Classe Social - Capitulo Vinte e Um

1º Cena - Edifício Beira mar – Apartamento de Maitê – Zona Sul – Noite

Vera: Vim te dar uma coisa que você está merecendo há muito tempo.

Maitê: Não me diga que...

Vera: CALA A BOCA! E se prepara pra apanhar.

Vera larga um tapa na cara de Maitê. Um grande silencio toma conta do ambiente. Maitê coloca a mão no rosto, perplexa com o ocorrido. Elas se encaram.

Vera: SE RECOMPÕE VAGABUNDA! TA SÓ NO INICIO. 

Maitê se recompõe.

Maitê: EU VOU TE DENUNCIAR! VOCÊ INVADIU A MINHA CASA E ME AGREDIU.

Vera: Você não faça à sonsa, que a vontade de te quebrar em quatro só aumenta.

Maitê: Eu vou chamar a policia!

Vera: ENTÃO CHAMA! VAI, CHAMA! Eu aproveito pra contar a tentativa de homicídio contra o meu filho, que VOCÊ é a culpada!

Maitê: Eu sou RICA, meu amor, eu tenho tudo que quero, eu mando em todo mundo, não seria a justiça que iria me deter. Além do mais, eu tenho ensino superior, isso já me garantia...

Vera: Uma cela especial (?).

Maitê: Isso e muito mais! Coisa que você não teve, né mesmo?

Vera: Mas é muito cínica você...

Maitê: Cínica? Eu? Magina... Eu sou verdadeira, mas se a verdade dói, paciência.  

Vera: Eu não vim aqui pra bater boca com você.

Vera começa andar em direção Maitê que recua os passos para trás.

Maitê: NÃO OUSE...

Vera prende Maitê na parede e segura pelo pescoço, ela aperta. Rosto a rosto:

Vera: Presta bastante atenção dessa vez. Você fez o que fez com o meu filho, eu deixei passar. Você implantou um rolex na minha casa e eu fui presa, mas vou deixar passar...

Maitê, vermelha, se debate e tenta gritar

Maitê: SOC.... SOCOR...

Vera: FICA QUIETA QUE AINDA NÃO ACABEI! Presta atenção, vagabunda. A próxima que você aprontar, eu mesmo te mando pro inferno.

Vera larga Maitê que cai tentando recuperar o ar.

Vera: Espero não voltar mais aqui.

Ela sai e deixa Maitê se recuperando no chão.

2º Cena – Zona Norte – Complexo do Alemão – Casa de Capeta

Capeta: [...] Sumiu? Como assim? Essas crianças valem ouro!

Kleber: Sim, eu sei. Mas a gente vai achar essas crianças.

Capeta: Como?

Kleber: Por isso que estamos aqui, precisamos da sua ajuda. Já sabemos onde o Pedro mora, mas ele viajou, lógico. Ele não iria ficar de bobeira.

Capeta: Eu vou reunir nosso bando, VAMOS PEGAR ESSE TAL DE PEDRO!

Kleber: Podemos contar com uma ajuda também.

Capeta: Qual?

Kleber: Ele deixou cair o celular, contém várias fotos, localizações, acho que pode ajudar a gente.

Capeta: Deixa eu ver.

Capeta pega o celular e passa algumas fotos.

Kleber: E aí, você acha que vai poder nos ajudar?

Capeta estranha ao passar uma foto.

Capeta: Peraí, eu conheço essa mulher!

Ele mostra a foto, onde aparece a família de Pedro reunida e Vera logo atrás.

Kleber: Conhece?

Capeta: Sim! Essa é a Vera, ela morava aqui no morro, e, ao que me parece, ela deve ser empregada deles.

Kleber: Então agora ficou fácil de chegarmos até ele.

Capeta: Mas eu não sei exatamente onde ela mora, a família saiu do morro, o filho dela se envolveu com uma grã-fina e agora estão morando na zona sul.

Kleber: Isso é o mínimo. A GENTE VAI ENCONTRAR ELES E VAMOS RECUPERAR A CLARA E O CAUÃ!

Kleber determinado.

3º Cena – Imagens do Rio de Janeiro – 3 semanas depois.

(Ao som de Falando Sério – Claudia Leitte)

4º Cena – Zona Oeste – Casa de Luíza – Manhã

Jurema e Carol conversam

Carol: Mãe, tava aqui pensando, não sei se vou de short curto ou saia curta pro show das minhas fãs.

Jurema: Se eu fosse eu iria de calcinha.

Carol: Você é muito devassa... Sou muito gostosa pra ir de calcinha.

Luíza chega e escuta a conversa

Luíza: Não sei quem anda te iludindo, pirralha.

Carol: O Lucas, ele disse que tenho um bundão.

Jurema: Lucas? QUEM É LUCAS MENINA??

Carol: Lucas é meu colega do curso, mãe, relaxa, ele feio, não gosto dele.

Jurema: Qual curso? Informática?

Carol: Não mãe. Curso de educação sexual e já estamos nas aulas praticas. Estou ADORANDO!

Jurema: Como é a história?

Luíza: Mãe, nem adianta debater com a Carol, você conhece ela, não tem mais jeito.

Carol: Sabe de nada inocente.

Jurema: Carol, você me respeite!

Carol: EITAAA MAINHA.

Jurema: Passe já pro quarto.

Carol: Affs, pode fazer mais nada nessa casa. EU VOU FUGIR!

Carol sai irritada

Luíza: Abre o olho com essa garota...

Jurema: Não sei onde eu errei...

Neste momento, Luíza sente uma forte dor e se segura na parede.

Luíza: Ain...

Jurema: Luíza, você ta bem?

Luíza: Ai que dor...

Jurema: Calma filha, vou te levar pro medico, deixa eu buscar minha bolsa.

Jurema sai e Luíza continua sentindo fortes dores.

5º Cena – Copacabana Palace – Apartamento de Fábio – Manhã

Nina e Fábio tomam café.

Fábio: Adorei que você veio me ver logo cedo.

Nina: E aproveitar pra tomar esse café maravilhoso.

Fábio: Adoro sua companhia.

Nina: Pai... E a mamãe, como ela está?

Fábio: Maitê está cada vez mais isolada.

Nina: Eu sinto muito por ela... Queria muito o perdão dela, mas ela se recusa falar comigo.

Fábio: Continue dando tempo ao tempo, as coisas vão voltar para o lugar de onde não deveria ter saído.

Nina: Tudo bem, obrigado pelos conselhos, pai.

Fábio: Magina...

Nina: Pai, outra coisa que queria saber é sobre o escritório. Já sei que você e o Roberto voltaram às atividades, e queria saber se não tem espaço pro Beto lá.

Fábio: Mas o Beto é um garoto sem estudo.

Nina: Eu sei! Mas depois do incidente, ele está triste por não arranjar emprego, eu sinto. E agora tem o Pedro e a Lara lá em casa, você sabe, eles não podem sair, estão correndo perigo. Qualquer ajuda será bem vinda.

Fábio: Olha, Nina, pode trazer o curriculum do Beto, mas eu não garanto um cargo bom. Peço também que tanto ele, quando você voltem a estudar. Com esses acontecimentos, percebi que você parou de ir pra faculdade, pense bem, é o seu futuro que está em jogo.

Nina: Obrigada pai!       

6º Cena – Zona sul – Edifício Beira Mar – Apartamento de Vera – Manhã

Beto, Lara e Pedro brincam com Cauã.

Beto: [...] Cauã, adivinha o que eu comprei pra você?

Cauã: uma bola.

Beto: Opa! Acertou.

Cauã: Ebaaa!

Beto: Assim não vale, alguém soprou, acho que foi a Lara.

Lara: Foi eu Cauã?

Cauã: Não.

Pedro: E você queria ganhar uma bola?

Cauã: Aham...

Beto: Então vem comigo, vamos abrir a bola.

Beto pega na mão de Cauã e sai.

Lara: Estou tão feliz por ver o Cauã assim, feliz.

Pedro: Verdade, o Beto, a Nina, a Vera estão sendo grandes amigos. E de pensa que já maltratei a Vera... Me arrependo muito.

Lara: Liga não, seu bobo.

Pedro: A gente tem que ir se preparando para sair do Rio. Mesmo estando aqui já há quase um mês, ainda sinto que estamos correndo perigo.

Lara: Mas como vamos sair daqui? A Clara e o Cauã nem tem documentos.

Pedro: O problema está aí, a Clara e o Cauã não vão com a gente.

Lara: Como assim?

Pedro: A gente tem que entregar eles pra justiça, Lara, esse é o nosso dever.

Lara: Não, Pedro, eu não iria conseguir, eu gosto desses meninos.

Pedro: Lara, é lei!

Lara se preocupa.

7º Cena – Bahia – Escritório – Mesa de Roger – Manhã

Carlos chega no trabalho de Roger, de surpresa.

Roger: Carlos? Você por aqui?

Carlos: Eu não posso visitar meu namorado no trabalho dele?

Roger: Poder, pode, mas... Eu estou em serviço, não posso te dar atenção. E você nem era pra estar aqui.

Carlos: Estava passando aqui em frente, por isso resolvi subir.

Roger: Tudo bem. Fico feliz por sua visita, mas...

Carlos: Você vai me mandar embora?

Roger: Carlos, procure me entender, se meu chefe me pega, eu tô ferrado.

Carlos: Ou você não quer que os outros saibam que sou seu namorado.

Roger: Não complique a minha situação.

Carlos: A nossa!

Roger: O que você está insinuando?

Carlos: Que você está me mandando embora porque tem vergonha de mim.

Roger: Carlos, você está delirando. A maioria aqui sabe da minha opção sexual, e os que não sabem, é porque não convém. Além do mais, não tenho porque sair por ai dizendo que tenho namorado.

Carlos: Então você confirma?

Roger: Confirmar o que? Você bebeu? Foi isso? Esse não é o seu normal. Eu gostaria que você se retirasse.

Ele se altera

Carlos: VOCÊ ESTÁ COM MEDO QUE TODOS SAIBAM QUE VOCÊ É UM VIADO!

Roger larga um tapa na cara de Carlos.

Roger: VOCÊ ME RESPEITE!

Eles se encaram.

8º Cena – Hospital publico – Quarto – Tarde

Jurema e Carol entram no quarto que Luíza estava

Jurema: Aí minha nossa senhora, eu rezei pra todos os santos pra te proteger filha.

Luíza: Calma mãe, não foi nada demais, foi só pressão baixa.

Carol: A vizinha lá da rua disse que era sintomas de derrame.

Luíza: Credo Carol.

Jurema: Graças a Deus está tudo bem.

Luíza: Quanto drama...

O médico chega

Dr. Solano: Olá garota.

Luíza: Oi doutor.

Dr. Solano: Que bom que a família está reunida, porque a noticia que tenho pra dar é ótima.

Jurema: Ué! Mas não era só uma pressão baixa?

Dr. Solano: Sim,  pressão baixa foi só pra avisar que tem um herdeiro chegando aí. Parabéns, Luíza, você vai ser mamãe.

Elas: MAMÃE?

Todas perplexas

9º Cena – Zona norte – Complexo do Alemão – Casa de Capeta - Tarde

Kleber: [...] TRÊS SEMANAS! Você sabe o que é isso? Vai fazer um mês que procuramos e não achamos essas crianças.

Capeta: Calma, tenho uma boa noticia.

Kleber: Meu medo é deles terem saído da cidade, do estado, do país...

Capeta: Aquelas crianças estão sem documentos, eles não foram longe.

Kleber: Mas qual é a boa noticia?

Capeta: Meus capangas encontraram o trabalho do filho mais velho de Vera. Parece que ele vendia hot dog num quiosque na praia, e é lá que vamos descobrir onde eles estão morando.

Kleber: É isso! AGORA NÓS VAMOS PEGAR AQUELAS CRIANÇAS.

Corta Para:

10º Cena – Zona Sul – Ipanema – Quiosque na praia – Tarde

Kleber e Capeta chegam até o quiosque e um jovem atende

Jovem: Olá, qual vai ser o hot dog de vocês? Dogão ou normal?

Kleber: Na verdade, nós não viemos atrás de hot dog, estamos querendo uma informação sua, meu caro rapaz.

Jovem: Informação?

Capeta: Sim! Gostaríamos de saber a respeito do Beto, o garoto que trabalhou nesse quiosque.

Jovem: Sim, conheço! Eu entrei aqui logo que ele precisou se afastar.

Kleber: Então, meu caro, nós somos amigos dele e víamos muito neste local, mas depois que ele se afastou, nunca mais o vimos...

Jovem: Se vocês são realmente amigos dele, porque não tem o celular dele?

Capeta: Na verdade a gente tem... Porém... Perdemos o contato, sabe como é. A gente liga, liga, liga e ninguém atende. Por isso gostaríamos de saber onde ele mora, você poderia nos informar?

O jovem rapaz fica intrigado com a situação.

Kleber: Então, você vai ou não nos informar onde é a nova casa do Beto?

O jovem fica mudo. Kleber, esperançoso, dá um largo sorriso. Capeta fixa o olhar nos olhos do rapaz, que fica com medo.

Congela no jovem

(Gancho ao som: Magic – Coldplay)