tá falando com quem? Com seus amiguinhos marginais?
Nina: Amigos eles são sim. Mas marginais é
uma coisa bem diferente. Diferentes de você eles são!
Maitê: O que você tanto insinua? A gente não
estava tão bem? Ficou louca garota?
Nina: Você que ficou! Você é um demônio! Uma
louca completa... Não mede seus atos pra machucar ninguém.
Maitê (pegando o celular): Mas eu vou ligar
para o seu pai agora... Vou te mandar pra um asilo! Lá é o teu lugar!
Nina corre e pega o celular da mãe
Nina: Não antes que eu ligue para a polícia!
Maitê: O que você tá falando?
Nina (chorando): POR QUE DIABOS VOCÊ FEZ ISSO
COM BETO? COMO VOCÊ PODE SER TÃO BAIXA? HEIN SUA VADIA?
Maitê dá um tapa em Nina que cai no chão. Seu
olhar fica perplexo diante de toda aquela situação. Um vazio imenso percorre os
seus nervos. Maitê tenta segurar Nina.
Nina: ME LARGA SUA LOUCA! ME LARGA!
Maitê: Você não sabe o que é passar pelo
maior dos castigos não é? Morrer de fome, ter que fazer coisas horríveis para
sobreviver! Eu sempre lutei pra chegar onde eu estou... E sempre quis o seu
melhor. Isso não foi só apenas pra mim, foi por você. Por amor!
Nina (chorando e gritando): QUE TIPO DE AMOR
É ESSE? QUE AMOR DOENTIO É ESSE?
Maitê (voltando pra si novamente): Eu não
admito que você fale assim comigo. Levanta e vai tomar um banho. Você deve
estar de cabeça quente... Eu nunca faria nada com ninguém, muito menos com o
seu amorzinho. Você não tem nenhuma prova concreta garota... Entrou me acusando
e pensa que é assim que a banda toca?!
Nina: VOCÊ MENTE! EU TE ODEIO! VOCÊ NÃO É A
MINHA MÃE!
Maitê se põe a chorar, negando todas aquelas
acusações. Nina larga o celular e resolve ir ao seu quarto.
Maitê (falando pra si mesma): Isso não vai
ficar assim... Eu tenho que fazer alguma coisa... Mas o quê?!
CORTA
PARA:
5º
Cena – Interior – Fazenda – Noite
Lara vai andando devagar sobre uma mata
serrana e pequena. Um pouco assustada e com uma respiração totalmente ofegante,
ela teme o que pôde ter acontecido com Pedro, ou o que viera a acontecer com
ela. Seus passos vão se encurtando até chegar em uma porta, visivelmente
abandonada.
Com os passos ainda mais curtos, ela observa
tudo aquilo. Um pouco alterado desde a última vez que estivera ali... Mas com
um cheiro forte.
Uma mão a agarra por trás, forçando junto a
parede. Ela tenta lutar e juntamente desdenhar com a tal pessoa. Murmurando de
dor e com os braços totalmente dominados, ela não sabe mais o que fazer, a não
ser tentar gritar por socorro.
CORTA
PARA:
Cena
06 – Interior – Mata – Fazenda – Noite
Flávia (com o rosto encoberto de lágrimas):
Que demora infeliz é essa, Roberto? Cadê essa menina com o meu Pedro?
Roberto: Calma...
Flávia: CALMA?
Ouve-se apenas um barulho de batida vindo da
fazenda. Todos se espantam.
Flávia (chorando): Ai meu pai... Se algo
acontecer ao Pedro, eu nunca irei te perdoar por ser tão faltoso Roberto.
NUNCA!
Roberto começa a chorar e todos ficam com um
péssimo pressentimento.
CORTA
PARA:
Cena
07 - Interior – Rio das Ostras – Fazenda – Noite
Tudo fica mais escuro. As coisas vão
esclarecendo devagar, aos poucos. Lara, não tanto consciente, percebe que havia
desmaiado e estava em um outro lugar. Sem querer, passa a mão pelo chão e
percebe algo frio e muito úmido. Quando põe perto de seus olhos leva um susto.
Lara (gritando): SANGUE!
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!
Uma agonia imediata toma conta do ambiente,
ela tenta fugir dali mas esbarra em um corpo, praticamente morto e melancólico
diante de tudo aquilo.
Lara (perplexa): N-Não... P-P-Pode ser...
NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!
Kleber: Lara, meu amor, gostou do seu novo
lar? Um lar provisório, meu amor... Mas por enquanto fique ai com o seu
ex-namoradinho morto... Ele gritou tanto, deu tanto trabalho! Mas eu consegui o
que queria dele... Deve estar no colinho de Satanás agora!
Lara sabe que pode aproveitar daquilo tudo.
Lara: Kleber... Me perdoa de novo. Você sabe
que eu não consigo viver sem você... Basta aprendermos a viver juntos
novamente. Eu te amo!
Kleber abre a porta
Kleber: Era isso que eu queria ouvir, minha
princesa. Eram essas as palavras mágicas!
Kleber abre os braços, esperando um carinho
Lara chuta a barriga de Kleber, que cai
agonizando de dor no chão. Correndo para uma sala que seria uma espécie de
escritório, ela procura por alguma coisa que possa a fazer se livrar de Kleber.
Em uma das gavetas abertas, encontra uma arma.
Lara: Isso...
Lara vai se aproximando do lugar onde deixou
Kleber no chão e nota que o mesmo não está mais lá. Mirando a arma para todos
os lugares possíveis, ela tenta encontra-lo, mas logo desiste. Colocando Pedro
nos seus braços e jogando a arma no chão. Ela corre pelos fundos. Um medo fugaz
lança-se sobre suas pernas. Tremendo de terrível prazer e com a dor de carregar
um morto sobre suas costas, ela corre desesperadamente pelo encontro das
pessoas que ficaram na mata.
Kleber aparece: estava escondido para que
Lara não o notasse. Com uma de suas pernas ainda fragilizadas, ele vai ao
encontro da sua arma de estimação, caída no chão.
Kleber: Maldita...
Colocando-se sobre a janela do tal quarto
ensanguentado, ele observa Lara correr até o encontro dos outros.
Kleber: Pelo menos ela ainda não descobriu
que o garoto ainda está vivo... Menos mal. O desespero pode destruir o objetivo
das pessoas, muito antes dele se cumprir.
Mirando em um dos dois, ele começa a se
indagar sobre tudo aquilo.
Kleber: Quem eu devo acertar primeiro? O
morto que não morreu? Ou a vadia desesperada?
O barulho do tiro ecoa.
Congela em Kleber sorridente,
(Gancho ao
som: Heart Attack – Demi Lovato
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