segunda-feira, 16 de março de 2015

Velhos Tempos - Capítulo 31



ÚLTIMAS SEMANAS

Cena 1/ Mansão Bovary/ Sala de estar/ Interno/ Tarde
(Continuação imediata da última cena do capítulo anterior)
SÁVIO: Então a Carlota é apaixonada por esse tal Joca?
CASSANDRA: Exatamente. Se você não quer que nada atrapalhe o seu casamento com a minha irmã, o Joca terá que ser eliminado.
SÁVIO: Você quer que eu o mate?
CASSANDRA: Não, claro que não. Eu só quero que você o mantenha afastado da Carlota. Você precisa fazer a minha irmã se desapegar dele. Só assim você conseguirá alcançar o coração dela.
SÁVIO: Obrigado pela informação, Cassandra. Farei o que for necessário.
CASSANDRA: Conte comigo para tudo, Sávio. Eu só quero ver a felicidade no seu casamento com a Carlota.

Cena 2/ Vila Prata/ Casa Geraldo/ Quarto Nuno/ Interno/ Tarde
(Continuação imediata da cena 11 do capítulo anterior)
NUNO: E o senhor acha que se eu conversar com ele, o Vitorino vai parar de gostar da Clarissa?
GERALDO: Talvez. Nuno, eu só quero que o Vitorino pare de sofrer pela Clarissa e encontre um novo amor.
NUNO: Eu sinto muito, pai, mas não faz sentido eu ter essa conversa com ele. O que eu irei falar?
GERALDO: Nuno, eu considero o Vitorino como um filho. É complicado pra mim em saber que ele é apaixonado pela namorada do meu filho, por uma garota que só o despreza.
NUNO: Eu conversarei com a Clarissa sobre o modo que ela trata o Vitorino, mas eu não conversarei com ele, pai. Isso é algo entre ele e a Clarissa, uma paixão que ele precisa superar.
GERALDO: Está certo, então. Pelo menos peça pra Clarissa mudar o comportamento dela em relação ao garoto. O Vitorino não merece ser destratado por ninguém.

Cena 3/ Vila Prata/ Casa Chester/ Quarto Elizeu e Dorotéia/ Interno/ Tarde
(Continuação imediata da cena 07 do capítulo anterior)
ELIZEU: Eu te fiz uma pergunta, Dorotéia. Estou esperando uma resposta.
DOROTÉIA: Eu... Eu não sei como essas moedas de ouro foram parar nas minhas coisas.
ELIZEU: Não minta pra mim, Dorotéia.
DOROTÉIA: Mas eu não estou, Elizeu.
ELIZEU: Cadê o Marcílio?
DOROTÉIA: Não sei. Ele saiu já faz um tempo e ainda não chegou.
ELIZEU: Deve estar na estrada assaltando as pessoas. O tanto que eu pedi pra aquele infeliz se afastar dessa vida de crimes e roubos.
DOROTÉIA: Por acaso você está achando que foi o Marcílio quem trouxe essas moedas de ouro pra casa?
ELIZEU: Eu tenho certeza. Mas aquele verme vai se ver comigo quando chegar em casa. Ah se vai.

Cena 4/ Vila Prata/ Rua/ Tarde
(Continuação imediata da cena 10 do capítulo anterior)
CHARLES: Você aceita lanchar comigo?
CASSILDA: Eu acho melhor não, Charles.
CHARLES: Cassilda, a gente pode conversar, entender melhor essa situação.
CASSILDA: Não, Charles. Eu quero me manter o mais distante possível. Desculpe.
(Cassilda continua a andar. Charles, visivelmente chateado)

Cena 5/ Paisagens de Vila Prata/ Noite

Cena 6/ Vila Prata/ Restaurante/ Interno/ Noite
(Nuno e Clarissa sentados à mesa)
NUNO: Está gostando da comida?
CLARISSA: Sim, bastante.
NUNO: Clarissa, meu pai veio falar comigo sobre um assunto que deve ser um pouco delicado pra você.
CLARISSA: Que assunto?
NUNO: A forma que você trata o Vitorino.
CLARISSA: Eu não quero ser mal educada, Nuno, mas o seu pai não tem nada a ver com isso.
NUNO: Meu pai considera o Vitorino como um filho, Clarissa. Ele não gosta de vê-lo sofrendo por sua causa.
CLARISSA: Nuno, o Vitorino é apaixonado por mim desde os tempos de escola. Eu sempre fui muito clara com ele em relação às possibilidades de qualquer coisa entre a gente. Ele sempre soube que eu nunca daria uma chance pra ele. Se ele ainda me ama, isso não é mais problema meu.
NUNO: E você precisa destratá-lo tanto?
CLARISSA: Claro que preciso. Talvez com tantas humilhações e desprezos, ele introjeta na mente dele de que ele está perdendo tempo por gostar de mim.
NUNO: O incrível é que essa sua técnica nunca surtiu efeito, não é mesmo? Ainda hoje o Vitorino é apaixonado por você.
CLARISSA: Eu não posso fazer mais nada, Nuno.
NUNO: Resolva-se com ele, Clarissa. Deixe claro para o Vitorino que vocês nunca terão algo, mas de uma forma menos agressiva.
(Nuno encara Clarissa)

Cena 7/ Mansão Bovary/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Bonavante e Sávio sentados frente a frente. Ambos com uma taça de vinho nas mãos)
BONAVANTE: Eu estava pensando em amanhã realizar um almoço de noivado na minha casa. O que você acha?
SÁVIO: Por mim, tudo bem.
BONAVANTE: Ótimo. Assim, amanhã você poderá pedir a Carlota em casamento oficialmente.
SÁVIO: Não vejo a hora, doutor Bonavante.

Cena 8/ Mansão Bragança/ Quarto Charles/ Interno/ Noite
(Charles e Laurinda sentados na cama do primeiro)
CHARLES: A Cassilda não quer mais ter contato comigo, mãe.
LAURINDA: É compreensível, filho. Ela ainda deve estar um pouco perdida com tudo o que aconteceu.
CHARLES: E a senhora acha que eu não estou?
LAURINDA: Eu sei que está, meu filho.
(Laurinda abraça Charles)
LAURINDA: Bom, Charles, será que amanhã você poderia me acompanhar à tenda da vidente Soraya Hannah?
CHARLES: E por que a senhora quer ir até lá?
LAURINDA: Para ter uma consulta, oras. Eu preciso saber se o Viriato está realmente me traindo, e se a Gertrude está tendo participação nisso tudo.
CHARLES: E a senhora vai acreditar na palavra de uma vidente, mãe?
LAURINDA: Por que não acreditaria? A Soraya previu o atropelamento de uma moça e conseguiu salvá-la a tempo, além de prever a tristeza que acometeu seu relacionamento com a Cassilda. Por favor, Charles, não me critique. Apenas me acompanhe.
CHARLES: Fique tranqüila, mãe. Eu irei com a senhora.

Cena 9/ Mansão Sabarah/ Quarto Carlota/ Interno/ Noite
(Carlota lendo um livro. Cassilda entra)
CASSILDA: Carlota, minha irmã, nós precisamos conversar.
CARLOTA: O que houve?
CASSILDA: Papai acabou de chegar em casa avisando que amanhã fará um almoço de noivado para o Sávio te pedir oficialmente em casamento.
CARLOTA: Eu não estou acreditando nisso. O papai não tem esse direito de me obrigar a se casar com o Sávio.
CASSILDA: Você sabe por que ele está fazendo isso, não sabe?
CARLOTA: Sim. Ele tem medo que eu volte a me envolver com o Joca e, por isso, está me empurrando pra cima do Sávio. Mas eu não vou me casar com ele, Cassilda. Não vou. E irei deixar isso bem claro nesse tal almoço de amanhã.
(Carlota encara Cassilda)

Cena 10/ Vila Prata/ Casa Chester/ Cozinha/ Interno/ Noite
(Marcílio cortando uma maçã na pia usando uma faca. Elizeu entra)
ELIZEU: Até que enfim você chegou, seu infeliz.
MARCÍLIO: Mas o que é isso? Por que o senhor está me tratando desse jeito?
ELIZEU: Você pode me explicar que moedas de ouro são essas?
MARCÍLIO: Eu não sei do que o senhor está falando.
ELIZEU: Não se faça de desentendido pra cima de mim, Marcílio.
MARCÍLIO: Eu juro, pai. Eu não sei que moedas são essas. Onde o senhor as encontrou?
ELIZEU: Como você consegue sustentar essa cara de pau?
MARCÍLIO: Eu já disse que eu não sei do que o senhor está falando.
ELIZEU (gritando): E eu já disse pra você não bancar o desentendido. Marcílio, por acaso essas moedas de ouro pertencem àquele rapaz assaltado que veio aqui te chamando de ladrão?
MARCÍLIO: É tão difícil assim acreditar na minha palavra, pai? Quantas vezes eu terei que dizer que eu...
(Elizeu dá um tapa na cara de Marcílio)
ELIZEU: CHEGA, SEU MOLEQUE. Seja homem pelo menos uma vez nessa vida e assuma o que você fez, seu ladrão. O tanto que eu pedi pra você sair dessa vida de roubos e assaltos, Marcílio. Você não aprende mesmo, não é, seu bandidinho de quinta? Será que eu terei que te dar uma surra pior do que aquela pra algum juízo entrar nessa tua cabeça oca?
MARCÍLIO: CHEGA DIGO EU. Chega digo eu, pai. Quem o senhor pensa que é pra apontar o dedo na minha cara e me chamar de bandido? Que direito o senhor tem de me cobrar um comportamento decente se o senhor não tem um que preste?
ELIZEU: Olha como fala comigo, Marcílio.
MARCÍLIO: Parasita explorador. O senhor não passa de um verme que cobrou um emprego dos seus três filhos pra, no fim das contas, ser sustentado por eles. Afinal, o senhor vive do quê? Que emprego o senhor tem? O senhor, papai, não passa de um desempregado de merda.
(Elizeu dá outro tapa em Marcílio)
ELIZEU: Você vai pagar por cada palavra, garoto.
MARCÍLIO: Eu to mentindo? Antes de cobrar alguma coisa dos outros, olhe pro próprio chão e pise na própria bosta.
ELIZEU: CALA A BOCA. Agora, eu percebo que eu sou incapaz de colocar algum juízo na sua cabeça, Marcílio. Mas eu conheço alguém que fará isso perfeitamente: a polícia. Cadê as maletas daquele rapaz que contém essas moedas?
MARCÍLIO: Eu nunca direi ao senhor onde elas estão.
ELIZEU: Eu vou te colocar na cadeia, moleque.
MARCÍLIO: Não, pai. O senhor não vai.
(Marcílio pega a faca que usava e crava no peito de Elizeu, que cai, morto e ensangüentado)
MARCÍLIO (chocado, caindo em si, deixa a faca cair): O que foi que eu fiz?
(Dorotéia entra)
DOROTÉIA: Alguém pode me explicar que gritaria é... (vendo o corpo de Elizeu): Elizeu? O que você fez, Marcílio?
MARCÍLIO (desesperado): Eu o matei.
DOROTÉIA (se agacha perante o corpo de Elizeu): Elizeu, fala comigo. Elizeu. Ele está morto.
MARCÍLIO: E agora?
DOROTÉIA: Ai meu Deus, isso não pode ser verdade.
MARCÍLIO: Mãe, o Vitorino e a Liduína estão para chegar. Se eles virem o papai morto e descobrirem que eu o matei, eles irão me colocar na cadeia.
DOROTÉIA: Calma, CALMA. Eu não vou deixar você ir preso, meu filho. Eu já sei o que iremos fazer. Nós vamos alterar a cena do crime para parecer que seu pai cometeu suicídio. Depois, sairemos de casa e só voltaremos quando seus irmãos já tiverem chegado. Assim, eles não desconfiarão de você.
MARCÍLIO: Certo.
DOROTÉIA: Então vamos fazer isso antes que seja tarde demais.
(Dorotéia encara Marcílio)

Cena 11/ Paisagens da Mansão Sabarah/ Manhã

Cena 12/ Mansão Sabarah/ Sala de estar/ Interno/ Manhã
(Clarissa e Sávio entram. Bonavante, que descia a escada, vai de encontro a eles)
BONAVANTE: Clarissa, Sávio, que bom vocês vieram.
SÁVIO: O senhor acha que eu perderia o meu próprio almoço de noivado?
CLARISSA: Cadê a Carlota?
BONAVANTE: Está lá em cima, se arrumando para o almoço. Vamos para a sala de jantar, meus caros. Lá, acertamos os últimos detalhes do casamento.
(Bonavante, Clarissa e Sávio se dirigem à sala de jantar)

Cena 13/ Mansão Sabarah/ Quarto Carlota/ Interno/ Manhã
(Carlota penteando os cabelos em frente à penteadeira. Cassandra entra)
CASSANDRA: Bom dia, irmãzinha.
CARLOTA (virando-se para Cassandra): O que você quer?
CASSANDRA: Vim avisar que seu futuro marido chegou. Preparada para ser pedida em casamento?
CARLOTA: Você não perde a oportunidade de debochar de mim, não é?
CASSANDRA: Claro que não, querida. Tirar sarro da sua cara é a minha maior diversão.
CARLOTA: Então aproveita bastante, Cassandra, porque, nesse momento, o Joca e a Ariana devem estar arrumando um jeito de te colocar atrás das grades. E se eles não estiverem fazendo isso, você pode ter a certeza de que eu mesma farei. Agora, fora daqui.
CASSANDRA: Veremos.
(Cassandra sai)

Cena 14/ Vila Prata/ Casa Chester/ Sala de estar/ Interno/ Manhã
(Dorotéia, Marcílio, Liduína e Vitorino, vestidos com roupas pretas, entram)
DOROTÉIA: Enterramos o Elizeu.
LIDUÍNA: A ficha ainda não caiu.
MARCÍLIO: Apesar das constantes brigas, papai era uma figura muito importante na minha vida.
DOROTÉIA: Mas agora temos que tocar a nossa vida pra frente, afinal ela segue, não é mesmo?
VITORINO: Isso não faz o menor sentido.
LIDUÍNA: Do que você está falando, Vitorino?
VITORINO: Não faz sentido o papai ter se suicidado. Ele não teria motivos pra fazer uma coisa dessas. Se ele quisesse ter se matado, ele já teria feito.
DOROTÉIA: Vitorino, eu sei que é difícil se conformar com isso, mas...
VITORINO: Alguém matou o papai.
(Dorotéia e Marcilio se entreolham)
VITORINO: Eu tenho certeza que ele foi assassinado.

Cena 15/ Vila Prata/ Tenda Soraya/ Sala de consulta/ Interno/ Manhã
(Soraya e Laurinda sentadas frente a frente)
LAURINDA: E então, mãe Soraya? O que a senhora está vendo na bola de cristal?
SORAYA: Beijos selvagens, contatos corporais intensos.
LAURINDA: A senhora consegue ver o rosto das pessoas?
SORAYA: O do homem, sim. Ele tem um grande bigode, pele clara, rosto redondo, olhos pretos.
LAURINDA: É o Viriato. E a mulher?
SORAYA: Não consigo ver .
LAURINDA: Faça um esforço.
SORAYA: A imagem não aparece, mas não parece ser você.
LAURINDA: Outra mulher.

Cena 16/ Mansão Sabarah/ Sala de jantar/ Interno/ Manhã
(Sávio, Clarissa, Carlota, Bonavante, Cassilda e Cassandra sentados à mesa)
SÁVIO: A comida estava deliciosa.
BONAVANTE: Agora que todos terminaram de almoçar, nada mais justo que agora seja a hora do Sávio pedir minha filha em casamento.
CASSANDRA: Concordo.
(Sávio levanta-se e se ajoelha perante Carlota. Ele tira do bolso uma caixinha e a abre. Um anel de brilhantes é revelado.)
SÁVIO: Carlota Sabarah, você aceita se casar comigo?
(Pausa. A CAM filma o rosto de todos que estão à mesa. Foca em Carlota)
CARLOTA: Não. Eu não quero e não vou me casar com você, Sávio.
(Congela em Carlota)

FIM DO CAPÍTULO

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