quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
Fixação - Capítulo 13
Cena 1/ Mansão Bertolin/ Sala de jantar/ Interno/ Dia
LUANA: Agora tenho que desligar. Depois, eu comento tudo com você.
(Luana desliga o telefone e o guarda no bolso. Luana se aproxima de Amanda e Alexandre)
LUANA: Ainda não bebeu nada, dona Amanda?
AMANDA (afastando – se de Alexandre): Eu quero beber, mas o Alexandre fica me interrompendo.
ALEXANDRE (aproximando – se de Amanda): Eu preciso falar com você, Amanda. É algo muito importante
AMANDA: Eu já disse que não temos assunto nenhum para tratar.
ALEXANDRE (ficando mais perto de Amanda): E eu já disse que é importante.
(Alexandre finge que se desequilibra e derruba o copo de suco no chão. Luana disfarça sua raiva)
AMANDA: Olha o que você fez com o meu suco, seu desastrado.
ALEXANDRE: Desculpa. Não era a minha intenção.
LUANA: Deseja outro copo de suco, dona Amanda? Tem mais na garrafa.
AMANDA: Não Amanda. Obrigada. Depois disso, perdi a vontade de beber.
(Tiago desce a escada)
AMANDA: E de almoçar também. Com licença.
(Amanda vira-se em direção à porta e esbarra com Tiago)
TIAGO: Aconteceu alguma coisa?
AMANDA: Tiago, eu pensei melhor e acho que vou almoçar com a Vera. Ela está internada e precisa do meu apoio e da minha companhia. Depois a gente se fala.
TIAGO: Diga a Vera que eu torço pela recuperação dela.
AMANDA: Pode deixar. Eu irei dizer.
(Amanda sai)
LUANA: Eu vou limpar essa sujeira. Irei pegar o pano. Com licença.
(Luana sai, deixando Tiago e Alexandre sozinhos)
TIAGO: É impressão minha ou a Amanda saiu daqui com raiva?
ALEXANDRE: Sabe que eu nem reparei nisso?
Cena 2/ Casa de Raimunda/ Sala/ Interno/ Dia
(Raimunda está varrendo a sala. Solano entra)
RAIMUNDA: Olá Solano.
SOLANO: Tudo bom, dona Raimunda?
RAIMUNDA: Tudo ótimo. Se estiver com fome, o almoço já está pronto. Encontrou algum emprego?
SOLANO: Emprego?
RAIMUNDA: Sim, afinal não foi para isso que você saiu hoje de manhã? Para procurar emprego?
SOLANO: Ah, sim, verdade. Não encontrei ainda, dona Raimunda. Mas vou encontrar. Pode acreditar em mim. Arranjar emprego nessa pequena cidade está sendo mais trabalhoso do que encontrar algum em São Paulo.
RAIMUNDA: Você é especializado em quê, meu rapaz?
SOLANO: Como assim?
RAIMUNDA: Eu creio que você deve ter feito alguma faculdade. Fez faculdade de quê?
SOLANO: Música. Fiz para música. Mas acabei me enganando. Quando comecei a cursar, vi que música não era a minha maior especialidade. Podemos dizer que fiz bastantes escolhas erradas na minha vida, dona Raimunda.
Cena 3/ Praça/ Interno/ Dia
(Vitor e Luiza estão sentados em um dos bancos da praça)
LUIZA: Você me ligou mesmo para quê?
VITOR: Para conversar sobre a gente.
LUIZA: Que atitude sensata, Vitor. Eu fiquei sabendo da sua mãe. Espero que ela já esteja bem.
VITOR: Está sim, mas como eu disse, eu te chamei aqui para falarmos da gente, e não da minha mãe.
LUIZA: Claro. Eu também achei que estávamos precisando conversar sobre o nosso relacionamento, se é que existe algum relacionamento entre a gente, após daquelas atitudes horríveis que você cometeu.
VITOR: Eu sei que eu errei com você, Luiza. Mas eu fiz tudo aquilo porque eu te amo. Eu fiquei com ciúmes de ver você ao lado do Felipe. Eu o enxerguei como uma ameaça. Para mim, o nosso relacionamento nunca acabou.
LUIZA: O Felipe é apenas meu amigo. Além de ter sido uma atitude ridícula, ela foi totalmente impensada.
VITOR: Eu sei. Você tem toda a razão. Mas eu te chamei aqui justamente para passarmos uma borracha nisso tudo. Vamos voltar a ser aquele casal que se ama, que se gosta, que se entende. Eu estou sentindo a sua falta na minha vida, Luiza. Volta a namorar comigo? Estou aqui te pedindo perdão. Você é capaz de aceitar?
Cena 4/ Pista/ Carro/ Interno/ Dia
(Lara está sentada no banco, quando Celso surge com um pneu novo)
LARA: Ainda bem que você voltou. Já estava ficando preocupada, com medo de algo ruim ter acontecido com você.
CELSO: Eu agradeço a preocupação, mas posso te garantir que estou bem. E com um pneu novo.
LARA: Jura?
CELSO: Sim. A nossa sorte foi que o pneu furou logo na saída dessa cidade. E tinha um posto de gasolina bem pertinho daqui. Então, foi fácil.
LARA: Que maravilha. Então, vai logo trocar esse pneu, Celso.
(Celso troca o pneu e entra no carro)
CELSO: Bom, agora vou testar o carro.
(Celso liga o carro e ele parte, normalmente)
LARA: Graças a Deus, deu tudo certo.
CELSO: Realmente.
LARA: Faltam quantos quilômetros para chegarmos a Dourados?
CELSO: Uns 250, no máximo.
LARA: Não vejo a hora de chegarmos.
CELSO: Você está muito ansiosa, não é?
LARA: Estou. Estou sim. E tudo por culpa sua, por estar me proporcionando esse momento. Obrigada Celso. Obrigada por estar me ajudando a encontrar o meu pai.
Cena 5/ Mansão Bertolin/ Cozinha/ Interno/ Dia
(Luana está lavando as panelas. Alexandre entra)
ALEXANDRE: Luana.
LUANA: Doutor Alexandre. Deseja alguma coisa?
ALEXANDRE: Deixa de ser cínica.
LUANA: Como é?
ALEXANDRE: É isso mesmo. Cínica. Eu derrubei aquele suco da mão da Amanda de propósito, porque eu vi quando você despejou alguma substância duvidosa na bebida dela. Agora, o que foi aquilo? Sonífero? Veneno?
LUANA: Falando dessa maneira, o senhor está me ofendendo.
ALEXANDRE: Tira essa máscara, Luana. Quando eu cheguei aqui, eu até me simpatizei com você, mas depois do que eu vi, depois de ver você tentando prejudicar a Amanda, eu não sei mais dizer que tipo de pessoa é você.
LUANA: O senhor está louco. Não sei o que está dizendo.
ALEXANDRE: Sabe sim. Agora eu me pergunto, porque você quis prejudicar a Amanda? O que você ganharia prejudicando ela? Isso eu não consegui entender. Agora, eu te digo uma coisa: eu estou de olho em você e eu não vou deixar que você faça algum mal a essa família. Não vou permitir. Eu vou descobrir quem você é de verdade, Luana. Com licença.
(Alexandre sai)
LUANA: Droga. Maldição.
Cena 6/ Praça/ Interno/ Dia
LUIZA: Perdão?
VITOR: Isso mesmo. Você aceita o meu perdão?
LUIZA: Vitor, você me chateou tanto esses dias.
VITOR: Eu sei, eu sei. Mas eu quero mudar. Eu quero consertar esses erros.
LUIZA: O pior de tudo é que você não apenas me prejudicou com tuas atitudes machistas e infantis. Você prejudicou o Felipe também, jogando aquela lixeira na cara dele.
VITOR: Olha o Felipe aí de novo. Você sempre tem que tocar no nome desse cara agora.
LUIZA: Eu toquei no nome dele, porque ele também foi sua vítima. Por isso, eu acho que não sou a única que merece ouvir esse pedido de perdão.
VITOR: Como é?
LUIZA: É isso mesmo, Vitor. Eu só vou aceitar o seu perdão, se você for capaz de pedir perdão para o Felipe. Caso contrário, o nosso namoro não tem mais volta.
Cena 7/ Cais/ Interno/ Dia
LUCRÉCIO: E como estão as coisas na sua mansão? Como anda a família Bertolin?
CAIO: Está tudo na mais perfeita ordem. Marta continua com aquele jeito implicante de sempre. Tiago, em algumas semanas, vai casar com Amanda. Celso está em São Paulo fechando algumas associações para a cooperativa e Luiza está se preparando para fazer as provas do vestibular que ocorre na próxima semana.
LUCRÉCIO: Todos eles sendo eles mesmos. Isso é bom.
CAIO: Isso é ótimo. Mas e você? Como anda você?
LUCRÉCIO: A minha viagem para Londres foi maravilhosa. Consegui implantar um cais exclusivamente para a família real.
CAIO: Sério?
LUCRÉCIO: Claro.
CAIO: Quem diria? Lucrécio Ramos, de Dourados, para Londres, dando conforto e simpatia para a família real inglesa.
LUCRÉCIO: Foi tudo muito bom e deu certo. Tudo deu certo. E ainda tem mais coisas. Acho que finalmente eu consegui resolver a minha vida amorosa.
CAIO: Não me diga que encontrou uma mulher londrina para preencher seu tempo.
LUCRÉCIO: Nada disso. A mulher que eu encontrei está aqui mesmo em Dourados. A Raimunda.
CAIO: Raimunda Carvalho?
LUCRÉCIO: Sim. Começamos a namorar hoje.
CAIO: Que romântico. Ainda bem que Deus deu uma chance para um homem da sua idade, Lucrécio.
LUCRÉCIO: Ultimamente, eu ando muito jovial, isso sim. E por curiosidade, foi na casa da Raimunda que eu encontrei casualmente o Tiago. Ele havia ido buscar a Luana para trabalhar na sua mansão.
CAIO: Então, você já conhecia a Luana?
LUCRÉCIO: Sim. Uma garota de uma história tão triste. A tia dela, a Raimunda, que me contou. Veio morar aqui em Dourados porque a mãe morreu na frente dela, lá em São Paulo.
CAIO: Que horrível. Isso deve ter sido traumatizante para a Luana.
Cena 8/ Mansão Bertolin/ Cozinha/ Interno/ Dia
(Luana está colocando a comida em bandejas. Tiago entra)
TIAGO: Oi.
LUANA: Oi Tiago.
TIAGO: Como está indo no trabalho de hoje?
LUANA: Bem. Dona Marta já deve estar fazendo a minha caveira pelo meu atraso em servir a mesa, não é?
TIAGO: É isso mesmo. Na verdade, vim aqui para ver se você estava acabando de preparar a comida.
LUANA: Está tudo pronto.
(Luana segura uma bandeja nas mãos)
LUANA: Agora, é só eu ir até a sala de jantar e servir.
(Luana, fingindo nervosismo, derruba a bandeja no chão, quebrando alguns pratos)
TIAGO: Luana, você está bem?
LUANA: Estou sim, Tiago. Não é nada para se preocupar.
TIAGO: Luana, você está trêmula. O que está acontecendo?
LUANA: Tiago, eu acho melhor não contar. Prefiro não fazer fofoca e...
TIAGO: É alguém que está aqui, nessa casa, que está te deixando desse jeito? Fala Luana. Eu preciso saber.
LUANA: Certo, eu vou falar. Na verdade, é o Alexandre que me deixou assim.
TIAGO: O Alexandre?
LUANA: Ele está me perseguindo. Hoje mais cedo, ele veio até aqui na cozinha e começou a me agarrar a força.
TIAGO: Você tem certeza, Luana?
LUANA: Absoluta. Ele tentou me beijar, mas eu não deixei. O doutor Alexandre está me perseguindo.
Cena 9/ Praça/ Interno/ Dia
(Felipe vê Luiza e Vitor sentados lado a lado e se aproxima do casal)
FELIPE: Bom dia.
VITOR: Boa tarde, você quer dizer.
FELIPE: Aconteceu alguma coisa, Luiza? Ainda não consegui entender o porquê de você ter ligado para mim.
LUIZA: Ainda bem que você veio. Pensei que você desistiria de vim quando eu mencionei que o Vitor estava presente na conversa.
FELIPE: Eu percebi que era algo muito importante, então decidi vir. O que houve?
LUIZA: Bom, Felipe, na verdade, o Vitor... Eu acho melhor ele falar.
VITOR: Eu falar?
LUIZA: Isso mesmo. Fale.
VITOR: Bom, então, é o seguinte, Felipe. Eu quero te pedir perdão pelo o que eu fiz contigo ontem na escola. Você aceita?
Cena 10/ Mansão Amorim/ Sala/ Interno/ Dia
(Amanda chega à mansão com Vera. Mirna as recepciona)
MIRNA: Dona Vera, que bom que a senhora já voltou. O que ela tem, dona Amanda?
AMANDA: Depressão.
MIRNA: Ave Maria. Eu vou dobrar o tempo que eu rezo. Só para a dona Vera se recuperar logo.
VERA: Obrigada Mirna.
MIRNA: A senhora vai precisar de alguma coisa, dona Vera?
AMANDA: Ela não vai precisar de nada, Mirna.
MIRNA: Vou terminar o almoço. Qualquer coisa, é só chamar.
(Mirna sai)
AMANDA: Como a senhora está, minha irmã?
VERA: Um pouco melhor.
AMANDA: Vou te dizer as orientações que o médico me passou. Você vai tomar esses remédios controlados aqui, todos periodicamente...
(A conversa segue fora de áudio)
Cena 11/ Mansão Bertolin/ Quarto de Alexandre/ Interno/ Dia
TIAGO: Eu preciso ter uma conversa séria com você. Eu decidi esperar o almoço terminar para comentar isso com você.
ALEXANDRE: Aconteceu alguma coisa?
TIAGO: Alexandre, eu soube que você anda perseguindo a Luana.
ALEXANDRE: Perseguindo? Eu? Mas isso é uma mentira totalmente descabida. Eu mal chego perto daquela garota.
TIAGO: Não foi isso que ela me disse. Ela me contou que você tentou beijá-la a força.
ALEXANDRE: Isso é mentira. Ela está mentindo. Eu nunca fiz nada contra ela. Nunca encostei um dedo nela.
TIAGO: Alexandre, eu não quero mais que isso se repita, ok?
ALEXANDRE: Mas eu não fiz nada.
TIAGO: Ok, Alexandre?
ALEXANDRE: Você está sendo injusto comigo. Mas, de qualquer forma, ok. Isso nunca vai se repetir porque isso nunca aconteceu. Nunca.
Cena 12/ Praça/ Interno/ Dia
VITOR: Você aceita as minhas desculpas?
FELIPE: Você está sendo sincero?
VITOR: É claro que eu estou.
FELIPE: Então, eu aceito. Eu aceito as suas desculpas, sim.
VITOR: Você ouviu isso, Luiza? Ele aceitou. O Felipe aceitou as minhas desculpas.
LUIZA: Ouvi tudo, Vitor. Calma.
VITOR: E agora? Você volta a namorar comigo?
LUIZA: Volto.
VITOR: Obrigado Luiza. Você não imagina como estou feliz.
(Vitor beija Luiza e Felipe presencia a cena, reagindo de forma triste. De fininho, ele sai da praça e anda pela rua com os olhos lacrimejados.)
Cena 13/ Paisagens de Dourados/ Noite
(Toca Silhouettes – Avicii. Começa a chover)
Cena 14/ Mansão Bertolin/ Jardim/ Noite – princípio de chuva
(Amanda passa pelo jardim e é interceptada por Alexandre)
ALEXANDRE: Eu preciso falar com você.
AMANDA: Você não desiste de mim mesmo, não é?
ALEXANDRE: Não. E sabe por quê? Porque eu te amo.
AMANDA: Para com isso, Alexandre. Eu amo o Tiago.
ALEXANDRE: Amanda, você não pode entrar nesse caos que a família Bertolin. Você não vai ser feliz ao lado do Tiago.
AMANDA: Deixa de ser ridículo, Alexandre. Como eu já disse, eu amo o Tiago e nós planejamos o nosso futuro de uma maneira tão linda. Eu tenho mais do que certeza que eu serei feliz ao lado do Tiago sim, porque ele é o homem da minha vida.
ALEXANDRE: Está enganada. Você me ama. O seu único problema é que você tem medo de assumir os seus sentimentos. Mas no fundo você sabe que me ama, que nutre um sentimento verdadeiro por mim.
AMANDA: Nutro mesmo. Nutro raiva. Nutro ódio. Você não tem um pingo de decência na cara, Alexandre? Ficar se prestando a esse papel estúpido, achando que nós teremos algum tipo de envolvimento, algo que só acontece na sua cabeça? Para de me cercar, de insistir nessa tecla. Eu amo o Tiago. Ouviu bem? Eu amo o Tiago.
ALEXANDRE: Deixa eu te provar que não, que o homem da sua vida sou eu.
(Alexandre beija Amanda. Nesse momento, Luana aparece no jardim e de longe vê a cena)
LUANA (para si): Isso não pode ser verdade. A Amanda e o Alexandre juntos e aos beijos? Bingo para mim.
(Luana dá um sorriso sarcástico e maléfico)
(Congela em Luana. Toca Never Let Me Go – Florence)
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