Capítulo 36
ÚLTIMAS SEMANAS
Cena 1/Mansão Guimarães/Sala/Noite
BÁRBARA – O que você tá fazendo
aqui, sua piranha?
ALICE – Esses são modos de receber
uma pessoa? Cadê as boas maneiras?
FERNANDO – A sua presença nesta casa
é indesejada, Alice.
ALICE – Mas eu vim em missão de paz.
ESTEVÃO – O que você veio fazer
aqui?
ALICE – Te dar o meu ombro amigo e
mais o que você quiser. (risos)
ESTEVÃO – A única coisa que eu
quero de você é distância!
FERNANDO – Não ouviu o meu filho?
FORA!
ESTEVÃO – Sai daqui, Alice, por
favor!
ALICE – Como vocês são ingratos,
hein? Eu venho aqui, com todo meu bom coração, prestar condolências
ao mais novo viuvo do pessoa e sou tratada assim? Quanta falta de
etiqueta!
BÁRBARA – Vai sair por bem ou por
mal, Alice?
ALICE – Nem por uma coisa, nem por
outra.
Alice senta-se na poltrona.
ALICE – Alguém pede pra empregada
trazer um cházinho? Sem açucar, por favor!
BÁRBARA – Sai daqui agora, Alice!
ALICE – Não saio enquanto vocês não
pedirem desculpas por terem me tratado mal!
BÁRBARA – SAI AGORA!
ALICE – Ui, que agressiva! Pra que
esse escândalo?
BÁRBARA – Eu te dei a chance de sair
daqui por bem, mas você quis complicar tudo! Então vou te tirar na
força bruta!
Bárbara se aproxima de Alice e a
segura por seu braço.
ALICE – Tira a mão de mim!
Alice se desprende.
ALICE – Eu vou, mas volto!
Alice se aproxima de Estevão e lhe
tasca um selinho.
ALICE – Meus pêsames!
Alice ri e vai embora.
BÁRBARA – SAI, LOUCA!
FERNANDO – Essa garota não tem
limites!
ESTEVÃO – Ela é louca!
Cena 2/Mansão
Montenegro/Escritório/Noite
Rebeca ainda sentada na cadeira,
observando o abridor de cartas.
REBECA – Depois desse crime perfeito
é só pegar o primeiro avião rumo à Suíça e sair desse país de
índios! Esse casalzinho e a Bianca vão se arrepender de terem
mexido comigo.
Rebeca sorri.
Cena 3/Mansão Grimaldi/Quarto de
Victoria/Noite
Victoria está com a cabeça sob o
peito de Franco. Ambos cobertos.
VICTORIA – Acho que vou a fazenda
amanhã.
FRANCO – E você quer que eu vá
contigo?
VICTORIA – Não será necessário.
FRANCO – Você vai fazer exatamente o
que por lá?
VICTORIA – Vou conversar com meus
pais sobre como será o velório da Estrela.
FRANCO – Mas não temos corpo para
velar, meu amor!
VICTORIA – Eu sei, Franco, mas quero
fazer um velório simbólico. Quero que a Estrela seja lembrada!
FRANCO – Mas você não acha que isso
traria mais sofrimento para todos?
VICTORIA – Inicialmente sim, mas
seria um modo de nos despedirmos definitivamente dela.
FRANCO – Sendo assim, apoio sua
ideia. Estou contigo, meu amor! Para tudo!
VICTORIA – Eu sei disso.
Victoria sorri para Franco e eles se
beijam.
Cena 4/Mansão Guimarães/Quarto de
Bárbara/Noite
Bárbara está sentada em sua cama,
passando creme hidradante em seus braços. Fernando está deitado.
FERNANDO – Essa menina é louca!
BÁRBARA – Nunca passou pela minha
cabeça que ela era apaixonada pelo Estevão.
FERNANDO – Ela soube mascarar tudo
direitinho!
BÁRBARA – Inclusive quando se passou
por amiga da Victoria.
FERNANDO – Principalmente!
BÁRBARA – Quem diria que aquela
pobre coitada que o nosso filho atropelou se tornaria essa megera?
FERNANDO – Ninguém poderia
desconfiar disso.
BÁRBARA – Ela soube atuar
direitinho!
FERNANDO – Mas um dia essa máscara
da Alice vai cair.
BÁRBARA – E aí ela vai ter que
sofrer as consequências de seus atos.
FERNANDO – E não serão nada bons!
BÁRBARA – Mas agora vamos deixar
essa piranhinha pra lá!
FERNANDO – Acho bom mesmo. Estava
pensando em fazer outra coisa!
BÁRBARA – Só pensando? (risos)
FERNANDO – Mas pretendo concretizar
agora!
Bárbara e Fernando se beijam e ele a
deita na cama.
Cena 5/Mansão Guimarães/Quarto de
Estevão/Noite
Estevão está deitado na cama, olhando
para o teto. Ele se lembra dos momentos com Estrela e chora.
Cena 6/Mansão Grimaldi/Quarto de
Victoria/Noite
Victoria e Franco ainda aos beijos,
quando são interrompidos pelo choro de Letícias. Eles para de se
beijar e riem.
FRANCO – Letícia, Letícia!
VICTORIA – Eu vou lá vê-la.
FRANCO – Tudo bem.
Victoria levanta-se da cama e vai até
o quarto de Letícia.
Cena 7/Mansão Grimaldi/Quarto de
Letícia/Noite
Victoria entra no quarto, acende as
luzes, fecha a porta e caminha até o berço.
VICTORIA – O que foi, meu bebê?
Victoria pega Letícia em seus braços
e a bebê para de chorar.
VICTORIA – Parece que alguém estava
querendo colo, não é?
Victoria sorri para Letícia.
VICTORIA – Você me lembra tanto a
sua mãe quando bebê. A boquinha, os olhinhos, o nariz... Tudo! E eu
sinto tanta falta da Estrela. Tanta! Mas eu vou cuidar de você com
todo carinho e atenção. Serei sua mãe e avó ao mesmo tempo! Meu
bebê, minha Letícia.
Victoria sorri novamente e beija a
testa de Letícia, que adormece.
Cena 8/Mansão Garcia/Sala de
Estar/Noite
As luzes estão todas apagadas. Alice
entra de fininho e a luz do abajur se acende. Olavo está sentado na
poltrona ao lado.
OLAVO – Boa noite, Alice.
ALICE – Ai que susto!
OLAVO – Onde você foi?
ALICE – Fui dar uma volta,
espairecer!
OLAVO – E por que você não me
avisou?
ALICE – E é preciso?
OLAVO – Sim. Eu fiquei preocupado!
ALICE – Eu só fui dar uma volta,
nada demais!
OLAVO – Menos mal. Mas mesmo assim
quero que você me avise!
ALICE – Se quiser saber de cada passo
meu, é melhor instalar um chip de gps na minha nuca. Assim vossa
majestade irá me controlar a todo momento! Boa noite.
Alice sobe as escadas e deixa Olavo sem
entender sua reação.
AMANHECE
Cena 9/Mansão Garcia/Sala de
Jantar/Manhã
Olavo desce as escadas e chega na sala.
OLAVO – Cadê a Alice?
EMPREGADA – Saiu cedinho, seu Olavo.
OLAVO – E ela disse aonde foi?
EMPREGADA – E lá a dona Alice é de
dar satisfação pra empregado?
OLAVO – Onde será que ela foi?
Olavo fica pensativo.
Cena 10/Vila do Sossego/Casa de
Madalena/Sala/Manhã
Alice está sentada no sofá frente a
frente com Madalena, ambas com uma xícara de chão em mãos.
ALICE – A senhora não sabe a saudade
que senti de você!
MADALENA – Fico feliz que tenha vindo
me visitar. Pensei que só eu estava com saudade!
ALICE – Isso é algo que a senhora
não deveria pensar!
MADALENA – E como estão as coisas?
ALICE – Tudo ótimo.
MADALENA – Mesmo?
ALICE – Sim. Por que eu mentiria?
MADALENA – Não sei...
ALICE – Está tudo tão bem que em
breve remarcarei o casamento.
MADALENA – Jura?
ALICE – Sim! E pensei em fazer algo
diferente.
MADALENA – Algo como?
ALICE – Um casamento à fantasia?
MADALENA – Casamento à fantasia? Que
loucura é essa, Alice?
ALICE – Seria o seguinte, os
convidados receberiam um convite para uma festa à fantasia, mas
chegando lá descobririam que na verdade será o meu casamento. E...
A conversa segue fora de áudio.
Cena 11/Mansão
Montenegro/Jardim/Manhã
Bianca, Rebeca, Odete e César estão
reunidos à mesa, tomando café.
REBECA – Tem dormindo bem, querida
Odete?
ODETE – Melhor impossível! Minhas
noites tem sido quentes.
REBECA – O calor do Rio de Janeiro é
realmente insuportável.
ODETE – Não é só o calor do Rio
que me aquece.
CÉSAR – Bom... Não vamos começar,
não é mesmo?
BIANCA – Por favor!
REBECA – E você, César?
CÉSAR – Eu o quê?
REBECA – Tem dormido bem junto dessa
aí?
CÉSAR – Melhor do que com você, com
certeza.
Odete ri.
REBECA – Pois aproveite bastante
esses momentos.
CÉSAR – Aproveitarei.
REBECA – Eles podem ser os últimos!
Rebeca joga o guardanapo na mesa e sai.
BIANCA – Parece que alguém não
acordou de bom humor!
Cena 12/Copacabana Palace/Quarto de
Cristina e Marcos/Manhã
Marcos e Cristina estão à mesa,
tomando café.
MARCOS – Então quer dizer que a
Paloma fugiu?
CRISTINA – Exatamante!
MARCOS – E ela já contou a verdade
pra Renata?
CRISTINA – Nua e crua!
MARCOS – E onde ela está agora?
CRISTINA – Se tudo tiver dado certo,
na cadeia!
Cena 13/Vila do Sossego/Pátio/Manhã
Carmen e Patrícia estão na porta da
casa de Carmen. Alice passa por ela.
ALICE – Cedo, cedo e vocês já
fazendo fofoca, não é dupla faraônica?
CARMEN – Bom dia pra você também,
Alice.
PATRÍCIA – Vivendo bem?
ALICE – Maravilhosamente bem!
PATRÍCIA – Imagino que o golpe que
você deu surtiu efeito.
ALICE – Golpe? Que golpe? O Olavo e
eu nos amamos!
PATRÍCIA – Ele pode até te amar,
mas você amá-lo... Ai, ai!
ALICE – Velha abusada!
CARMEN – Olha como você fala com a
Patrícia!
ALICE – Vai fazer o que, hein? Me
bater com a bengala?
CARMEN – Menina abusada!
ALICE – Não vou perder meu tempo
discutindo com duas múmias. Com licença!
Alice vai embora.
PATRÍCIA – Vê se pode!
CARMEN – Nessa aí nem surra resolve!
Cena 14/Lanchonete/Rua/Manhã
Um homem deixa um sanduíche cair no
chão e logo depois uma mulher pega. Vemos que essa mulher, mal
trapilha e faminta, é Adriana.
ADRIANA – Isso tem que acabar! Não
aguento mais essa vida!
Cena 15/Mansão
Albuquerque/Sala/Manhã
Todos os empregados estão reunidos, de
pé. Renata no primeiro degrau da escada.
RENATA – Bom, eu fiz essa reunião
para lhes comunicar algo.
EMPREGADA 1 – Exatamente o que,
senhora?
RENATA – Eu não sei nem por onde
começar.
EMPREGADO – Pelo começo, ora! Digo,
perdão dona Renata.
RENATA – Eu não posso mais
mantê-los.
Todos se surpreendem.
EMPREGADA 2 – Como é que é? Mas por
quê?
RENATA – Desde que o Marcos me deu
aquele golpe, eu perdi tudo! O que me resta são algumas economias,
mas isso vai acabar em questão de meses. Sendo assim eu não teria
dinheiro para pagar vocês!
EMPREGADO 2 – Ah, isso é de menos!
RENATA – Como?
EMPREGADA 3 – Nós trabalhamos para a
senhora por prazer, dona Renata. E olha, tem uma coisa que queremos
te dar!
RENATA – E o que seria isso?
Um dos empregados se aproxima e entrega
uma caixa para Renata.
RENATA – O que é isso?
EMPREGADA 3 – Abra!
Renata abre e vê um pouco de dinheiro.
RENATA – Ah, meu Deus. O que é isso?
EMPREGADO 3 – Nossas economias! Nós
queremos ajudar a senhora a se reeguer.
RENATA – Eu... Eu não sei nem o que
falar!
EMPREGADO 4 – Apenas aceite!
RENATA – Eu não posso. É o dinheiro
de vocês!
EMPREGADA 1 – Se o dinheiro é nosso,
podemos fazer com ele o que bem entendermos, certo? E decidirmos
dá-lo para a senhora!
Renata sorri.
RENATA – Vocês são demais! Eu juro
que quando estiver por cima de novo, não esquecerei esse ato de
caridade. Venham cá!
Os empregados de Renata se aproximam
dela e a abraçam.
Cena 16/Rua/Trânsito/Tarde
Alice está em seu carro com Fábio.
Ela atrás e ele na frente, dirigindo.
FÁBIO – Para onde a senhora quer que
eu a leve?
ALICE – Pras nuves!
FÁBIO – Aqui, no carro?
ALICE – Não! No hotel de sempre.
FÁBIO – Como a senhora desejar.
Alice sorri maliciosamente para Fábio
e coloca seu sutiã em seu ombro.
ALICE – A primeira peça já foi
tirada! Agora basta sua boa vontade para me ajudar a ficar sem o
resto.
FÁBIO – Ajudarei como bom empregado
que sou!
Alice se aproxima de Fábio e susurra
em seu ouvido.
ALICE – Empregado, não... Escravo!
Alice morde a orelha de Fábio de leve
e ri. Ele olha para ela pelo espelho retrovisor interno.
Cena 17/Fazenda A Fortaleza/Sala de
Estar/Tarde
Melissa, Afonso e Victoria sentados no
sofá.
MELISSA – Está sendo tudo difícil.
AFONSO – Eu não queria que isso
acontecesse.
VICTORIA – Eu tampouco, mas já que
temos que fazer isso, que seja memorável! Estrela será lembrada e
terá uma despedida digna.
Victoria sorri.
Cena 18/Copacabana Palace/Quarto de
Cristina/Banheiro/Tarde
Cristina está tomanho banho. Ela deixa
a água cair sob seu ombro e pensa em Marcos.
CRISTINA – Eu vou me livrar dele o
quanto antes! Ah, se vou!
Cristina sorri.
Passagem das paisagens do Rio de
Janeiro ao som de All my Love – Ariana Grande.
ANOITECE
Cena 19/Mansão
Albuquerque/Entrada/Noite
A campainha toca e Renata vai atender.
Ao abrir a porta ela se depara com uma mulher de costas.
RENATA – Quem é você?
A mulher se vira e Renata se assusta.
RENATA – Adriana?
Renata, surpresa, encara Adriana.
Cena 20/Mansão
Montenegro/Sauna/Noite
Odete e César estão dentro da sauna.
Rebeca os observa pelo vidro da porta.
REBECA – Eu disse que vocês me
pagariam!
Rebeca tranca a porta e aumenta a
temperatura da sauna. Ela sorri e vai embora.
A câmera foca em César e Odete, ainda
sem sentir os efeitos do que Rebeca fez.
Cena 21/Mansão Montenegro/Quarto de
Bianca/Noite
Rebeca, sem bater, entra no quarto.
BIANCA – Que isso, Rebeca? Esqueceu a
educação no primeiro andar?
REBECA – Eu vim aqui conversar com
você.
BIANCA – O que você quer?
REBECA – Acabar com essa história!
BIANCA – E vai fazer o quê? Me
matar?
REBECA – Não! Isso eu fiz com seu
pai e a Odete, que estão presos lá na sauna como dois frangos de
padaria.
BIANCA – Sua louca!
Bianca tenta passar por Rebeca, mas ela
pega um pano e coloca no nariz de Bianca, que desmaia.
REBECA – Boa noite, querida!
Rebeca joga Bianca no chão, sai do
quarto e tranca a porta por fora.
REBECA – Eu disse que todos me
pagariam!
Rebeca sorri e desce as escadas.
Cena 22/Mansão
Montenegro/Sala/Noite
Rebeca pega suas malas e sai da casa.
Ela tranca a porta por fora e caminha até seu caro.
FIM DE CAPÍTULO
0 comentários:
Postar um comentário