quarta-feira, 18 de março de 2015

Velhos Tempos - Capítulo 32



ÚLTIMAS SEMANAS

Cena 1/ Mansão Sabarah/ Sala de jantar/ Interno/ Manhã
(Continuação imediata da última cena do capítulo anterior)
CARLOTA: Eu não aceito me casar com você, Sávio.
BONAVANTE: Mas o que significa isso, Carlota?
CARLOTA: Eu disse ao senhor que eu não me casaria com alguém que eu não amo. Estou sendo apenas convicta com os meus desejos e pensamentos. Eu sinto muito, Sávio. Com licença.
(Carlota levanta-se e sai. Clarissa e Cassilda vão atrás dela)
BONAVANTE: Desculpe, Sávio.
SÁVIO: Tudo bem, doutor Bonavante.
BONAVANTE: A Carlota não tinha o direito de te humilhar dessa maneira. Mas eu garanto a você que esse casamento irá acontecer, se você ainda quiser, claro.
SÁVIO: Casar com a Carlota é o que eu mais quero, doutor Bonavante. Eu não irei desistir da sua filha tão fácil.

Cena 2/ Mansão Sabarah/ Quarto Carlota/ Interno/ Manhã
(Carlota entra. Atrás dela, entram Cassilda e Clarissa)
CASSILDA: Carlota, você está bem?
CARLOTA: Estou ótima. Clarissa, desculpe por ter feito o seu irmão passar por aquela humilhação, mas eu não posso sacrificar a minha felicidade desse jeito.
CLARISSA: Tudo bem, Carlota, eu entendo. Na verdade, eu vim te contar uma coisa bastante chata que aconteceu comigo.
CARLOTA: Que coisa?
CLARISSA: A Cassandra tentou me matar.
CASSILDA e CARLOTA: O quê?
CLARISSA: A Cassandra descobriu que a Ariana ficou sabendo que ela foi a responsável pela morte do padre Juscelino. Ela achou que fui eu quem contou e, por isso, me ameaçou com uma faca.
CARLOTA: A Cassandra está passando dos limites.
CLARISSA: Carlota, você precisa tomar uma providência o mais rápido possível. Uma desequilibrada como a Cassandra não pode mais viver entre nós.

Cena 3/ Mansão Bragança/ Sala de estar/ Interno/ Manhã
(Charles e Laurinda, chorosa, sentados no sofá)
LAURINDA: Ele tem uma amante, Charles. Seu pai tem uma amante.
CHARLES: Mãe, a senhora não pode acreditar totalmente nas palavras daquela vidente.
LAURINDA: Por que não, Charles? Ela viu na bola de cristal o seu pai se enroscando com a vagabunda.
CHARLES: Mas ela não viu o rosto da suposta amante do papai.
LAURINDA: Suposta?
CHARLES: Mãe, a senhora não pode dar tanta credibilidade pra aquela vidente. Ela disse apenas o que a senhora queria ouvir. Ela está faturando em cima do seu sofrimento.
LAURINDA: Eu não acredito que você está defendendo o seu pai, Charles.
(Osório entra)
OSÓRIO: Com licença.
LAURINDA: O que você quer, Osório?
OSÓRIO: Eu quero fazer uma revelação.
LAURINDA: Que revelação?
OSÓRIO: Dona Laurinda, eu não pude deixar de ouvir toda a conversa. Eu não posso ficar mais calado diante disso. Mas eu quero algo em troca.
LAURINDA: O quê?
OSÓRIO: Proteção. O doutor Viriato está querendo me matar, então...
CHARLES: Diga logo o que você tem a dizer, Osório.
OSÓRIO: Eu vim apenas confirmar as palavras da vidente. O doutor Viriato realmente tem uma amante.
LAURINDA: E quem é a vagabunda.
OSÓRIO: A Gertrude.

Cena 4/ Vila Prata/ Casa Chester/ Cozinha/ Interno/ Manhã
(Vitorino entra e pára no local onde o corpo de Elizeu foi encontrado)
VITORINO: Foi aqui que meu pai morreu. Bem aqui.
(Vitorino se agacha e apalpa o piso)
VITORINO: As marcas do sangue já estão frescas. Pobre pai. Ele não merecia isso.
(Vitorino passa um tempo olhando para a cerâmica, quando percebe algo reluzente no chão. Ele pega o objeto brilhante)
VITORINO: Uma moeda de ouro? Mas o que essa moeda está fazendo aqui?
(Vitorino olha para a moeda de ouro, intrigado)

Cena 5/ Vila Prata/ Casa Chester/ Quarto Marcílio/ Interno/ Manhã
(Marcílio entra. Logo atrás, entra Dorotéia)
MARCÍLIO: Droga, droga e droga. O Vitorino vai descobrir tudo, mãe. Ele vai descobrir que eu matei o papai. Ele vai me jogar na cadeia.
DOROTÉIA: Pára com isso, Marcílio. Desde quando você tem medo do Vitorino? Ele não vai descobrir nada, se você não der motivos para ele desconfiar. E se ele descobrir que o Elizeu foi assassinado, a gente arranja um bode expiatório para levar a culpa no seu lugar.
MARCÍLIO: Eu deveria ter me controlado, ter engolido todos os sapos que o papai despejou em cima de mim.
DOROTÉIA: Não se culpe, Marcílio. Pense pelo lado positivo. Agora que seu pai está morto, ele não será mais um estorvo nas nossas vidas.
MARCÍLIO: A senhora está feliz com a morte do papai?
DOROTÉIA: Eu estou aliviada. Pelo menos, agora ele não irá mais atrapalhar os nossos planos. Esqueça isso, Marcílio, bloqueie da sua mente. Foque na Laurinda. Vá a casa dela. Use a morte do seu pai como método de aproximação.
MARCÍLIO: Mas a senhora não acha estranho eu aparecer na casa dela assim do nada?
DOROTÉIA: Faça o que eu estou mandando, Marcílio.

Cena 6/ Mansão Sabarah/ Quarto Carlota/ Interno/ Manhã
(Carlota sentada em sua cama. Bonavante entra)
BONAVANTE: Podemos conversar?
CARLOTA: Se for sobre o fato de eu ter recusado o pedido de casamento do Sávio, eu acho...
BONAVANTE: É sobre isso sim. O que você tinha na cabeça quando não aceitou o pedido de casamento dele?
CARLOTA: Eu disse mais de mil vezes que não iria se casar com um homem que eu não amo.
BONAVANTE: E se o Joca estivesse no lugar do Sávio, você se casaria?
CARLOTA: Pai, nós temos que trabalhar com a realidade e a realidade é que o Sávio me pediu em casamento. Eu não irei me casar com ele. Pra que ainda insistir nessa história?
BONAVANTE: Porque o Sávio é o melhor pra você.
CARLOTA: Quem diz o que é melhor pra mim sou eu. Eu sou dona do meu próprio nariz.
BONAVANTE: Não, não é. Você mora na minha casa, come a minha comida, dorme na cama que eu comprei. Enquanto as coisas continuarem assim, eu serei o responsável por traçar o seu destino, Carlota.
CARLOTA: Mas o senhor não tem o direito de...
BONAVANTE: Eu conversei com o Sávio e ele ainda se mostrou disposto a se casar com você. Esse casamento irá acontecer, Carlota, você querendo ou não, custe o que custar.
(Bonavante sai)

Cena 7/ Vila Prata/ Casa Juscelino/ Quarto Joca/ Interno/ Manhã
(Ariana e Joca sentados lado a lado)
JOCA: Você não podia ter agredido a Cassandra no meio da rua, Ariana.
ARIANA: Mas eu não me agüentei quando vi aquela assassina andando na rua sustentando aquela cara de pau. Joca, ela precisa pagar pelo o que fez.
JOCA: Ela irá, mas precisamos de provas que mostrem que ela matou o padre Juscelino.
ARIANA: Eu já sei como fazer isso. Está na hora de armarmos uma emboscada para a Cassandra.
(Ariana encara Joca)

Cena 8/ Mansão Sabarah/ Quarto Cassandra e Cassilda/ Interno/ Manhã
(Cassandra em frente à penteadeira. Carlota entra)
CARLOTA: Dessa vez, você passou de todos os limites, Cassandra.
CASSANDRA: O que você quer, Carlota? Não vá me dizer que se arrependeu de ter recusado o pedido de casamento do Sávio?
CARLOTA: Isso nunca.
CASSANDRA: Você ainda tem esperanças de um relacionamento com o Joca? Boba iludida.
CARLOTA: Assassina. Não bastou ter matado o padre Juscelino, você queria acrescentar a Clarissa à sua lista?
CASSANDRA: A fofoqueira já veio te contar o que aconteceu?
CARLOTA: Você vai pagar por isso, Cassandra.
CASSANDRA: Vai fazer o quê? Contar para o papai que eu me tornei uma assassina?
CARLOTA: Não seria uma má ideia.
CASSANDRA: Você não pode fazer isso, Carlota. Se você contar para o papai, eu juro que acabo com a tua raça.
CARLOTA: Então pare de atormentar a minha vida e a do Joca.
(Carlota sai)

Cena 9/ Mansão Bragança/ Sala de estar/ Interno/ Manhã
(Marcílio sentado em uma poltrona. Laurinda, os olhos vermelhos de tanto chorar, desce a escada)
LAURINDA: O que você está fazendo aqui, Marcílio? Eu acho que depois daquele beijo, nós não deveríamos mais nos encontrar.
MARCÍLIO: Desculpe, mas é impossível, Laurinda. Eu me apaixonei por você.
LAURINDA: Marcílio, eu não posso me aventurar em um relacionamento com você. Ainda mais agora que a minha vida está uma confusão.
MARCÍLIO: Você está bem, Laurinda?
LAURINDA: Ah Marcílio, meu casamento. Eu não sei mais o que fazer com o meu casamento. Descobri que o Viriato tem um caso com a minha própria governanta, mas não sei como dar o flagra.
MARCÍLIO: Se você quiser, eu posso te ajudar.
LAURINDA: Marcílio, eu agradeço, mas...
MARCÍLIO: Laurinda, você é uma mulher mais do que especial. Não merece sofrer por um homem que não te valoriza. Se você precisa ter certeza dessa traição, eu faço questão de te ajudar.
LAURINDA: Tanto o Viriato quanto a Gertrude não estão em casa.
MARCÍLIO: E você tem um palpite de onde eles podem estar agora?
LAURINDA: Num motel que fica na beira da estrada, logo na saída da vila.
MARCÍLIO: Ótimo, eu já sei como te ajudar a flagrar a traição do seu marido.
(Marcílio encara Laurinda)

Cena 10/ Vila Prata/ Comércio Geraldo/ Interno/ Manhã
(Vitorino está no balcão. Clarissa entra)
VITORINO: Clarissa.
CLARISSA: Podemos conversar, Vitorino?
(Clarissa encara Vitorino)

Cena 11/ Motel/ Suíte/ Interno/ Manhã
(Viriato e Gertrude deitados e nus)
GERTRUDE: Já deveríamos ter ido para casa. A Laurinda pode desconfiar.
VIRIATO: Fique tranqüila.
GERTRUDE: Já sabe como irá eliminar o Osório?
VIRIATO: Sim. Está tudo sob controle. Agora vem e me beija.
(Laurinda entra)
LAURINDA: Então é verdade.
VIRIATO: Laurinda?
LAURINDA: Meu marido e minha amiga. Desde quando, hein? DESDE QUANDO?
(Laurinda encara Viriato e Gertrude. Congela em Laurinda)


FIM DO CAPÍTULO
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