Continuação imediata do
capítulo anterior.
Cena 1. Favela –
Casa de Tonhão – Quarto de Guilherme – Dia
Guilherme em frente ao
computador, conferindo o site do jornal Bertollo.
GUILHERME – Ê sogrão,
a filha eu já conquistei! O próximo passo é a presidência desse
jornal! Vida mansa, aí vou eu!
Guilherme fica com um
sorriso suspeito no rosto.
GUILHERME – Não
importa o que eu tenha que fazer, eu vou ter tudo que eu quero!
Cena 2. Escola
Napoinara – Exterior – Dia
Edvaldo e Fábio estão
chegando de carro pra deixar Marcelo na escola. Marcelo olha as
outras crianças e se desespera.
MARCELO – Desisto! Não
quero! Não vou!
FÁBIO – Filho, vamos
lá! Eu vou com você até lá dentro.
MARCELO – Não, pai.
Eles vão ficar me olhando. Não quero. Não gosto.
FÁBIO – Ninguém vai
olhar. E se olharem também, deixa que olhem. Você não deve nada
pra ninguém.
EDVALDO – O seu pai tá
certo, Marcelo. Você é igual a todo mundo, aliás, você é muito
mais inteligente que muita gente aí.
MARCELO – To com medo,
mas vamos lá.
FÁBIO – Isso aí,
filho! Vamos!
EDVALDO – Boa aula,
Marcelo!
MARCELO – Obrigado,
vovô!
Marcelo e Fábio vão
para a escola. Fábio ajuda Marcelo com seu material.
Cena 3. Hospital –
Farmácia – Dia
Ana atendendo os
pacientes que foram buscar remédios.
ANA – Aqui está
senhor. Obrigada. Um bom dia!
Ana vai atendendo a fila
que tá extensa.
ANA – Trouxe a receita,
senhora? Não, esse aqui pra retirar, só com a receita.
E assim vai indo, os
pacientes vão aparecendo pra buscar os remédios.
ANA – E para o senhor?
Ana toma um susto.
ANA – Você?
Cena 4. Escola
Napoinara – Sala da Direção – Dia
MARIANA – E então,
filho? Preparado?
DORIVAL – Claro, mãe.
Podemos ir.
MARIANA – Eu mesma faço
questão de te apresentar.
DORIVAL – Tá bom, mas
posso pedir uma coisa?
MARIANA – Claro, filho.
O que é?
DORIVAL – Pode não
dizer que é minha mãe? Ao menos hoje que to chegando.
MARIANA – Que isso,
filho? Tá com vergonha da mamãe é?
DORIVAL – Não, mãe!
Que isso! Nunca teria vergonha da senhora.
MARIANA – E então?
DORIVAL – É que eu
ainda não conheço ninguém e se a senhora disser que é minha mãe,
vão ficar falando que to aqui por causa disso. Eu quero que me
reconheçam pelos meus méritos.
MARIANA – Entendi. Tá
bom, filho, mas não podemos esconder isso pra sempre.
DORIVAL – Claro que
não, mãe! É só hoje. Depois eu mesmo conto. Vou ter o maior
orgulho de contar que sou filho da melhor mãe do mundo!
MARIANA – Ai, filho!
Você que é, aliás, você e sua irmã Ana. Os melhores filhos!
Mariana pega Dorival pelo
braço e o auxilia a ir até sua sala de aula.
Cena 5. Hospital –
Sala de Consulta
DR. ARTHUR – Próximo!
Catarina se levanta e vai
até a sala.
CATARINA – Sou eu,
doutor Arthur!
DR. ARTHUR – A senhora,
de novo? Já não esteve aqui esses dias?
CATARINA – Ai, Dr!
Falando assim até parece que eu to todo dia aqui.
DR. ARTHUR – Me
desculpe, mas no que posso ajudar dessa vez? Aquelas dores voltaram?
CATARINA – Não, não.
Tá tudo bem.
DR. ARTHUR – E então...
CATARINA – Eu queria
que o senhor me desse mais uma receitinha daquele calmante...
DR. ARTHUR – Dona
Catarina, eu já lhe falei que calmantes demais podem lhe fazer
mal...
CATARINA – Mas, Dr...
Um bem fraquinho, vá... Por favor! Pra eu me sentir melhor!
DR. ARTHUR – Ai, ai...
Dona Catarina... Vou lhe dar um bem fraquinho...
CATARINA – Tá ótimo!
Obrigada!
Cena 6. Hospital –
Farmácia – Dia
ANA – O que você tá
fazendo aqui? Precisando de um remédio é?
GUILHERME – Hmmm. To
precisando de uma dose de Ana, uns beijos...
Guilherme dá um beijo em
Ana.
ANA – Guilherme, aqui
não! É meu local de trabalho!
GUILHERME – (gritando)
E quem aqui vai me proibir de visitar minha namorada? Hein?
ANA – (baixo, cutucando
Guilherme) Guilherme, sem escândalo, por favor!
GUILHERME – Tá bom.
Então, vou indo que tenho umas coisas pra resolver. Passo aqui pra
te pegar depois?
ANA – Tá certo. Beijo.
Guilherme dá um beijo em
Ana e sai.
Cena 7. Escola
Napoinara – Sala de Aula
A diretora Mariana entra
com Dorival.
MARIANA – Professora
Vanessa, com licença!
VANESSA – Claro, fique
à vontade.
MARIANA – Queridos,
hoje to aqui pra apresentar um coleguinha novo pra vocês. Esse é o
Dorival!
Todos percebem que
Dorival é deficiente visual, inclusive Marcelo. Dorival dá um
sorriso tímido.
CIRO – Ah não! Mais um
deficiente nessa sala?
Todos olham para Ciro com
desaprovação. Marcelo fica triste.
Congela na expressão de
tristeza de Marcelo.
FIM DE CAPÍTULO.
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