terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Alice - Capítulo 19


Capítulo 19

Cena 1/Restaurante La Fiducia/Mesa de Ana/Tarde
ANA – Espera um pouco, você quer me dizer que o Estevão traiu a Estrela e você tem fotos desse momento?
ALICE – Sim e estão comigo. Quer ver?
Ana faz que sim com a cabeça. Alice pega o celular e mostra as fotos para Ana, que fica surpresa.
ANA – Meu Deus! E como você conseguiu essas fotos?
ALICE – Isso não interessa! O que realmente importa é que eu tenho as provas suficientes para você criar essa matéria e publicá-la na sua revista. Tenho certeza que a sua chefe adoraria isso!
ANA – E a troco de que você está fazendo isso?
ALICE – Vingança! Eu fui muito maltratada enquanto estive trabalhando na mansão dos Grimaldi e quero me vingar.
ANA – E vai se vingar deles destruindo um relacionamento?
ALICE – Claro que sim! Isso abalaria as estruturas de toda a família e a partir dali eles começariam a ruir!
ANA – Alice, Alice, você não joga para perder.
ALICE – Não mesmo! E então, você topa ou não topa?
ANA – Mas é claro que sim! Uma notícia como essa pode me levar à promoção na revista.
ALICE – Então eu vou enviar essas fotos para o seu e-mail. E quero essa publicação o quanto antes, hein?
ANA – Pode deixar!
Alice sorri.
ALICE – Bom, vamos pedir o cardápio? Estou azul de fome!
ANA – Claro!
Ana faz sinal e chama o garçom.
ANA – O cardápio e a carta de vinhos, por favor.

Cena 2/Delegacia/Sala de Visitas/Tarde
PALOMA – O que você veio fazer aqui, sua vaca?
CRISTINA – Não é assim que se trata uma visita, meu bem. Cadê a educação e classe?
PALOMA – Ficaram dentro da cela.
CRISTINA – Típico de uma selvagem como você!
PALOMA – Você veio aqui pra pisar em mim, é isso?
CRISTINA – Sim, mas não só pra isso.
PALOMA – Veio pra que então?
CRISTINA – Pra te contar sobre o meu plano!
PALOMA – Mas pra quê?
CRISTINA – Você já o descobriu e agora precisa saber detalhe por detalhe dele!
Cristina faz sinal para Paloma sentar na cadeira que tem na sua frente. As duas sentam-se e ficam frente a frente.
PALOMA – Começa a despejar, vai cadela!
CRISTINA – Não sabia que você era tão agressiva.
PALOMA – Fala logo, Cristina!
CRISTINA – Bom, vou fazer um resumo básico porque não quero perder o meu tempo, ok? O Marcos está com a Renata por mera ambição, ele tem o objetivo de roubar a empresa dela.
Cena ao som da soundtrack Descubrimiento – La Patrona.
CRISTINA – Ele é amante da Adriana, que durante todo esse tempo se passou por amiga da Renata. Mas o que a Adriana mal sabe é que Marcos e eu somos amantes e estamos bolando outro plano pelas costas dela.
PALOMA – E que plano seria esse?
CRISTINA – Depois que o Marcos voltar da viagem ele vai fazer a Renata assinar uns documentos e então vai se tornar dono da agência de modelos, depois disso ele vai cuspir todo o desprezo que tem pela Renata na cara dela. A Adriana vai achar que está por cima, mas aí eu entro na história e puxo o tapete dela!
PALOMA – E por que vocês vão fazer isso com a Renata?
CRISTINA – Porque ela tem muito dinheiro e essa fortuna atrai a mim e o Marcos.
PALOMA – Já não basta ela sofrer por ter perdido a filha, agora vai sofrer por perder a pessoa que ela ama e o dinheiro também?
CRISTINA – A filha dela é você, Paloma.
Paloma se surpreende.
Paloma – E... e... eu?
CRISTINA – Exatamente! Você! Por isso que Adriana, Marcos e eu armamos todas essas coisas para te tirar do nosso caminho. A idéia da jóia foi minha porque eu sou uma gênia!
PALOMA – Não, não pode ser!
CRISTINA – Mas é! E aceite. Você cresceu em meio a um orfanato e agora que descobriu quem é a sua mãe vai fazer todo esse drama?
PALOMA – E como vocês me tiraram dela?
CRISTINA – Eu não te tirei de ninguém! Quem fez isso foram Marcos e Adriana. Assim que você nasceu a Adriana pagou uma enfermeira para te roubar e abandonar num orfanato.
PALOMA – Mas por que toda essa maldade?
CRISTINA – Porque desde o início a Adriana e o Marcos sempre ambicionaram ter a fortuna da Renata! Mas depois que a Renata estiver na miséria e eu e o Marcos casados, eu mato ele e fico com tudo o que for dele. Uma mulher tão jovem como eu vai ficar viúva cedo. Mas logo, logo encontro um homem mais jovem e gostoso que ele!
PALOMA – Você é uma vagabunda!
CRISTINA – Elogios como esse não vão me fazer te tirar daqui, viu? (risos)
PALOMA – Eu vou acabar com a tua raça!
Paloma passa por cima da mesa e avança em cima de Cristina, a derrubando. Paloma sobe em cima de Cristina e a esbofeteia.
PALOMA – (furiosa) VAGABUNDA! ORDINÁRIA! DESGRAÇADA! EU VOU TE MATAR!
Os policias entram na sala e tiram Paloma de cima de Cristina, que está ferida, com o rosto avermelhado e o canto da boca sangrando.
CRISTINA – MARGINAL! BANDIDA!
Paloma é carregada pelos policias aos berros. Cristina leva a mão à boca.
POLICIAL – Você está bem?
CRISTINA – Nunca estive tão bem na minha vida!

Cena 3/Mansão Albuquerque/Quarto de Adriana/Tarde
Continuação imediata da cena 14 do capítulo anterior.
Adriana vê que a empregada os observa e para de beijar Marcos.
ADRIANA – Olha ela, Marcos!
Marcos para de beijar Adriana, sai do quarto e puxa a empregada pelo braço, jogando-a no chão do quarto de Adriana. Ele fecha a porta.
ADRIANA – O que você tava fazendo ali, sua intrometida?
EMPREGADA – Apenas o meu trabalho!
ADRIANA – Não sabia que o seu trabalho era cuidar da vida alheia!
MARCOS – O que você viu?
EMPREGADA – O que qualquer um veria passando por esse corredor. Vocês dois se agarrando na maior pouca vergonha!
MARCOS – Vagabunda!
Marcos dá uma bofetada na empregada, que chora.
ADRIANA – Chora baixo, criada. Chora baixo porque se a Renata ouvir vai ficar difícil de explicar!
EMPREGADA – Não façam nada comigo, por favor!
ADRIANA – Eu vou da um fim em você, escrava insolente!
EMPREGADA – Por favor, isso não!
MARCOS – Cala a boca! Você viu demais!
EMPREGADA – Eu juro que vou ficar calada!
ADRIANA – Se eu fosse você começaria a rezar dez ave marias e pedir perdão pelos seus pecados porque hoje você canta pra subir!
Renata bate na porta do quarto.
RENATA – Adriana? Adriana você ta aí?
Adriana e Marcos gelam, a empregadinha chora baixinho.
ADRIANA – (sussurando) E agora?
Marcos a encara, sem saber o que fazer.

CORTA PARA:

Cena 4/Mansão Albuqerque/Quarto de Adriana/Tarde
Adriana abre a porta e Renata entra.
RENATA – Espero não estar te incomodando, querida.
ADRIANA – Claro que não!
RENATA – Você viu o Marcos?
ADRIANA – Não, ainda não. Mas por quê?
RENATA – Porque quando acordei, ele não estava no quarto.
ADRIANA – Talvez ele tenha saído para resolver alguma coisa ou comprar algo pra você!
RENATA – Você acha?
ADRIANA – E por que não?
RENATA – É verdade.
ADRIANA – Homens adoram surpreender suas esposas.
RENATA – Eu sei disso.
ADRIANA – Bom, não quero ser grossa, mas tenho que tomar um banho. Como você pode ver ainda estou de camisola!
RENATA – Claro, querida. Não tem problema! Se você ver o Marcos diga que eu o procurei.
Renata sai do quarto.
ADRIANA – Direi sim!
Adriana fecha a porta e vai para o banheiro. Lá ela encontra Marcos e a empregada dentro do box, ele segura a boca dela para não falar.
ADRIANA – Foi por pouco!
MARCOS – E agora? O que a gente vai fazer?
ADRIANA – Apaga ela!
MARCOS – Aqui?
ADRIANA – Eu disse apagar no sentido de desmaiar. Quero tomar meu último banho contigo antes da corna descobrir tudo e não quero platéia!
EMPREGADA – O que vocês vão fazer comigo, hein?
ADRIANA – Serviçal abusada, hein? Dirigindo a palavra aos futuros patrões sem ser solicitada! Bem, futuros patrões não porque você não vai ter mais futuro.
EMPREGADA – Isso significa que você vai me matar?
ADRIANA – Pensei que o seu raciocínio fosse lento o suficiente para não deixá-la associar uma coisa à outra. Agora apaga ela, Marcos. Apaga porque cansei de conversar com uma empregadinha insolente!
Marcos bate a cabeça da empregada na parede, que desmaia. Ele abre o box e a joga no chão. Adriana entra e ele liga o chuveiro. Marcos e Adriana tiram a roupa enquanto se beijam.

Cena 5/Editora Voulez/Sala da editora-chefe/Tarde
Ana bate na porta e entra.
EDITORA – O que você quer, Ana?
ANA – Entregar uma bomba em suas mãos!
EDITORA – E isso significa o quê?
Ana mostra as fotos para a editora.
ANA – Veja com seus próprios olhos!
Ana sorri.

Cena 6/Agência de Viagens/Sala Presidencial/Tarde
Alice entra na sala. Olavo sentado.
ALICE – Boa tarde, meu amor.
Alice tranca a porta, se aproxima de Olavo e o beija.
OLAVO – Boa tarde, Alice.
ALICE – Trabalhando muito?
OLAVO – Bastante. Mas nada que me impeça de tirar um tempinho pra você!
Alice senta-se no colo de Olavo e o beija.
OLAVO – Impressão minha ou você está feliz?
ALICE – Radiante, eu diria!
OLAVO – E posso saber o motivo?
ALICE – Eu estou contigo.
OLAVO – E isso é maravilhoso.
ALICE – Você não imagina o quanto!
Alice morde os lábios de Olavo.
ALICE – Amor, não quero parecer ambiciosa, mas quero te pedir uma coisa.
OLAVO – Peça que eu dou!
ALICE – Eu quero um apartamento!
OLAVO – Mas pra quê?
ALICE – Ora essas, pra morar! Assim você e eu teríamos mais privacidade. Odeio ter que ir para um hotel contigo todas as vezes que queremos fazer você sabe o quê. Me sinto uma mulher da vida!
OLAVO – Eu te entendo... Bom, se é isso que você quer, é isso que terá. É só escolher o apartamento que eu compro!
Alice sorri.
ALICE – É por isso que eu te amo!
Alice e Olavo voltam a se beijar.

Cena 7/Vila do Sossego/Casa de Madalena/Tarde
Madalena está lavando louça.
MADALENA – Alice, Alice... o que você está fazendo da sua vida!
Madalena fica pensativa.

Cena 8/Restaurante La Fiducia/Mesa de Estevão/Tarde
Estevão e Estrela estão sentados à mesa, comendo a sobremesa. Eles acabaram de almoçar.
ESTRELA – Meu amor.
ESTEVÃO – Diga.
ESTRELA – Impressão minha ou você está preocupado com alguma coisa?
ESTEVÃO – Preocupado não, eu diria que pensativo!
ESTRELA – E pensando em quê?
ESTEVÃO – Nada demais, coisa minha.
ESTRELA – Tem certeza que não quer falar comigo sobre isso?
ESTEVÃO – Tenho, absoluta.
ESTRELA – Bom, se você diz...
Estevão coloca sua mão sob a de Estrela.
ESTEVÃO – Não é nada demais, não se preocupe.
Estrela sorri.

Cena 9/Mansão Albuquerque/Jardim/Tarde
Renata está sentada em um banco. Marcos a surpreende e chega por trás dela, tapando seus olhos.
RENATA – Marcos?
MARCOS – Acertou em cheio!
RENATA – Eu reconheço o seu toque!
Marcos senta-se ao lado de Renata e a beija.
RENATA – Por onde você esteve?
MARCOS – Eu estive passeando.
RENATA – É mesmo? E eu posso saber o que o senhor foi fazer?
MARCOS – Claro que pode.
Marcos tira uma caixinha de dentro do bolso e entrega para Renata.
RENATA – O que é isso?
MARCOS – Abra e veja!
Renata abre e vê um colar de pérolas.
RENATA – Que lindo, meu amor!
MARCOS – Fico feliz que você tenha gostado!
RENATA – Eu amei! Preparado pra viagem?
MARCOS – Nunca estive tão preparado na minha vida!
Marcos sorri. Renata ainda deslumbrada com o colar.

Cena 10/Mansão Albuquerque/Quarto de Adriana/Banheiro
A empregada ainda está inconsciente. Adriana, já vestida, a observa.
ADRIANA – Hoje eu finalmente vou poder ter o gostinho de me livrar de uma pessoa. Você vai ser a primeira! E a Renata, a próxima!
Adriana ri.

Cena 11/Galpão abandonado/Externo/Tarde
Um carro luxuoso estaciona em frente ao galpão. Dele desce Rebeca, que caminha para dentro do galpão.

Cena 12/Galpão abandonado/Interno/Tarde
Rebeca entra e encontra um homem.
HOMEM – Boa tarde, dona Rebeca.
REBECA – Dispenso a formalidade. Você sabe muito bem para o que vim!
HOMEM – Cadê a grana?
Rebeca entrega um pacote para o homem.
REBECA – Eu quero um serviço bem executado, me entendeu?
O homem faz que sim com a cabeça. Rebeca vai embora.

ANOITECE

Cena 13/Lugar abandonado/Penhasco/Noite
Um carro entra no lugar, dele sai Adriana, que puxa a empregada pelo braço e a joga no chão.
ADRIANA – Anda logo, catraia!
EMPREGADA – Por favor, dona Adriana, não faz nada comigo!
ADRIANA – Devia ter pensado nisso antes de ver o que não devia!
EMPREGADA – Eu não tenho culpa se vocês foram idiotas o suficiente para deixar aquela porta aberta!
ADRIANA – E ainda me chama de idiota?
EMPREGADA – Não, não é isso que eu quis dizer!
ADRIANA – Mas disse! Começa a rezar porque você vai pro inferno!
Adriana aponta a arma para a empregada...
EMPREGADA – Não, por favor!
... e atira.
ADRIANA – Bye, bye, baby, bye, bye!
Adriana empurra o corpo da empregada, que rola pelo lugar e cai do penhasco.

Cena 14/Boutique de Bárbara/Porta/Noite
Um homem arromba a porta da boutique e entra. Ele espalha gasolina pelo local e depois risca um fósforo. O fogo se alastra rapidamente e ele foge. Rebeca, de longe, observa tudo, dentro de seu carro. Ela sorri.

Cena 15/Hotel Miramar/Suíte presidencial/Noite
Alice e Olavo acabaram de transar. Ela está com a cabeça deitada sob o peito dele.
OLAVO – Sabe que a melhor coisa que eu poderia ter feito foi te contratar como minha secretária?
ALICE – Jura mesmo?
OLAVO – Juro por tudo que há de mais sagrado!
ALICE – Eu também concordo contigo. Foi uma ótima idéia ter me contratado mesmo! E o melhor de tudo é que eu jamais vou sair desse cargo, ninguém vai aparecer pra competir comigo.
OLAVO – E por que tudo isso? Você teria medo se a Joana voltasse?
ALICE – Ela não volta nunca mais, Olavo. Os mortos não podem ressuscitar!
OLAVO – O QUÊ?
Olavo, assustado, senta-se na cama. Alice faz o mesmo.
OLAVO – Você disse que a Joana está morta?
Alice engole à seco e fica sem saber o que falar, Olavo a encara.


FIM DE CAPÍTULO
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