Capítulo 47
ÚLTIMA SEMANA
Cena 1/Mansão Garcia/Sala/Noite
Alice ainda enrolada no lençol e
sentada no sofá. Fábio segue com a arma apontada para Olavo, caído
em cima da mesinha de centro, espatifada.
FÁBIO – Eu o matei... Eu matei o
Olavo!
ALICE – Por uma causa nobre.
FÁBIO – Eu sei que precisava salvar
você, mas eu matei uma pessoa!
ALICE – Não se martirize, meu amor.
Você fez o que era necessário!
FÁBIO – Eu sou um monstro!
Alice levanta-se e coloca suas mãos no
rosto de Fábio.
ALICE – Você fez o que devia!
Alice encara Olavo, que ainda está
vivo. Ela aproxima-se dele e se agacha ao seu lado.
ALICE – Então você ainda tá vivo,
Olavo? Até na hora de morrer você não facilita!
Olavo apenas olha para Alice, sem
conseguir dizer nada.
ALICE – Mas eu vou te ajudar a cantar
pra subir mais rápido. Quer ouvir uma historinha? Vou contar uma
maravilhosa agora: o meu passado.
Alice sorri e encara Olavo.
Cena 2/Mansão Guimarães/Quarto de
Estevão/Noite
Estevão está sentado em sua cama,
assistindo televisão. Bárbara bate na porta e entra.
ESTEVÃO – Mãe?
BÁRBARA – Posso falar com você um
segundo?
ESTEVÃO – Um segundo, um minuto, uma
hora. O tempo que você quiser!
Bárbara senta-se na cama, ao lado de
Estevão.
ESTEVÃO – Sobre o que a senhora quer
falar?
BÁRBARA – Sobre o seu casamento!
ESTEVÃO – Amanhã é o grande dia!
BÁRBARA – E como você está?
ESTEVÃO – A mil por hora! Eu esperei
tanto tempo pra enfim me casar com a Estrela. Eu vou ter a mulher que
eu amo oficialmente pra mim, mãe.
BÁRBARA – Como se algum dia ela
tivesse deixado de ser sua, né? (risos)
Estevão ri.
BÁRBARA – Eu estou muito feliz por
você, querido. Parece que foi ontem que você estava correndo por
essa casa, caindo no chão e abrindo um berreiro porque tinha ralado
o joelho!
ESTEVÃO – Eu fui uma criança muito
peralta?
BÁRBARA – Na medida certa! E agora
você é um homem. Um homem que vai se casar amanhã!
Bárbara alisa o rosto de Estevão com
a sua mão.
BÁRBARA – Eu te amo, filho!
ESTEVÃO – Eu também te amo, mãe.
Estevão e Bárbara se abraçam.
Cena 3/Vila do Sossego/Casa de
Madalena/Sala/Noite
Madalena está deitada no sofá,
assistindo televisão. Ela começa a relembrar do seu passado.
FLASHBACK
Madalena está no pátio da vila, de
joelhos, em frente à Alice, ainda criança. Ela chora.
MADALENA – Eu sei como é
difícil perder as pessoas que amamos. Sei também que a culpa não
foi sua! Legítima defesa não é crime. Você ainda é uma criança
e não vai acontecer nada contigo, por mais que você tenha matado o
seu próprio pai. Ele que pediu isso! Ele que provocou a própria
morte!
FIM DO FLASHBACK
Madalena seca as lágrimas que caem de
seus olhos.
MADALENA – Isso vai me atormentar
para sempre!
Cena 4/Mansão Garcia/Sala/Noite
O cenário continua o mesmo, mas dessa
vez Alice e Fábio estão sentados lado a lado. Olavo ainda no chão,
sangrando.
FÁBIO – Que tipo de história seria
essa?
ALICE – Sobre um crime.
FÁBIO – Que tipo de crime?
ALICE – Um assassinato.
FÁBIO – Do que você ta falando?
ALICE – Pra você entender melhor nós
iremos fazer uma viagem no tempo!
Alice sorri.
FLASHBACK
Estamos na casa de Madalena. É
noite e todas as luzes estão apagadas. A câmera caminha pelos
corredores da casa até adentrar o quarto de Madalena, com a porta
aperta. Há um homem aos beijos com uma menina. Este homem é
Conrado, marido de Madalena. E a menina é... Alice!
ALICE – Eu nunca fui uma pessoa
má. Tive meus momentos de anjo bondoso! Quando criança sempre fui
obediente. Nunca fiz mal algum a quem quer que fosse. Mas ele quis me
tornar assim... Aquele desgraçado!
FÁBIO – Ele quem?
ALICE – O meu pai! Ele abusava
sexualmente de mim!
Alice corre pelo corredor, fecha a
porta do banheiro e senta-se no chão, vestida apenas por uma
camisola rasgada. Conrado bate na porta.
CONRADO – Abre essa porta,
princesinha. Abre! O papai não vai te fazer mal algum. Você sabe
que eu te adoro, né? Papai só quer brincar com você! De cavalinho,
hein.
Alice chora.
ALICE – Eu não tinha como me
defender. Era só uma frágil criança perto de um adulto louco! A
minha mãe não estava presente. Ela estava morando na Europa com
seus patrões. Havia recebido uma proposta de emprego irrecusável e
me deixou lá, com o meu pai. Sem saber que tipo de homem ele era!
Conrado e Alice estão sentados a
mesa, jantando. Ele passa sua mão nas pernas de Alice.
CONRADO – Acho bom você dormir com
papai hoje. Ontem teve pesadelo e isso não é bom! Papai vai te
proteger dando aquele abraço gostoso.
Conrado, com malícia, encara Alice,
assustada.
FÁBIO – E o que você fez?
ALICE – Dei um fim nessa história!
Alice, apenas de camisola, está
deitada embaixo das cobertas. Conrado, só de cueca, entra no quarto.
CONRADO – Vamos brincar um pouco
antes de dormir, bebê?
Conrado sorri e vai até Alice. Ele
deita embaixo da coberta e passa as mãos nas pernas dela.
ALICE – Vamos brincar de cavalinho,
papai!
CONRADO – Isso! Boa menina.
Finalmente entendeu que papai só quer brincar com você!
Alice sorri. Conrado deita-se na
cama e ela senta-se em cima dele.
CONRADO – Upa cavalinho!
Alice sorri para Conrado e depois
olha para o criado-mudo. Em cima dele uma tesoura.
ALICE – Papai.
CONRADO – Fala, meu amor.
ALICE – Quero brincar de uma coisa!
CONRADO – Do quê?
ALICE – Você não pode saber! Mas
vai gostar. Tenho que vendar seus olhos e amarrar suas mãos.
Conrado sorri.
CONRADO – Parece que enfim você
aprendeu a brincar como o papai gosta!
Alice sorri, levanta-se, abre o
armário e pega umas tiras. Ela amarra as mãos de Conrado na cama e
sobe em cima dele novamente, com a tesoura em mãos.
CONRADO – Pra que essa tesoura,
amorzinho? Você não disse que ia vendar os meus olhos?
ALICE – Seu porco nojento! Eu sou só
uma criança. Como você teve coragem de fazer isso com a sua própria
filha? Eu sou indefesa, inocente e você é um demônio!
CONRADO – O que você vai fazer com
isso, Alice? Cuidado!
ALICE – Vou fazer o que eu deveria
ter feito desde o começo. Vou te mandar pro inferno, papaizinho!
Alice sorri, amordaça Conrado e lhe
enfia a tesoura várias vezes na barriga. O sangue jorra e suja a
camisola branca de Alice, além de seu rosto.
ALICE – Vai pro inferno!
FIM DO FLASHBACK
Voltamos aos tempos atuais. Alice,
chorando, é amparada por Fábio.
ALICE – Aquele monstro teve coragem
de abusar de mim! Ele tirou a minha pureza, destruiu meus sonhos e me
transformou no que eu sou! Eu não queria ser assim, meio louquinha.
Mas depois disso eu perdi o equilíbrio mental. Eu enlouqueci!
Alice chora torrencialmente. Fábio a
abraça.
FÁBIO – Chora porque faz bem pra
alma! E a sua mãe, o que fez?
ALICE – Voltou da Europa assim que
soube do crime. Ela ficou do meu lado e acreditou em mim! A polícia
não condenou nenhuma de nós duas ou alguém que fosse próximo. Mas
essa notícia vazou na imprensa e o país inteiro ficou sabendo desse
crime. Até hoje sinto medo de ser reconhecida por seu sobrenome ou
de relacionarem minha mãe a isso.
FÁBIO – E quantos anos você tinha
quando tudo aconteceu?
ALICE – 10. 10 anos. Eu tinha 10
anos! Uma quase pré-adolescente que teve seus sonhos interrompidos
por uma mancha negra, obscura. Uma mancha que até hoje insiste em me
perseguir!
Olavo suspira. Alice pega a arma,
levanta-se e aponta para ele.
ALICE – Eu sinto nojo de você! Nojo
porque você me lembra o meu pai. Todas as vezes que eu transava com
você me lembrava de quando aquele porco nojento abusava de mim. Eu
disfarçava minhas expressões pra você não notar que a minha real
vontade era vomitar enquanto estava deitada contigo. Quando beijava a
sua boca me dava ânsia! Eu nunca te amei, Olavo. Nunca! E agora
repito a mesma frase que disse há 19 anos atrás: VAI PRO INFERNO!
Alice atira várias vezes contra Olavo,
que morre. Ela chora e Fábio a abraça.
FÁBIO – E agora?
ALICE – Agora a gente vai se livrar
desse peso morto!
Alice encara Fábio.
Cena 5/Mansão Garcia/Garagem/Noite
Alice e Fábio, já vestidos, carregam
o corpo de Olavo, enrolado no tapete, para o carro. Alice abre o
porta-malas do veículo e com o auxílio de seu amante o coloca lá.
Ela fecha o porta-malas. Uma tempestade começa a cair.
Toca a instrumental de ação de
Avenida Brasil.
ALICE – Essa tempestade infernal
tinha que cair logo agora?
FÁBIO – Isso vai atrapalhar os
nossos planos.
ALICE – Não vai não! Eu vou me
livrar do corpo do Olavo nem que pra isso tenha que encarar um
tsunami. Agora entra no carro e vamos logo! Já sei aonde vou deixar
o corpo dele.
Alice e Fábio entram no carro.
Cena 6/Rio de
Janeiro/Mangueira/Albergue/Noite
Renata, Adriana e Paloma deitadas em
suas respectivas camas.
RENATA – Quem diria que viríamos
parar aqui.
ADRIANA – Da high society para a
favela... A que ponto chegamos!
PALOMA – Apesar dos pesares estamos
bem. Ainda daremos a volta por cima!
RENATA – E eu acho que isso não vai
demorar muito.
ADRIANA – Por quê?
RENATA – O Marcos, antes de morrer,
disse que faria algo que vai me reerguer.
PALOMA – E o que você pensa que ele
fez?
ADRIANA – Diz logo!
RENATA – Acredito que o Marcos vai me
devolver tudo o que é meu por direito!
Cena 7/Marina da Glória/Noite
Alice para o seu carro pouco antes do
cais. Ela desce do veículo e olha pelos lados pra ver se encontra
alguém. Depois volta para dentro dele.
FÁBIO – E então?
ALICE – Não tem ninguém.
FÁBIO – O que você pretende fazer?
ALICE – O Olavo tem um iate que está
ancorado aqui. Eu estou com a chave e ele que a gente vai usar pra se
livrar do Olavo!
FÁBIO – E como você vai fazer isso?
Tá caindo um temporal!
ALICE – Essa é a ocasião! Ou vai ou
racha.
Alice encara Fábio.
Cena 8/Alto Mar/Noite
Está acontecendo
uma forte tempestade. Há um iate no meio do mar que, com a
intensidade do balançar das águas, vai e vem. A câmera se aproxima
aos poucos e flagra Alice e Fábio. Eles desenrolam Olavo de dentro
do tapete. Alice joga o corpo ao mar que afunda. Fábio arranca com
o iate de lá. O corpo de Olavo emerge.
CORTA PARA:
Cena 9/Mansão
Garcia/Sala/Noite
Alice e Fábio,
encharcados, entram em casa. Ela fecha a porta e acende a luz.
ALICE – Enfim
livres desse peso morto!
FÁBIO – E
agora?
ALICE – E agora
iremos limpar essa bagunça antes que os empregados cheguem. Foi uma
idéia genial me livrar desses escravos insolentes.
FÁBIO – Depois
disse o que você vai fazer?
ALICE – Eu vou
dar a cartada final.
FÁBIO – Mais
uma?
ALICE – O
casamento da Estrela é amanhã e eu não vou deixar ela ser feliz.
Esse casamento de araque não vai acontecer! Nem que pra isso eu
tenha que matar novamente.
Alice encara
Fábio.
AMANHECE
Cena 10/Mansão Albuquerque/Sala de
Jantar/Manhã
Cristina desce as escadas e encontra a
mesa do café preparada. Ela senta-se na cadeira e toma seu café, o
desaprova e cospe.
CRISTINA – QUEM FEZ ESSA PORCARIA
AQUI?
A empregada entra correndo na sala.
EMPREGADA – Fui eu senhora.
CRISTINA – Só podia ser uma negra!
EMPREGADA – Eu errei em alguma coisa?
CRISTINA – Errou em ter nascido,
preta imunda. Essa porcaria de café só serve pra fazer isso!
Cristina joga o café quente na cara da
empregada.
CRISTINA – Preto no preto.
Cristina ri. A empregada chora.
EMPREGADA – A senhora não pode fazer
isso!
CRISTINA – Cala, negrinha! Sabe como
era o tempo da escravidão? Então, agora é quase igual. Eu mando e
você obedece sem pestanejar!
EMPREGADA – O tempo da escravidão já
passou.
CRISTINA – Pra mim, não. Se eu
quiser mando colocar tronco lá fora pra te dar umas chibatadas.
Agora sai daqui antes que eu te demita!
Chorando, a empregada sai da sala.
CRISTINA – Preto só serve mesmo pra
jogar futebol.
Cena 11/Mansão Grimaldi/Quarto de
Estrela/Manhã
Victoria abre a porta do quarto.
Estrela acorda lentamente.
ESTRELA – Bom dia, mamãe.
VICTORIA – Bom dia, querida. Dormiu
bem?
ESTRELA – Apesar da ansiedade, sim.
VICTORIA – Hoje é o grande dia!
ESTRELA – Nem acredito que meu
casamento finalmente chegou.
VICTORIA – E hoje vai acontecer!
ESTRELA – Eu estou tão apreensiva.
VICTORIA – Eu imagino como você deve
estar.
Victoria lacrimeja.
ESTRELA – Ah, mãe, ta chorando?
Estrela seca as lágrimas de Victoria.
VICTORIA – Sim, filha, mas é de
emoção! Ontem mesmo você ainda estava brincando de boneca e
hoje... Hoje você vai se casar! Eu estou tão feliz por você. Minha
menininha vai se tornar uma mulher! Quer dizer, já é. (risos)
ESTRELA – Mas mesmo depois de casada,
mesmo que eu fique velha, continuarei sendo a sua menininha!
Estrela e Victoria, emocionadas, se
abraçam.
Toca a instrumental Diário de uma
Espera – Amor à Vida.
VICTORIA – Eu te amo tanto, Estrela.
ESTRELA – Eu também te amo, mamãe.
Minha mamãe!
Cena 12/Fazenda A
Fortaleza/Sala/Manhã
Há certa movimentação de
funcionários na sala e fora dela. Eles arrumam os detalhes finais
para o casamento. Melissa e Afonso estão na escada, de pé.
MELISSA – Está ficando tudo tão
lindo!
AFONSO – Eu nem acredito que a nossa
netinha vai se casar.
MELISSA – Ela vai se tornar uma
mulher.
AFONSO – Mulher ela sempre foi. Agora
ela vai se tornar uma mulher de família!
MELISSA – Já é mãe e agora será
esposa.
AFONSO – O tempo voa.
MELISSA – Parece que ontem ela estava
correndo por essa fazenda, querendo andar de cavalo...
AFONSO – Parece que ontem mesmo eu
ouvi o choro dela pela primeira vez.
MELISSA – É, meu velho, estamos
ficando velhos! (risos)
AFONSO – E envelheceremos juntos.
MELISSA – Juntinhos!
Afonso e Melissa se beijam.
Cena 13/Mansão Montenegro/Rua/Manhã
Rebeca, coberta por uma roupa preta,
anda pela rua e para em frente à mansão. Ela a observa por alguns
minutos e depois vai embora.
Cena 14/Mansão Guimarães/Quarto de
Estevão/Manhã
Fernando bate na porta e entra.
ESTEVÃO – E aí pai, eu já ia
descer pra tomar o café.
FERNANDO – Antes eu quero conversar
com você sobre o casamento.
ESTEVÃO – Hoje é o grande dia!
FERNANDO – Eu estou tão feliz e
emocionado por você, meu filho.
ESTEVÃO – Se o senhor está assim,
imagina como eu me sinto?
FERNANDO – Fico feliz por saber que
você vai se casar com a mulher da sua vida.
ESTEVÃO – Eu amo tanto a Estrela que
o senhor não imagina.
FERNANDO – Posso não imaginar a
proporção desse amor, mas percebo o brilho nos seus olhos quando
você fala dela. A Estrela tem faz tão bem!
ESTEVÃO – Ela é um anjo. Meu anjo!
FERNANDO – Vem cá, me dá um abraço!
Estevão e Fernando se abraçam,
emocionados.
FERNANDO – Parabéns, meu filho!
Parabéns! Eu te amo.
ESTEVÃO – Eu também te amo, pai.
Cena 15/Mansão Garcia/Quarto de
Alice/Manhã
Fábio, beijando Alice desde seus pés
até sua boca, a acorda.
FÁBIO – Bom dia, meu amor.
ALICE – Bom dia.
Alice e Fábio se beijam.
FÁBIO – Dormiu bem?
ALICE – Melhor impossível.
FÁBIO – Eu tive certa dificuldade
pra dormir.
ALICE – Na segunda noite você
acostuma.
FÁBIO – Você ainda quer fazer
aquilo?
ALICE – Sim. Eu disse que não vou
deixar a Estrela se casar e não vou mesmo!
FÁBIO – Por que você quer fazer
isso?
ALICE – Por dois motivos: o primeiro
é que eu odeio a Estrela. E o segundo é que...
FÁBIO – Que você é apaixonada pelo
Estevão, não é?
ALICE – Exatamente!
FÁBIO – Eu pensei que você me
amasse.
ALICE – Eu te amo, Fábio. É claro
que eu te amo! Mas existe uma grande diferença entre amar e ser
apaixonada. Não se magoe com isso. E aproveite enquanto pode porque
um dia eu vou conquistar o Estevão e serei só dele!
Alice beija Fábio, levanta-se da sua
cama, ajeita a camisola e vai para o banheiro.
FÁBIO – Isso não pode acontecer.
Você é minha, Alice! Minha!
Cena 16/Mansão Grimaldi/Quarto de
Estrela/Tarde
Estrela está experimentando seu
vestido. Uma estilista dá os últimos retoques e Victoria a observa.
VICTORIA – Você está deslumbrante,
meu amor!
ESTRELA – E não era pra menos. Uma
ocasião como a de hoje pede todo luxo possível!
Estrela sorri e alisa seu vestido.
Cena 17/Mansão Guimarães/Quarto de
Estevão/Tarde
Estevão em frente ao espelho ajeita
seu terno.
ESTEVÃO – Hoje é o grande dia!
Estevão sorri.
Cena 18/Mansão
Grimaldi/Corredor/Tarde
Victoria sai do quarto de Estrela,
fecha à porta, pega seu celular, disca o número de Olavo e o leva
ao ouvido.
VICTORIA – Atende essa porcaria,
Olavo!
Cena 19/Mansão Garcia/Quarto de
Alice/Tarde
O celular de Olavo, que está sob o
criado-mudo, toca. Alice entra no quarto e o atende.
ALICE – Alô?
Cena 20/Mansão
Grimaldi/Corredor/Tarde
VICTORIA – Alice?
ALICE – (cel) Quem tá falando?
VICTORIA – Sou eu, Victoria. Cadê o
Olavo?
ALICE – (cel) O que você quer com o
meu marido?
VICTORIA – Isso é assunto meu com
ele e não lhe diz respeito.
ALICE – (cel) A partir do momento em
que eu sou esposa do Olavo, tudo o que estiver relacionado a ele me
diz respeito.
VICTORIA – Comigo não tem essa.
Chama ele logo e me poupa de escutar essa sua voz de ninfeta.
ALICE – (cel) O Olavo não está.
VICTORIA – Não? Como assim? Ele foi
pra empresa?
ALICE – (cel) O meu marido foi para
Fernando de Noronha resolver uns problemas relacionados à empresa.
VICTORIA – Logo hoje, no dia do
casamento da filha dele?
ALICE – (cel) Ossos do ofício,
querida.
VICTORIA – E por que ele deixou o
celular em casa?
ALICE – (cel) Isso não te interessa.
Se quiser falar com o MEU marido, vai ter que esperar! E quanto ao
casamento fique tranquila. Vai dar tudo certo! Espere e verá.
Alice desliga o celular.
VICTORIA – Muito estranho isso...
Muito estranho!
Victoria fica intrigada.
ANOITECE
Cena 21/Fazenda A
Fortaleza/Jardim/Noite
A fazenda está movimentada. Há
fotógrafos tirando várias fotos e muitos convidados. Garçons
servindo drinks e etc. Foco em um canto em especial, com os
familiares dos noivos.
VICTORIA – Está tudo tão lindo.
BÁRBARA – A decoração ficou
maravilhosa!
AFONSO – Realmente vocês mulheres
tem bom gosto pra essas coisas.
FRANCO – Está tudo lindo.
MELISSA – Vai ficar mais lindo ainda
na hora do casamento.
FERNANDO – Falta tão pouco!
VICTORIA – E eu estou começando a
ficar preocupada.
FRANCO – Por que, meu amor?
VICTORIA – O Olavo ainda não chegou
e nem deu notícias.
FRANCO – E o que isso tem demais?
VICTORIA – É ele quem vai conduzir a
Estrela ao altar.
FRANCO – Talvez ele tenha ido de casa
direto para a mansão. Vai ver o Olavo resolveu acompanhar a Estrela
desde lá!
VICTORIA – É, pode ser... Ao menos
eu espero!
Victoria fica apreensiva.
Cena 22/Mansão Garcia/Sala/Noite
Alice e Fábio de pé, frente a frente.
ALICE – E é assim que deve
acontecer!
FÁBIO – Sem machucar ela, certo?
ALICE – Essa parte você deixa
comigo. Apenas apague a Estrela e a leve pro carro. Vou estar te
esperando do lado de fora.
FÁBIO – Você não acha isso
arriscado?
ALICE – Faça o que eu estou te
mandando fazer e nada sairá errado!
Cena 23/Mansão Grimaldi/Quarto de
Estrela/Noite
Toca a instrumental Primeiro Beijo –
Amor à Vida.
Estrela está em frente ao espelho, já
vestida em seu vestido de noiva.
ESTRELA – O grande momento está
chegando! Enfim vou me casar com o homem da minha vida.
Estrela sorri e, emocionada, seca as
lágrimas que caem de seus olhos.
Cena 24/Mansão
Montenegro/Fundos/Noite
Rebeca escala o muro e pula dentro da
casa.
REBECA – Que os jogos comecem, bebê!
Rebeca sorri.
Cena 25/Mansão
Grimaldi/Corredor/Noite
Estrela passa pelo corredor e desce as
escadas.
Cena 26/Mansão Grimaldi/Sala/Noite
As luzes da mansão estão apagadas.
Estrela, levantando o vestido, anda para a saída. Ela ouve um
barulho.
ESTRELA – Tem alguém aí? Mãe? Pai?
Fábio sai da cozinha e Estrela se
assusta.
ESTRELA – Quem é você? O que você
quer?
FÁBIO – Te levar pra um passeio!
ESTRELA – Passeio? Que passeio? Eu
tenho que me casar!
Fábio se aproxima de Estrela.
ESTRELA – Se afaste, por favor!
FÁBIO – Calma, gatinha, eu não vou
te fazer mal!
Fábio tira um pano de seu bolso e em
seguida um frasco.
FÁBIO – Não vai doer nada!
ESTRELA – SOCORRO!
Fábio coloca o pano na boca de
Estrela, que desmaia.
FÁBIO – Se não tivesse que te levar
pra Alice, eu ia adorar explorar esse teu corpinho... Ah se ia!
Fábio sorri e pega Estrela em seus
braços.
Cena 27/Mansão Grimaldi/Saída/Noite
Não há ninguém na rua. Fábio sai
com Estrela em seus braços e Alice vibra ao ver a cena. Ela sai de
seu carro, abre o portão e sorri.
FÁBIO – Lá vem à noiva, toda de
branco...
Fábio ri.
ALICE – Perfeito! Quero ver agora o
Estevão se casar sem a noiva.
Estrela sorri.
FIM DE CAPÍTULO
Dia 23, de Lady Marizete:
Rainha do mar.
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