Capítulo 46
ÚLTIMA SEMANA
Cena 1/Alemanha/Catedral de
Colônia/Tarde
Olavo e Alice sobem as escadas da
Catedral. Prestes a entrar nela, o celular de Alice toca. Ela atende.
ALICE – Alô?
ESTRELA – (cel) Alice?
ALICE – Quem tá falando?
ESTRELA – (cel) Sou eu, querida. A
Estrela!
ALICE – Estrela? O que você quer?
OLAVO – A Estrela?
ESTRELA – (cel) Quero que você dê
um recado para o meu pai.
ALICE – E eu lá sou pombo correio,
garota?
ESTRELA – (cel) É coisa simples!
ALICE – Então fala logo!
ESTRELA – (cel) Diga para ele
apressar a volta ao Brasil.
ALICE – E pra quê?
ESTRELA – (cel) Pro meu casamento!
ALICE – COMO É QUE É?
ESTRELA – (cel) Isso mesmo, querida.
O Estevão e eu vamos nos casar!
Foco na expressão furiosa de Alice,
que fica calada por alguns minutos.
ESTRELA – (cel) Alô? Alice?
Alice desliga o telefone.
OLAVO – O que a Estrela queria?
ALICE – Me provocar.
OLAVO – Te provocar? Como assim?
ALICE – Digo, me dizer uma coisa.
OLAVO – Coisa? Que coisa? Me fala!
ALICE – Ela e o Estevão vão se
casar!
OLAVO – Que notícia maravilhosa!
ALICE – Você não imagina o quanto.
OLAVO – E ela disse a data?
ALICE – Não. Apenas disse que em
alguns meses isso vai acontecer.
OLAVO – Você não parece estar muito
feliz com o casamento dela.
ALICE – Quem tem que estar feliz é a
noiva. E agora vamos embora porque eu perdi a vontade de passear!
Estou me sentido mal.
OLAVO – Tá sentindo o que, meu amor?
ALICE – Ânsia de vomito!
Alice desce as escadas da catedral e
Olavo vai logo atrás.
Cena 2/Mansão Albuquerque/Sala de
Estar/Manhã
Renata encara Cristina. Ambas de pé.
RENATA – Então essa é a sua
proposta?
CRISTINA – Sim. Vai topar ou não?
RENATA – Por que você está fazendo
isso?
CRISTINA – Isso o quê? Te ajudando a
tirar sua filha da cadeia?
RENATA – Não. Querendo tudo o que é
meu!
CRISTINA – Diversão. É por isso que
estou fazendo essas coisas! Por diversão. E por caridade também.
RENATA – Caridade?
CRISTINA – Sim, querida. Pense
comigo, se você aceitar essa proposta, a sua filha sai da cadeia!
RENATA – E ela e eu ficamos sem teto.
CRISTINA – Mais cedo ou mais tarde
vocês ficariam sem essa casa. Você está na merda, Renata! Na
merda! Sem um tostão furado no bolso. Eu estou sendo bondosa o
suficiente para te oferecer ajuda. Agora basta você engolir seu
orgulho idiota e aceitar a minha proposta. Me vende essa casa e eu
tiro sua filha da cadeia! Ela vai ficar livre e com a ficha limpa.
RENATA – E como eu posso acreditar
que isso é verdade?
CRISTINA – Você só vai saber se
arriscar.
Renata encara Cristina.
RENATA – Eu aceito!
Cristina sorri.
CRISTINA – Garota esperta!
RENATA – Mas você vai mesmo tirar
minha filha da prisão?
CRISTINA – Palavra de escoteira! Eu
vou tirar a sua queridinha da cadeia, mas essa casa vem pra mim!
RENATA – Negócio fechado.
Cristina estende a mão para Renata,
que não a cumprimenta.
CRISTINA – Você não vai se
arrepender!
Cristina sorri.
Cena 3/Delegacia/Cela/Manhã
Paloma sentada no chão, com as pernas
encolhidas e os braços em volta dela.
PALOMA – Eu tenho que sair daqui! Não
posso padecer nesse inferno.
Cena 4/Mansão Albuquerque/Sala de
Estar/Manhã
CRISTINA – Quando essa casa for minha
vou mandar reformar tudinho! Não quero uma lembraça sua aqui
dentro.
RENATA – Por que você é tão má,
hein?
CRISTINA – Por puro prazer. Sou
sádica! Me divirto vendo a dor alheia.
RENATA – Até a dor do seu próprio
marido?
CRISTINA – O que você quer dizer com
isso?
RENATA – Desde o Marcos sofreu esse
acidente você não demonstra um por cento de preocupação. Por que,
hein?
CRISTINA – Porque eu não o amo!
RENATA – Então por que diabos se
casou com o Marcos? Por que destruiu o meu relacionamento com ele?
CRISTINA – Uma pergunta de cada vez,
querida. A resposta pra sua primeira pergunta é: me casei com
Marcos por ambição. Eu sabia que ele conseguiria dar o golpe em
você e que sairia rico dessa, então apenas joguei do lado certo. E
a segunda resposta é simples também. Eu não destrui o seu
relacionamento com o Marcos porque vocês nunca tiveram um
relacionamento! Ele jamais te amou. Tanto que te deu um golpe
milionário e te deixou nessa situação.
RENATA – O que eu fiz pra merecer
isso?
CRISTINA – Foi otário! Acreditou que
o amor existe. Pensou que o Marcos era o seu príncipe encantado e
que vocês viveriam felizes para sempre. Mas a vida não é um conto
de fadas, Renata. Ela é cruel! E é por isso que eu sou assim, má!
A vida me ensinou a ser cruel. Eu fui uma boa aluna e aprendi cada
lição.
Renata e Cristina se encaram até que o
silêncio é quebrado pelo toque do celular de Cristina.
CRISTINA – Alô?
..
CRISTINA – O Marcos o quê?
...
CRISTINA – Tudo bem, eu estou indo
para aí.
Cristina desliga o celular.
RENATA – Quem era? O que aconteceu
com o Marcos?
CRISTINA – O estado dele se agravou e
o médico acredita que essas sejam as últimas horas de vida do meu
querido marido. Se você quiser vir comigo, está convidada! O meu
carro está lá fora.
Renata e Cristina se encaram.
CORTA PARA:
Cena 5/Hospital São Lucas/UTI/Manhã
Adriana, Cristina, Renata e o médico
estão do lado de fora da UTI.
RENATA – E então, qual o estado
dele?
MÉDICO – Evoliu de estável para
gravíssimo.
ADRIANA – Meu Deus!
RENATA – E não há chances dele
sobreviver?
MÉDICO – Infelizmente, não.
Algumas lágrimas escorrem dos olhos de
Renata.
CRISTINA – Que fato lamentável!
RENATA – Como você é dissimulada,
garota! Agora mesmo me disse que não ama o Marcos. Quer enganar a
quem com esse teatrinho barato? Essa atuação micha?
CRISTINA – Posso não demonstrar
fisicamente, mas a dor que sinto em minha alma é enorme! O medo de
perder o meu marido é maior que tudo. Doutor, salve a vida do
Marcos, por favor!
MÉDICO – Faremos o possível.
RENATA – E eu posso vê-lo?
MÉDICO – Eu ia dizer isso agora
mesmo para a senhora. O Marcos susurrou algumas palavras e uma delas
mencionava o seu nome. Acredito que ele queira vê-la.
ADRIANA – Diz pro Marcos que eu sinto
muito por tudo isso.
Renata encara Adriana.
Cena 6/Hospital São
Lucas/UTI/Quarto de Marcos/Tarde
Renata abre a porta lentamente e entra
no quarto. Marcos não está mais entubado. Ela se aproxima da cama e
segura em sua mão.
MARCOS – Renata...
Marcos, quase sem forças para falar,
sussurra algumas palavras.
RENATA – Não diz nada! Apenas me
escuta.
Marcos tenta olhar para Renata.
RENATA – Eu sei que você foi um
canalha comigo. Me traiu, me enganou, disse que me amava, mas na
verdade estava tramando pelas minhas costas! Foi amante da minha
melhor amiga e da garota que se dizia minha filha. Me deu um golpe e
me deixou na miséria, na pior! Eu tenho todos os motivos do mundo
para te odiar, Marcos... mas não consigo! Eu te amei e ainda te amo
com todo o meu coração. Com você eu passei momentos de pura
alegria, sem saber que tudo na verdade era uma mentira. E acredito
que lá no fundo você tenha me amado de verdade! Lamento que tenha
se deixado levar pelo amor ao dinheiro. Mesmo com tudo o que você
fez, eu não te desejo o pior. Espero que consiga sair dessa, ileso.
Eu gosto muito de você Marcos, de verdade. E odeio te ver nessa
situação. Eu te amo!
Renata chora.
MARCOS – Me perdoa... Por favor!
RENATA – Eu te perdoo sim, meu amor.
MARCOS – Por tudo! Eu fui um canalha
com você.
RENATA – Não se esforce!
MARCOS – Eu tenho que falar porque
sei que essas serão minhas últimas palavras. Eu deveria ter te dado
o devido valor, deveria ter te tratado com mais amor, sinceridade e
tudo o que você merecia! Eu estou arrependido de tudo o que fiz e
por isso... Por isso fiz algo que acredito que vai te ajudar a se
reerguer.
RENATA – O quê? O que você fez?
MARCOS – Você vai descobrir já, já.
Marcos faz sinal com a mão para que
Renata se aproxime dele. Renata abaixa-se e coloca seu ouvido perto
da boca de Marcos.
MARCOS – Eu... te... amo! Meu amor.
Marcos, com muito esforço, dá um leve
beijo na bochecha de Renata, que chora.
Os aparelhos apitam, anunciando a morte
de Marcos. Os paramédicos, imediatamente, entram no quarto com o
desfibrilador, tentando reanimar Marcos, sem sucesso. Adriana corre
para dentro do quarto e, chorando, abraça Renata, desolada. Cristina
observa tudo e ri.
Cena 7/Mansão
Grimaldi/Escritório/Tarde
Franco sentado na cadeira, analisando
uns papéis. Victoria também sentada, mas na mesa, com as pernas
cruzadas.
VICTORIA – Muito trabalho, meu amor?
FRANCO – Nada demais.
VICTORIA – E o que são esses papéis?
FRANCO – Estou apenas analisando.
VICTORIA – E é sobre o quê?
FRANCO – O testamento do Marcos
Fraga.
VICTORIA – Pobre homem, está numa
situação difícil.
FRANCO – Também lamento por ele.
Acredito que dessa ele não sai!
VICTORIA – E por que você acha isso?
FRANCO – O último boletim médico
que recebi me disse que o estado do Marcos havia piorado.
VICTORIA – E você acha que ele tem
chances de se salvar?
FRANCO – Não. Infelizmente, não.
VICTORIA – E o que diz esse
testamento? Se não for muito mal educado me dizer, claro!
FRANCO – De forma alguma, meu amor.
Acho que o Marcos se deu conta do erro que cometeu e decidiu devolver
para a Renata tudo o que pertencia a ela.
VICTORIA – O que você quer dizer com
isso?
FRANCO – Depois da morte dele, a
Renata vai herdar tudo o que era dela.
Victoria fica pasma.
Cena 8/Vila do Sossego/Casa de
Madalena/Sala/Tarde
Carmen, Patrícia e Madalena sentadas
no sofá.
CARMEN – E então, Mad, como está a
sua filha?
MADALENA – Viajando em lua de mel.
PATRÍCIA – E ela disse quando volta?
MADALENA – Não. Mas que mal lhe
pergunte, por que tanta curiosidade?
PATRÍCIA – Por nada!
CARMEN – Até parece que você não
conhece essa aí. Adora uma fofoca!
PATRÍCIA – Eu compartilho os fatos
de uma maneira diferente.
CARMEN – Resumindo: fofoca.
MADALENA – Ai, meninas, vocês não
cansam, né? (risos)
PATRÍCIA – Essa aí que vive
implicando comigo!
CARMEN – Apenas digo a verdade,
querida.
Madalena ri.
MADALENA – Só vocês duas mesmo!
Cena 9/Alemanha/Rua/Tarde
O táxi com Alice e Olavo está parado
na rua. Chove um pouco. Alice olha pela janela do veículo.
ALICE – (em pensamento) Eu não vou
deixar esse maldito casamento acontecer. Não vou mesmo! A felicidade
daqueles dois não vai vir nunca. Não no que depender de mim! Eu
posso estar casada com o Olavo, mas o Estevão pertence a mim! Ele é
só meu e de mais ninguém! Não vou deixar aquela vagabunda se casar
com o meu homem. Eu vou impedir esse casamento nem que tenha que
matar um dos dois... Nem que tenha que matar!
SEMANAS DEPOIS
Cena 10/Delegacia/Saída/Noite
Cristina, Renata, Paloma, Adriana e o
advogado na porta da delegacia.
CRISTINA – A minha boa ação foi
feita e minha vaga já está garantida no céu. Boa sorte na nova
vida que vocês vão levar daqui em diante!
Cristina ri e, junto com o advogado,
vai embora.
PALOMA – Enfim livre!
RENATA – E sem casa.
PALOMA – Lamento que você tenha se
sacrificado por mim de tamanha maneira.
RENATA – Eu não estou reclamando,
querida! Tudo o que fiz por você é válido.
Renata acaricia o rosto de Paloma.
ADRIANA – A gente vai dar a volta por
cima!
PALOMA – Juntas somos mais fortes!
RENATA – E acredito que nossa vida
vai mudar pra melhor em breve.
PALOMA – E por que você pensa isso?
RENATA – Antes de morrer o Marcos me
disse que fez algo que vai ajudar a me reerguer.
PALOMA – E você sabe o que pode ser
isso?
RENATA – Não faço a mínima idéia.
ADRIANA – Vamos logo porque porta de
delegacia não é o lugar mais propenso para colocar o papo em dia!
RENATA – Vamos sim.
Renata abraça Paloma e depois coloca a
mão em seu ombro. As três descem as escadas.
TRÊS
MESES DEPOIS
Cena 11/Rio de
Janeiro/Aeroporto/Interno/Noite
Alice e Olavo, empurrando algumas malas
em um carrinho, desembarcam no aeroporto. Eles caminham, felizes.
Cena 12/Rio de
Janeiro/Aeroporto/Saída/Noite
Olavo e Alice saem do aeroporto e fazem
sinal para um táxi, que para. O taxista sai do carro e, com a ajuda
de Olavo, coloca as malas no porta-malas. Alice os observa.
ALICE – Agora sim o jogo vai começar
de verdade! Um jogo com muito sangue... Nada melhor do que uma morte
para marcar minha volta ao Brasil!
Alice sorri.
Cena 13/Mansão Montenegro/Sala de
Estar/Noite
César e Odete sentados no sofá.
Bianca em sua poltrona.
BIANCA – E como foi a viagem de
volta?
CÉSAR – Exaustiva!
ODETE – Mas a viagem em si foi tão
maravilhosa.
BIANCA – Nada melhor do que uma lua
de mel, né? Fico feliz que vocês tenham, enfim, conseguido um pouco
de paz!
Bianca sorri.
CÉSAR – E você, filha, não
pretende conhecer ninguém novo?
BIANCA – Se o senhor está dizendo em
namorar, não! Antes só do que mal acompanhada.
Cena 14/Mansão
Grimaldi/Escritório/Noite
Estrela abre a porta do escritório e
vê Olavo sentado na cadeira.
ESTRELA – Pai? Me disseram que eu
tinha visita mas não sabia que era você!
OLAVO – Eu decidi voltar uma semana
antes do combinado.
ESTRELA – Você ou a Alice?
OLAVO – Nós dois!
ESTRELA – Por que você não abandona
essa mulherzinha, hein?
OLAVO – Porque eu a amo!
ESTRELA – Mas pai...
OLAVO – Eu não vim aqui pra discutir
com você sobre isso.
ESTRELA – Eu que fui muito agressiva.
Perdão!
OLAVO – Eu vim aqui te pedir perdão!
ESTRELA – Perdão? Mas por quê?
OLAVO – Por ter sido um idiota!
ESTRELA – Que isso, pai?
OLAVO – É verdade, Estrela. Quando
eu descobri que você estava viva, quer dizer, quando você apareceu
no meu casamento, eu deveria ter te tratado melhor. Mas não! Eu fui
um bronco e te expulsei de lá.
ESTRELA – Eu já me esqueci de tudo
isso!
OLAVO – Jura?
ESTRELA – Sim! Você é meu pai e eu
te perdôo por aquela atitude. E sei que errei também! Perdi a
cabeça e não deveria ter feito o que eu fiz.
OLAVO – Então você me perdoa?
ESTRELA – Nós nunca estivemos mal!
Olavo e Estrela, emocionados, se
abraçam.
ESTRELA – E agora? O que o senhor vai
fazer?
OLAVO – Preciso conversar com a sua
mãe!
Cena 15/Mansão Garcia/Quarto de
Alice/Noite
Alice e Fábio estão transando.
ALICE – Nada melhor que voltar ao
Brasil e matar a saudade... na cama do corno!
Alice ri e volta a beijar Fábio.
Cena 16/Mansão
Grimaldi/Escritório/Noite
Victoria e Olavo sentados frente a
frente. Ela atrás da mesa e ele em uma cadeira, na frente.
VICTORIA – Então você quer
conversar comigo?
OLAVO – Sim.
VICTORIA – Sobre o quê? Sobre como a
sua lua de mel foi maravilhosa?
OLAVO – Não.
VICTORIA – E sobre o que então?
OLAVO – Eu quero te pedir perdão!
VICTORIA – Perdão?
OLAVO – Sim. Perdão por ter te
traído! Perdão por ter te enganado e sido um cafajeste contigo. Eu
deveria ter colocado tudo em pratos limpos e não te traído, como
fiz.
VICTORIA – Olha Olavo...
OLAVO – Você me perdoa?
VICTORIA – A traição é o tipo de
erro que o ser humano escolhe cometer. Você me traiu porque quis! Eu
nunca te dei motivos para isso. Nunca! Sempre fui leal e fiel a você.
Recebi amor durante anos dos nossos casamentos, mas nos últimos
meses você só soube me enganar. Me traiu com a mulher que se dizia
minha melhor amiga e melhor amiga de minha filha. Eu te amei com todo
o meu coração e também te odiei, mas a única coisa que eu sinto
por você agora é pena! Pena porque está envolvido em um casamento
sem amor. Você pode amar a Alice, mas ela não te ama! Aquela lá só
se importa com o dinheiro. E eu lamento que você tenha se deixado
cegar por ela. Mas ao mesmo tempo te agradeço porque encontrei um
homem maravilhoso. O Franco me ama tanto quanto eu o amo! Nós somos
almas gêmeas e, enfim, depois de muito choro e tristeza, reencontrei
a felicidade. Obrigada por me trair, Olavo! Eu sou uma nova mulher
agora, uma mulher melhor!
OLAVO – Bom... Isso significa que
você me perdoa?
VICTORIA – Sim. Eu te perdôo! E
espero que você abra os olhos quanto ao caráter da Alice. Apesar de
ter me traído, você é uma boa pessoa e merece ser feliz de
verdade. Boa sorte, Olavo! Que você encontre um amor verdadeiro e
seja tão feliz quanto eu sou com o Franco.
Victoria sorri para Olavo.
Cena 17/Vila do Sossego/Casa de
Madalena/Sala/Noite
MADALENA – Meu Deus... Por que eu
ainda tenho essas lembranças? Porque eu ainda me lembro disso? Eu
quero apagar essa parte trágica do meu passado da memória. Eu quero
esquecer que um dia o meu marido... O meu marido foi assassinado!
CORTA PARA:
Cena 18/Mansão Garcia/Noite
A cena oscila em mostrar Alice e Fábio
transando na cama de Olavo e ele chegando em casa. Segue oscilando em
mostrar Alice com o amante e, agora, Olavo entrando em casa, sem
fazer barulho.
CORTA PARA:
Cena 19/Mansão Garcia/Quarto de
Alice/Noite
Alice e Fábio ainda transando. Olavo
abre a porta e flagra os dois.
OLAVO –
ALICEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!
Alice, com o berro, para de transar com
Fábio e, assustada, encara Olavo.
OLAVO – O QUE TÁ ACONTECENDO AQUI,
SUA VADIA?
ALICE – OLAVO?
OLAVO – NÃO, O COMENDADOR DA NOVELA
DAS 9!
ALICE – Eu posso te explicar, meu
amor!
FÁBIO – IH, deu ruim...
OLAVO – Não tem o que explicar, sua
vagabunda! Você está me traindo!
ALICE – Não é bem assim...
OLAVO – Ah, então vai dizer que é o
quê? Que você e o Fábio estão brincando de pique-pega embaixo das
cobertas?
ALICE – Embaixo delas não porque a
gente estava meio descoberto! (risos)
OLAVO – E ainda zomba de mim,
vagabunda!
ALICE – Quer que eu seja séria? Tá
bom! Então vamos lá. Eu estou te traindo sim, seu otário!
Alice enrola-se no lençol da cama e se
ajoelha na cama. Olavo se aproxima dela e lhe dá uma bofetada. Fábio
observa.
OLAVO – EU VOU TE DESTRUIR, SUA
VAGABUNDA!
ALICE – BATE, BATE OLAVO! BATE PORQUE
OS TAPAS QUE VOCÊ ME DER NÃO VÃO DIMINUIR O PESO DOS SEUS CHIFRES!
Olavo segura Alice pelo cabelo.
OLAVO – Por que você fez isso
comigo, hein? Por que você me traiu? Eu te amo tanto!
ALICE – Um homem que troca uma mulher
como a Victoria por uma ruiva gostosa como eu, com cara de inocente,
não merece fidelidade! Você traiu uma mulher que foi fiel a você,
Olavo! Traiu a sua parceira! Queria que eu te respeitasse? Claro que
não! E digo mais, só não fiquei com outros porque não tive
oportunidade. Você me importunava a cada segundo, não me dava um
minuto de paz! Nem pra arrumar um amante eu tive tempo! Nem pra isso!
Olavo solta Alice e dá outra em
bofetada nela que, rindo, cai na cama. Fábio segue observando.
OLAVO – E você hein, seu
motoristazinha de bosta? Vai ficar aí me olhando! EU VOU TE MATAR!
Olavo avança para cima de Fábio, que
o dribla, pula por cima da cama e foge do quarto.
OLAVO – Olha que merda de amante você
arrumou, Alice! Te deixou sozinha!
ALICE – A gente vai se encontrar
depois! Pra transar mais ainda. E nessa cama aqui!
Olavo esbofeteia Alice, sobe em cima
dela e começa a enforcá-la.
OLAVO – NESSA CAMA VOCÊ NÃO DEITA
MAIS! E NEM NESSA CASA VOCÊ COLOCA MAIS OS PÉS!
Alice passa a mão sobre o criado-mudo,
pega o abajur e joga contra a cabeça de Olavo, que cai na cama,
desmaiado.
ALICE – Meu Deus... Eu o matei! Eu
matei o Olavo!
Desnorteada, Alice se enrola no lençol
e sai do quarto, correndo. Olavo acorda aos poucos e, meio tonto,
pega o revólver que estava na gaveta do criado-mudo. Ele puxa o
gatilho.
OLAVO – ALICEEEEEEEEEEEEEEEE! EU VOU
TE PEGAR SUA VADIA!
Olavo sai correndo do quarto.
Cena 20/Mansão Grimaldi/Sala de
Estar/Noite
ESTRELA – Então quer dizer que o
papai também te pediu perdão?
VICTORIA – Sim. E eu o perdoei!
Apesar de tudo eu quero bem do Olavo.
ESTRELA – Mas a senhora sabe que o
bem pro papai só virá se ele se separar da Alice, né?
VICTORIA – Sei. Sei muito bem e por
isso tentei alertá-lo! Mas o Olavo está cego de amor. Ele não vai
abandonar aquela piranha nunca. A não ser que...
ESTRELA – A não ser que o quê?
VICTORIA – Que aconteça uma
tragédia!
ESTRELA – Que horror, mamãe! Pé de
pato mangalô três vezes.
Estrela bate na mesinha perto do sofá.
Estrela e Victoria se encaram.
Cena 21/Mansão Garcia/Sala/Noite
Alice desce as escadas correndo,
tropeça no lençol e cai escada abaixo. Olavo, com frieza e
lentidão, desce as escadas e se aproxima de Alice, com medo.
ALICE – O que você vai fazer comigo?
OLAVO – Te matar, sua piranha!
Olavo pega Alice pelos cabelos, a
levanta do chão e joga-a no sofá.
Toca a instrumental Desespero –
Império.
Olavo deixa a arma jogada no chão,
sobe em cima de Alice e começa a enforcá-la com as próprias mãos.
OLAVO – Eu devia te matar com um tiro
na testa, Alice. Mas seria rápido demais! Você merece uma morte
lenta e dolorosa por fazer o que fez comigo. Eu te odeio, Alice! Te
odeio!
Alice tenta tirar as mãos de Olavo de
seu pescoço, mas não consegue. Ela fica vermelha e Olavo aperta com
mais força. Alice tenta reagir mas está sem forças. Um tiro é
disparado e Alice arregala os olhos, tal qual Olavo. Suspense no ar,
deixando icognita quem foi baleado. Minutos depois, Olavo começa a
soltar o pescoço de Alice e cai sob a mesinha de vidro, quebrando-a.
Uma poça de sangue começa a se formar em baixo das costas de Olavo.
Alice enrola-se no lençol e, tossindo, senta-se no sofá. Fábio
aponta a arma para Olavo.
FÁBIO – Foi necessário, meu amor!
Pra te salvar!
Alice, sorrindo, encara Fábio.
FIM DE CAPÍTULO
Dia 23, estreia, de Lady
Marizete: Rainha do Mar. A sua nova web novela das 7.
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