Classe Social - Capitulo Vinte e dois

1º Cena – Zona Sul – Ipanema – Quiosque na praia – Tarde

Capeta: Na verdade a gente tem... Porém... Perdemos o contato, sabe como é. A gente liga, liga, liga e ninguém atende. Por isso gostaríamos de saber onde ele mora, você poderia nos informar?

O jovem rapaz fica intrigado com a situação.

Kleber: Então, você vai ou não nos informar onde é a nova casa do Beto?

O jovem fica mudo. Kleber, esperançoso, dá um largo sorriso. Capeta fixa o olhar nos olhos do rapaz, que fica com medo.

Capeta: Estamos esperando a sua resposta.

Jovem: Eu...Não sei, nem tinha intimidade com o Beto. Na verdade, nem nunca conversei com ele. O que sei, foi o que me contaram, enfim. Agora deixe-me trabalhar.

Kleber: Mas...

Jovem: Moço, por favor.

Capeta: Kleber...

Kleber: Ta, tudo bem.

2º Cena – Bahia - Hotel Porto da Barra – Salvador – Tarde

Roger chega em casa irritado e encontra Carlos.

Roger: Satisfeito?

Carlos: Com o tapa que você me deu?

Roger: Não. Por estragar a minha tarde. Por sua causa, eu fui chamado atenção e levei um dia de suspensão.

Carlos: Desculpas.

Roger: Desculpas? De que vale agora? Suas desculpas não vão pagar o meu salario no final do mês.

Carlos: Eu perdi a cabeça, amor.

Roger: Carlos, não me chame de amor, por favor.

Carlos: Tudo bem. Mas, você vai ficar chateado comigo?

Roger: Não seja tolo. Eu estou com raiva, sabe o que é isso? RAIVA DE VOCÊ.

Carlos: Mas...

Roger: Não se retrate. Você sabe muito bem as consequências que isso me causou e seu pedido de desculpa não será bem vindo. Agora eu vou sair, preciso descansar minha mente.

Carlos: Onde você vai?

Roger: NÃO TE ENTERESSA!

Corta Para:

3º Cena – Zona Norte – Casa de Vitória – Tarde

Vitória chega na sala desesperada. Sua barriga já está pouco pontuda por conta da gestação;

Vitória: Gente, socorro, eu tô horrorosa.

Sérgio: Como assim? Você está linda.

Vitória: Eu estou ENORME de gorda, já ganhei cinco quilos.

Miller: Não é pra menos, nas ultimas semanas você desejou cinco pizza sabor berinjela com queijo e calda de quiabo, três potes de sorvete grande e dois x-tudo.

Vitória: MENTIRA!

Sérgio: Na verdade ele esqueceu do pastel de carne do sol e gengibre com tempero pronto sabor legumes.

Miller: Vale lembrar que esse sabor é surreal.

Vitória: Gente, essa gravidez está me deixando um mini monstro.

Sérgio: Ta mais pra monstro completa mesma.

Miller: Se você fosse verde, ia ficar a cara da Fiena.

Sérgio: É Fiona idiota.

Miller: Fiena é a irmã dela.

Sérgio: Quem te disse isso?

Miller: Eu que estou dizendo.

Vitória: Meninos, parem! O assunto é a minha gravidez e tratem de comprar bolinho de bacalhau com calda de chocolate, isso tudo me deu fome.

Eles: ECAAAA!

4º Cena – Zona Norte – Complexo do Alemão – Casa de Capeta – Fim de tarde

Kleber: [...] DROGA! Era pra gente insistir mais, aquele jovem sabia sim onde o Beto morava.

Capeta: Calma, Kleber.

Kleber: Como calma? O tempo está passando, eu já tinha data marcada pra vender aquelas crianças, e já faz quase um mês que elas estão desaparecidas.

Capeta: Eu tive uma ideia.

Kleber: Você e suas ideias... Se ao menos dessem certo.

Capeta: Essa vai dar certo!

Kleber: Então qual é? Fala!

Capeta: Há algumas semanas atrás, o filho mais novo da Vera veio me pedir ajuda. Como recompensa, pedi que ele levasse uma encomenda em Madureira. O chefe do trafico de lá vai nos ajudar, ele vai dar um jeito de encontrar o garoto e através dele iremos chegar em Vera, depois em Pedro e por fim nas crianças.

Kleber: Isso vai dar certo mesmo?

Capeta: Confia em mim!

Corta Para:

5º Cena – Faculdade Estácio de Sá – Área Externa – Noite

Gustavo sai da faculdade quando o telefone dele toca. Ele atende.

Gustavo [cel]: Alô

Pausa

Gustavo [cel]: Jorjão? O que você quer comigo?

Pausa

Gustavo [cel]: Uma conversa? Desculpe, mas eu não posso. Além do mais, nós não temos nada pra conversar.

Pausa

Gustavo [cel]: Como assim minha família? Você pare de brincadeira, não vai fazer nada contra minha família.

Pausa

Gustavo [cel]: Tudo bem, eu vou.

Ele desliga o telefone preocupado.

6º Cena – Copacabana Palace – Apartamento de Fábio – Noite

Fábio chega na sala

Fábio: Acabaram de interfonar e adivinha quem está subindo?

Nina: Não vai dizer que é a mamãe.

Fábio: Não, a Luíza.

Nina: A Lu? Como assim? Vocês estão...

Fábio: Não, nada disso. Depois daquele ocorrido, essa é a primeira vez que eu vejo ela, também estranhei.

Nina: O que será que ela quer?

Campainha toca

Fábio: Isso é o que vamos descobrir agora.

Ele caminha e abre a porta.

Fábio: Oi Luiza, entra.

Ao entra, ela encontra Nina.

Luíza: Nina, amiga, que bom te ver.

Nina: Que surpresar te encontrar aqui

Elas se abraçam.

Fábio: Bom, você aceita beber algo?

Luíza: Não, na verdade serei muito breve. Nem era pra eu estar aqui, mas o assunto que vim tratar não poderia ser pelo telefone. Fico feliz pela presença da Nina, pois também diz respeito a ela.

Fábio: Então fala que estou me assustando.

Luíza: Fábio, eu estou gravida e você é o pai desse filho.

Fábio fica surpreso e Nina grita de alegria.

Nina: Meus Deus, eu vou ter um irmão?

Luíza: Ou uma irmãzinha...

Fábio: Eu....Eu... É... Eu...

Luíza: Fábio, eu entendo se você não gostar, mas é o meu papel de mãe te comunicar. Não pense que fiz isso pra te prender, e se não quiser sustenta-lo, eu entendo, só peço que de um nome a ele, apenas isso.

Fábio: Eu estou feliz que não me aguento. Eu quero assumir esse filho, criar, educar e acompanhar cada passo, assim como foi com a Nina, mas, eu não esperava que... eu...

Eles começam a rir felizes com a noticia.

7º Cena – Shopping da Barra -  Noite

Maitê e Flávia caminham pelo shopping com algumas sacolas nas mãos quando uma mulher negra esbarra, sem querer, em Maitê.

Maitê: Presta atenção por onde anda, garota.

Mulher: Me desculpe moça, eu não ti vi.

Maitê: Como assim não me viu? Eu linda, rica e loira, até cego me enxerga minha filha. Mas tudo bem, é típico de pessoas como você não olhar pra raça superior.

Flávia: Maitê...

Mulher: Oi? Eu não entendi o que você quis dizer com “raça superior”, você está me descriminando por ser negra, é isso?

Maitê: Eu? Te descriminando? Meu amor, a vida te descriminou no determinado momento que você saiu da barriga da sua mãe, que provavelmente deve ter sido outra neguinha.

Flávia rir discretamente

Mulher: EU NÃO ADMITO QUE VOCÊ FALE DESSE JEITO COMIGO.

Maitê: Fale baixo porque eu escuto muito bem e isso aqui não é concurso de gritos.

Mulher: EU FALO DO JEITO QUE QUISER, E GRITO MESMO, A BOCA É MINHA, SUA RACISTA!

Maitê: Ai que baixaria, essa raça filou a aula de etiqueta, com certeza.

Um policial vê a exaltação da moça e interfere.

Policial: O que está havendo aqui?

Mulher: Essa senhora é uma racista e me chamou de neguinha.

Maitê: Ela é louca, não deem ouvidos a essa mulher.

Policial: Se vocês continuarem nessa gritaria, eu vou levar todo mundo pra delegacia.

Maitê: Seu policial, a gente poderia ter um particular?

Ela vai para um canto com o policial e tira a carteira da bolsa.

Maitê: Você é um rapaz jovem e com certeza gostaria de tomar um sorvete, afinal, deve estar bastante cansado do serviço. Tome aqui.

Ela tira uma nota de cem e dá ao policial, ele aceita e voltam.

Policial: Moça, eu acredito que deve ter havido um grande mal entendido.

Mulher: Mas ela me chamou de...

Policial: Você deve ter compreendido mal, queira me acompanhar.

Maitê e Flavia saem rindo cinicamente.

8º Cena – Edifício Beira Mar – Apartamento de Vera – Noite

Nina chega em casa animada

Nina: Olá família

Vera: Oi minha querida

Cauã: Oi tia

Nina: Oi minha fofura. Tudo bem com vocês?

Beto: Tudo ótimo amor.

Nina: Gente, eu tenho uma novidade ótima.

Vera: Qual?

Nina: Eu vou ganhar um irmãozinho.

Beto: A Maitê está gravida?

Nina: Não, não é a minha mãe. Na verdade, é uma longa história. Mas estou bem feliz.

Vera: Parabéns sua linda.

Nina: Obrigada. E tem outra noticia.

Beto: Boa?

Nina: Sim! Meu pai vai conseguir uma vaga de emprego pra você no escritório dele.

Beto: Eba!

Vera: Louvado seja Deus.

Eles seguem felizes.

9º Cena – Zona Norte – Galpão Abandonado – Noite

Gustavo chega no galpão, que está escuro e entra com medo.

Gustavo: Olá, tem alguém aí?

Ninguém responde

Gustavo: Alguém está aqui?

Um barulho forte aparece, ele se assusta e vira-se para vários lados.

Gustavo: Jorjão? É você? Eu vou embora hein...

Nesse momento todas as luzes acendem e Gustavo fica no meio do Galpão. De todos os lados aparecem capangas armados.

Gustavo: Galera, que palhaçada é essa?

Jorjão aparece

Jorjão: E aí garoto.

Gustavo: Jorjão, que negocio é esse? Você disse que iriamos conversar.

Jorjão: Eu falei conversar? MUHAHHAHHAHAHAHA. Eu quis dizer passear. PEGUEM ELE!

Os capangas de jorjão começam a se aproximar de Gustavo, ele fica apavorado e sem saída.

Congela em Gustavo apavorado.

(Gancho ao som: Radioactive – Imagine Dragons)