Capítulo 19
Cena 1/Restaurante La Fiducia/Mesa
de Ana/Tarde
ANA – Espera um pouco, você quer me
dizer que o Estevão traiu a Estrela e você tem fotos desse momento?
ALICE – Sim e estão comigo. Quer
ver?
Ana faz que sim com a cabeça. Alice
pega o celular e mostra as fotos para Ana, que fica surpresa.
ANA – Meu Deus! E como você
conseguiu essas fotos?
ALICE – Isso não interessa! O que
realmente importa é que eu tenho as provas suficientes para você
criar essa matéria e publicá-la na sua revista. Tenho certeza que a
sua chefe adoraria isso!
ANA – E a troco de que você está
fazendo isso?
ALICE – Vingança! Eu fui muito
maltratada enquanto estive trabalhando na mansão dos Grimaldi e
quero me vingar.
ANA – E vai se vingar deles
destruindo um relacionamento?
ALICE – Claro que sim! Isso abalaria
as estruturas de toda a família e a partir dali eles começariam a
ruir!
ANA – Alice, Alice, você não joga
para perder.
ALICE – Não mesmo! E então, você
topa ou não topa?
ANA – Mas é claro que sim! Uma
notícia como essa pode me levar à promoção na revista.
ALICE – Então eu vou enviar essas
fotos para o seu e-mail. E quero essa publicação o quanto antes,
hein?
ANA – Pode deixar!
Alice sorri.
ALICE – Bom, vamos pedir o cardápio?
Estou azul de fome!
ANA – Claro!
Ana faz sinal e chama o garçom.
ANA – O cardápio e a carta de
vinhos, por favor.
Cena 2/Delegacia/Sala de
Visitas/Tarde
PALOMA – O que você veio fazer aqui,
sua vaca?
CRISTINA – Não é assim que se trata
uma visita, meu bem. Cadê a educação e classe?
PALOMA – Ficaram dentro da cela.
CRISTINA – Típico de uma selvagem
como você!
PALOMA – Você veio aqui pra pisar em
mim, é isso?
CRISTINA – Sim, mas não só pra
isso.
PALOMA – Veio pra que então?
CRISTINA – Pra te contar sobre o meu
plano!
PALOMA – Mas pra quê?
CRISTINA – Você já o descobriu e
agora precisa saber detalhe por detalhe dele!
Cristina faz sinal para Paloma sentar
na cadeira que tem na sua frente. As duas sentam-se e ficam frente a
frente.
PALOMA – Começa a despejar, vai
cadela!
CRISTINA – Não sabia que você era
tão agressiva.
PALOMA – Fala logo, Cristina!
CRISTINA – Bom, vou fazer um resumo
básico porque não quero perder o meu tempo, ok? O Marcos está com
a Renata por mera ambição, ele tem o objetivo de roubar a empresa
dela.
Cena ao som da soundtrack
Descubrimiento – La Patrona.
CRISTINA – Ele é amante da Adriana,
que durante todo esse tempo se passou por amiga da Renata. Mas o que
a Adriana mal sabe é que Marcos e eu somos amantes e estamos bolando
outro plano pelas costas dela.
PALOMA – E que plano seria esse?
CRISTINA – Depois que o Marcos voltar
da viagem ele vai fazer a Renata assinar uns documentos e então vai
se tornar dono da agência de modelos, depois disso ele vai cuspir
todo o desprezo que tem pela Renata na cara dela. A Adriana vai achar
que está por cima, mas aí eu entro na história e puxo o tapete
dela!
PALOMA – E por que vocês vão fazer
isso com a Renata?
CRISTINA – Porque ela tem muito
dinheiro e essa fortuna atrai a mim e o Marcos.
PALOMA – Já não basta ela sofrer
por ter perdido a filha, agora vai sofrer por perder a pessoa que ela
ama e o dinheiro também?
CRISTINA – A filha dela é você,
Paloma.
Paloma se surpreende.
Paloma – E... e... eu?
CRISTINA – Exatamente! Você! Por
isso que Adriana, Marcos e eu armamos todas essas coisas para te
tirar do nosso caminho. A idéia da jóia foi minha porque eu sou uma
gênia!
PALOMA – Não, não pode ser!
CRISTINA – Mas é! E aceite. Você
cresceu em meio a um orfanato e agora que descobriu quem é a sua mãe
vai fazer todo esse drama?
PALOMA – E como vocês me tiraram
dela?
CRISTINA – Eu não te tirei de
ninguém! Quem fez isso foram Marcos e Adriana. Assim que você
nasceu a Adriana pagou uma enfermeira para te roubar e abandonar num
orfanato.
PALOMA – Mas por que toda essa
maldade?
CRISTINA – Porque desde o início a
Adriana e o Marcos sempre ambicionaram ter a fortuna da Renata! Mas
depois que a Renata estiver na miséria e eu e o Marcos casados, eu
mato ele e fico com tudo o que for dele. Uma mulher tão jovem como
eu vai ficar viúva cedo. Mas logo, logo encontro um homem mais jovem
e gostoso que ele!
PALOMA – Você é uma vagabunda!
CRISTINA – Elogios como esse não vão
me fazer te tirar daqui, viu? (risos)
PALOMA – Eu vou acabar com a tua
raça!
Paloma passa por cima da mesa e avança
em cima de Cristina, a derrubando. Paloma sobe em cima de Cristina e
a esbofeteia.
PALOMA – (furiosa) VAGABUNDA!
ORDINÁRIA! DESGRAÇADA! EU VOU TE MATAR!
Os policias entram na sala e tiram
Paloma de cima de Cristina, que está ferida, com o rosto avermelhado
e o canto da boca sangrando.
CRISTINA – MARGINAL! BANDIDA!
Paloma é carregada pelos policias aos
berros. Cristina leva a mão à boca.
POLICIAL – Você está bem?
CRISTINA – Nunca estive tão bem na
minha vida!
Cena 3/Mansão Albuquerque/Quarto de
Adriana/Tarde
Continuação imediata da cena 14 do
capítulo anterior.
Adriana vê que a empregada os observa
e para de beijar Marcos.
ADRIANA – Olha ela, Marcos!
Marcos para de beijar Adriana, sai do
quarto e puxa a empregada pelo braço, jogando-a no chão do quarto
de Adriana. Ele fecha a porta.
ADRIANA – O que você tava fazendo
ali, sua intrometida?
EMPREGADA – Apenas o meu trabalho!
ADRIANA – Não sabia que o seu
trabalho era cuidar da vida alheia!
MARCOS – O que você viu?
EMPREGADA – O que qualquer um veria
passando por esse corredor. Vocês dois se agarrando na maior pouca
vergonha!
MARCOS – Vagabunda!
Marcos dá uma bofetada na empregada,
que chora.
ADRIANA – Chora baixo, criada. Chora
baixo porque se a Renata ouvir vai ficar difícil de explicar!
EMPREGADA – Não façam nada comigo,
por favor!
ADRIANA – Eu vou da um fim em você,
escrava insolente!
EMPREGADA – Por favor, isso não!
MARCOS – Cala a boca! Você viu
demais!
EMPREGADA – Eu juro que vou ficar
calada!
ADRIANA – Se eu fosse você começaria
a rezar dez ave marias e pedir perdão pelos seus pecados porque hoje
você canta pra subir!
Renata bate na porta do quarto.
RENATA – Adriana? Adriana você ta
aí?
Adriana e Marcos gelam, a empregadinha
chora baixinho.
ADRIANA – (sussurando) E agora?
Marcos a encara, sem saber o que fazer.
CORTA PARA:
Cena 4/Mansão Albuqerque/Quarto de
Adriana/Tarde
Adriana abre a porta e Renata entra.
RENATA – Espero não estar te
incomodando, querida.
ADRIANA – Claro que não!
RENATA – Você viu o Marcos?
ADRIANA – Não, ainda não. Mas por
quê?
RENATA – Porque quando acordei, ele
não estava no quarto.
ADRIANA – Talvez ele tenha saído
para resolver alguma coisa ou comprar algo pra você!
RENATA – Você acha?
ADRIANA – E por que não?
RENATA – É verdade.
ADRIANA – Homens adoram surpreender
suas esposas.
RENATA – Eu sei disso.
ADRIANA – Bom, não quero ser grossa,
mas tenho que tomar um banho. Como você pode ver ainda estou de
camisola!
RENATA – Claro, querida. Não tem
problema! Se você ver o Marcos diga que eu o procurei.
Renata sai do quarto.
ADRIANA – Direi sim!
Adriana fecha a porta e vai para o
banheiro. Lá ela encontra Marcos e a empregada dentro do box, ele
segura a boca dela para não falar.
ADRIANA – Foi por pouco!
MARCOS – E agora? O que a gente vai
fazer?
ADRIANA – Apaga ela!
MARCOS – Aqui?
ADRIANA – Eu disse apagar no sentido
de desmaiar. Quero tomar meu último banho contigo antes da corna
descobrir tudo e não quero platéia!
EMPREGADA – O que vocês vão fazer
comigo, hein?
ADRIANA – Serviçal abusada, hein?
Dirigindo a palavra aos futuros patrões sem ser solicitada! Bem,
futuros patrões não porque você não vai ter mais futuro.
EMPREGADA – Isso significa que você
vai me matar?
ADRIANA – Pensei que o seu raciocínio
fosse lento o suficiente para não deixá-la associar uma coisa à
outra. Agora apaga ela, Marcos. Apaga porque cansei de conversar com
uma empregadinha insolente!
Marcos bate a cabeça da empregada na
parede, que desmaia. Ele abre o box e a joga no chão. Adriana entra
e ele liga o chuveiro. Marcos e Adriana tiram a roupa enquanto se
beijam.
Cena 5/Editora Voulez/Sala da
editora-chefe/Tarde
Ana bate na porta e entra.
EDITORA – O que você quer, Ana?
ANA – Entregar uma bomba em suas
mãos!
EDITORA – E isso significa o quê?
Ana mostra as fotos para a editora.
ANA – Veja com seus próprios olhos!
Ana sorri.
Cena 6/Agência de Viagens/Sala
Presidencial/Tarde
Alice entra na sala. Olavo sentado.
ALICE – Boa tarde, meu amor.
Alice tranca a porta, se aproxima de
Olavo e o beija.
OLAVO – Boa tarde, Alice.
ALICE – Trabalhando muito?
OLAVO – Bastante. Mas nada que me
impeça de tirar um tempinho pra você!
Alice senta-se no colo de Olavo e o
beija.
OLAVO – Impressão minha ou você
está feliz?
ALICE – Radiante, eu diria!
OLAVO – E posso saber o motivo?
ALICE – Eu estou contigo.
OLAVO – E isso é maravilhoso.
ALICE – Você não imagina o quanto!
Alice morde os lábios de Olavo.
ALICE – Amor, não quero parecer
ambiciosa, mas quero te pedir uma coisa.
OLAVO – Peça que eu dou!
ALICE – Eu quero um apartamento!
OLAVO – Mas pra quê?
ALICE – Ora essas, pra morar! Assim
você e eu teríamos mais privacidade. Odeio ter que ir para um hotel
contigo todas as vezes que queremos fazer você sabe o quê. Me sinto
uma mulher da vida!
OLAVO – Eu te entendo... Bom, se é
isso que você quer, é isso que terá. É só escolher o apartamento
que eu compro!
Alice sorri.
ALICE – É por isso que eu te amo!
Alice e Olavo voltam a se beijar.
Cena 7/Vila do Sossego/Casa de
Madalena/Tarde
Madalena está lavando louça.
MADALENA – Alice, Alice... o que você
está fazendo da sua vida!
Madalena fica pensativa.
Cena 8/Restaurante La Fiducia/Mesa
de Estevão/Tarde
Estevão e Estrela estão sentados à
mesa, comendo a sobremesa. Eles acabaram de almoçar.
ESTRELA – Meu amor.
ESTEVÃO – Diga.
ESTRELA – Impressão minha ou você
está preocupado com alguma coisa?
ESTEVÃO – Preocupado não, eu diria
que pensativo!
ESTRELA – E pensando em quê?
ESTEVÃO – Nada demais, coisa minha.
ESTRELA – Tem certeza que não quer
falar comigo sobre isso?
ESTEVÃO – Tenho, absoluta.
ESTRELA – Bom, se você diz...
Estevão coloca sua mão sob a de
Estrela.
ESTEVÃO – Não é nada demais, não
se preocupe.
Estrela sorri.
Cena 9/Mansão
Albuquerque/Jardim/Tarde
Renata está sentada em um banco.
Marcos a surpreende e chega por trás dela, tapando seus olhos.
RENATA – Marcos?
MARCOS – Acertou em cheio!
RENATA – Eu reconheço o seu toque!
Marcos senta-se ao lado de Renata e a
beija.
RENATA – Por onde você esteve?
MARCOS – Eu estive passeando.
RENATA – É mesmo? E eu posso saber o
que o senhor foi fazer?
MARCOS – Claro que pode.
Marcos tira uma caixinha de dentro do
bolso e entrega para Renata.
RENATA – O que é isso?
MARCOS – Abra e veja!
Renata abre e vê um colar de pérolas.
RENATA – Que lindo, meu amor!
MARCOS – Fico feliz que você tenha
gostado!
RENATA – Eu amei! Preparado pra
viagem?
MARCOS – Nunca estive tão preparado
na minha vida!
Marcos sorri. Renata ainda deslumbrada
com o colar.
Cena 10/Mansão Albuquerque/Quarto
de Adriana/Banheiro
A empregada ainda está inconsciente.
Adriana, já vestida, a observa.
ADRIANA – Hoje eu finalmente vou
poder ter o gostinho de me livrar de uma pessoa. Você vai ser a
primeira! E a Renata, a próxima!
Adriana ri.
Cena 11/Galpão
abandonado/Externo/Tarde
Um carro luxuoso estaciona em frente ao
galpão. Dele desce Rebeca, que caminha para dentro do galpão.
Cena 12/Galpão
abandonado/Interno/Tarde
Rebeca entra e encontra um homem.
HOMEM – Boa tarde, dona Rebeca.
REBECA – Dispenso a formalidade. Você
sabe muito bem para o que vim!
HOMEM – Cadê a grana?
Rebeca entrega um pacote para o homem.
REBECA – Eu quero um serviço bem
executado, me entendeu?
O homem faz que sim com a cabeça.
Rebeca vai embora.
ANOITECE
Cena 13/Lugar
abandonado/Penhasco/Noite
Um carro entra no lugar, dele sai
Adriana, que puxa a empregada pelo braço e a joga no chão.
ADRIANA – Anda logo, catraia!
EMPREGADA – Por favor, dona Adriana,
não faz nada comigo!
ADRIANA – Devia ter pensado nisso
antes de ver o que não devia!
EMPREGADA – Eu não tenho culpa se
vocês foram idiotas o suficiente para deixar aquela porta aberta!
ADRIANA – E ainda me chama de idiota?
EMPREGADA – Não, não é isso que eu
quis dizer!
ADRIANA – Mas disse! Começa a rezar
porque você vai pro inferno!
Adriana aponta a arma para a
empregada...
EMPREGADA – Não, por favor!
... e atira.
ADRIANA – Bye,
bye, baby, bye, bye!
Adriana empurra o corpo da empregada,
que rola pelo lugar e cai do penhasco.
Cena 14/Boutique de
Bárbara/Porta/Noite
Um homem arromba a porta da boutique e
entra. Ele espalha gasolina pelo local e depois risca um fósforo. O
fogo se alastra rapidamente e ele foge. Rebeca, de longe, observa
tudo, dentro de seu carro. Ela sorri.
Cena 15/Hotel Miramar/Suíte
presidencial/Noite
Alice e Olavo acabaram de transar. Ela
está com a cabeça deitada sob o peito dele.
OLAVO – Sabe que a melhor coisa que
eu poderia ter feito foi te contratar como minha secretária?
ALICE – Jura mesmo?
OLAVO – Juro por tudo que há de mais
sagrado!
ALICE – Eu também concordo contigo.
Foi uma ótima idéia ter me contratado mesmo! E o melhor de tudo é
que eu jamais vou sair desse cargo, ninguém vai aparecer pra
competir comigo.
OLAVO – E por que tudo isso? Você
teria medo se a Joana voltasse?
ALICE – Ela não volta nunca mais,
Olavo. Os mortos não podem ressuscitar!
OLAVO – O QUÊ?
Olavo, assustado, senta-se na cama.
Alice faz o mesmo.
OLAVO – Você disse que a Joana está
morta?
Alice engole à seco e fica sem saber o
que falar, Olavo a encara.
FIM DE CAPÍTULO
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