sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
Fixação - Capítulo 15
Cena 1/ Motel/ Interno/ Noite
SOLANO: É assim que você pretende eliminar a Amanda do seu caminho? Matando-a? Fazer com ela o que você fez com a sua própria mãe?
LUANA: Eu não sei por que você se lembrou dessa história.
SOLANO: Porque foi depois de você matar sua mãe que você prometeu que não iria mais usar a morte como uma forma de solucionar algum problema.
LUANA: Mas essa será uma promessa que eu terei que quebrar. Eu só vou tirar a Amanda do meu caminho definitivamente se eu matá-la.
SOLANO: Você não se arrepende de ter matado a sua própria mãe?
LUANA: Claro que me arrependo. Era a minha mãe, poxa. Mas aquilo foi uma questão de necessidade. Você sabe muito bem o que aconteceu. Além de ter me dado uma surra naquele barzinho xexelento, ela ainda me impôs uma série de regras sufocantes que eu não iria conseguir cumprir. Ela me fez diversas ameaças. Ela estava sufocando a minha vida. E eu tinha que me livrar daquela vida, daquelas regras controladoras que ela impôs. Matá-la era necessário. Ou era eu ou era ela e, naquela época, eu não estava disposta a entregar a vida que eu escolhi ter tão cedo.
(INÍCIO DE FLASHBACK: São Paulo/Apartamento de Salma e Luana/ Sala/ Interno/ Noite)
(Salma entra segurando Luana pelo braço. Ela joga a filha no chão)
SALMA: Eu tenho vergonha de você, Luana. Vergonha. Eu não criei filha para que no futuro ela se tornasse uma golpista, para que ela entrasse em uma vida de pilantragem, de sacanagem.
LUANA: Mãe, por favor, para com isso. Para. Já não basta a senhora ter me dado uma surra na frente de todo mundo naquele bar, a senhora vai continuar me humilhando.
SALMA: Humilhação é pouco comparado às coisas que você fez. Aplicar golpes em pessoas inocentes e fazê-las de idiotas. Olhe na pessoa podre que você se transformou, minha filha.
LUANA: Eu estou arrependida, mãe. Eu juro. Eu não vou fazer mais nada disso. Nunca mais.
SALMA: E não vai mesmo, porque eu não vou deixar. A confiança que eu tinha em você sumiu. A partir de hoje, aquela Salma idiota morreu. Morreu. Eu criei várias regras para saber onde você está, com quem você está, o que você está fazendo.
LUANA: A senhora vai ficar me vigiando?
SALMA: Como eu disse, eu não confio mais em você, Luana. E primeiro de tudo, eu quero que você fique longe daquele Solano. Amanhã de manhã, voe vai ligar para ele e romper qualquer vínculo existente entre vocês dois. Eu o quero longe da sua vida, Luana. Ele é uma péssima companhia, uma má influência. Segundo, você só sai dessa casa se for apenas a duas ocasiões: ou para procurar emprego, porque eu não vou ficar sustentando vagabunda, ou para voltar a cursar na faculdade. E terceiro, caso eu resolva deixar que você saia com suas amigas para se divertir, sempre terá alguém na sua cola, vendo o que você está fazendo. Eu sempre vou saber onde você está e com quem você anda. E se você violar qualquer uma dessas regras, Luana, eu te coloco na cadeia.
LUANA: O quê? A senhora não teria coragem.
SALMA: Claro que teria. Não me subestime, Luana. Se você não me obedecer, eu te jogo na cadeia. E jogo mesmo, porque golpe é crime. Isso, pelo menos, você deve saber.
(FIM DE FLASBACK)
LUANA: E, então, no dia seguinte eu a matei.
(INÍCIO DE FLASHBACK: São Paulo/ Apartamento de Salma e Luana/ Cozinha/ Interno/ Dia)
(Luana entra. Salma está sentada à mesa, preparando o seu café da manhã)
LUANA: Bom dia.
SALMA: Bom dia.
LUANA: A senhora não fez o meu café?
SALMA: Não. Eu sou a sua mãe, não sou sua empregada, muito menos sua escrava. Se você quiser, venha fazer o seu próprio café.
LUANA: Está certo.
SALMA: Já decidiu se vai procurar emprego ou voltar para sua faculdade?
LUANA: Vou voltar para faculdade.
SALMA: Então é melhor você ir procurar emprego, porque eu não vou pagar a sua faculdade.
LUANA: Mas eu não tenho dinheiro nenhum.
SALMA: Por isso mesmo. Vai ter que procurar emprego, para ganhar salário e poder pagar a sua faculdade.
LUANA: Tudo bem, mãe. Como a soberana quiser. Quer café?
SALMA: Não precisa. Eu já fiz o meu. Está lá, em cima da mesa, cheinho.
LUANA: Então, vou fazer o meu.
(Luana faz o café, coloca o conteúdo na sua xícara e, aproveitando a distração da mãe, coloca veneno na xícara. Ela se dirige até a mesa, onde já está sua mãe, e, propositalmente, derruba o prato da mãe no chão)
SALMA (abaixando-se): Garota desastrada. Olha o que você fez.
(Luana aproveita que sua mãe está abaixada e troca a xícara de café normal com a xícara de café envenenado. A mãe volta à posição normal e toma o café envenenado. Luana olha fixamente para ela. FIM DE FLASHBACK)
LUANA: A partir daí, ela começou a se debater no chão e morreu.
SOLANO: E você vai fazer isso com a Amanda?
LUANA: Já disse que sim. Eu vou matar a Amanda.
SOLANO: E como você vai fazer isso?
LUANA: Bom, o Alexandre, melhor amigo do Tiago, me viu colocando veneno no suco da Amanda. Então, eu não posso me exceder. Eu vou matá-la de forma gradual. E já sei como.
Cena 2/ Casa de Raimunda/ Sala/ Interno/ Noite
(Raimunda entrega um suco para Lucrécio)
RAIMUNDA: Aqui está o seu suco de limão, Lucrécio.
LUCRÉCIO: Obrigado, meu amor. Como você está?
RAIMUNDA: Falando sinceramente, estou me sentindo incomodada com a presença do Solano aqui em casa.
LUCRÉCIO: Por quê?
RAIMUNDA: Eu ouvi uma conversa bem esquisita entre ele e a Luana. Isso me deixou preocupada.
Cena 3/ Mansão Bertolin/ Cozinha/ Interno/ Noite
(Luana, discretamente, entra. Ela é surpreendida pela presença de Marta)
MARTA: Como você é insolente, garota.
LUANA: Dona Marta, eu falei com o Tiago e ele me liberou essa novamente.
MARTA: Pela segunda vez? Qual foi a mentira que você contou para ele? Que abriu uma cratera no meio da casa onde sua tia mora?
LUANA: Dona Marta, eu sei que eu não devo abusar da liberdade que o Tiago está me dando, mas...
MARTA: Você não deve abusar da minha paciência, garota. Eu já te falei que isso aqui não é uma colônia de férias. E você só está aqui por causa do Tiago. E eu vou fazer de tudo para te tirar daqui, custe o que custar.
LUANA: Com licença.
(Luana sai)
Cena 4/ Paisagens de Dourados/ Dia
(Toca Never Let Me Go – Florence)
Cena 5/ Mansão Amorim/ Quarto de Vera/ Interno/ Dia
(Vera está sentada, assistindo TV. Amanda entra)
AMANDA: Oi, minha irmã.
VERA: Oi Amanda. Bom dia.
AMANDA: Bom dia. Passei para avisar que irei almoçar hoje na casa do Tiago. Aceita ir comigo?
VERA: Dispenso. Você sabe que a Marta não me suporta. Se ela já não gostava de mim quando eu era normal, imagina agora, sabendo que estou depressiva.
AMANDA: Eu juro para você que não vou deixar ninguém te destratar e você já se tratando desse mal com os remédios receitados pelo médico.
VERA: De qualquer forma, eu prefiro ficar aqui. A Mirna fica me fazendo companhia.
AMANDA: Se você prefere assim.
Cena 6/ Escola/ Sala de aula/ Interno/ Dia
FELIPE: Posso falar com você?
LUIZA: Claro.
FELIPE: Eu não vou poder estudar com você hoje.
LUIZA: Por quê?
FELIPE: Você sabe que a minha mãe é faxineira desta escola e ela está me cobrando companhia em casa.
LUIZA: Entendi. Você quer passar o dia de hoje apenas com a sua mãe?
FELIPE: Isso mesmo. Você não vai ficar chateada, né?
LUIZA: Claro que não. Eu entendo. E para provar que eu não estou chateada, eu faço questão de te dar um abraço.
(Luiza abraça Felipe. Vitor entra e vê a cena)
Cena 7/ Escola/ Banheiro/ Interno/ Dia
(Felipe está lavando as mãos. Vitor entra e o puxa para um dos boxes)
FELIPE: Mas o que é isso?
VITOR: Olha aqui garoto. Fica longe da Luiza.
FELIPE: Eu sou amigo da Luiza. Eu gosto dela.
VITOR: Eu sei muito bem que tipo de gosto você tem pela minha namorada. Fica longe dela, se você não quiser sofrer as piores conseqüências. Agora, sai. Vai embora daqui.
(Felipe sai)
Cena 8/ Mansão Bertolin/ Cozinha/ Interno/ Dia
VIVIAN: Você já soube da recomendação da dona Marta?
LUANA: Que recomendação?
VIVIAN: A dona Amanda vem almoçar aqui, com o resto da família. É para duplicar a quantidade da comida.
LUANA: Só isso?
VIVIAN: Só.
(Vivian sai)
LUANA (para si): Então, a Amanda vem almoçar aqui? A oportunidade perfeita para eu acabar com ela.
(Luana dá um sorriso maléfico)
Cena 9/ Cidade Floral/ Pousada/ Estacionamento/ Interno/ Dia
(Celso e Lara caminhando pelo estacionamento, se dirigindo ao carro do rapaz)
CELSO: Eu prometo a você que hoje nós chegamos a Dourados.
LARA: Espero mesmo. Não vejo a hora de descobrir notícias sobre o meu pai.
CELSO: Vai dar tudo certo. Confia.
LARA: Estou sendo uma chata, né? Só fico falando no meu pai, nas expectativas que eu estou criando, na vontade que eu tenho em conhecê-lo.
CELSO: Que nada, Lara. Eu compreendo seu comportamento e eu fico feliz em estar te ajudando nessa empreitada.
LARA: E eu sou bastante grata por isso. Você é o máximo, Celso.
(Celso e Lara chegam no carro)
CELSO: Bom, agora é só entrarmos e partirmos.
LARA: Que dê tudo certo.
CELSO: Vai dá tudo certo.
(Lara dá um passo, mas escorrega. Celso intervém e segura Lara no seu colo. Os rostos do casal ficam frente a frente. Cada um olha fixamente para o outro)
CELSO: Eu acho que eu vou te beijar.
LARA: Eu também.
(Celso e Lara se beijam)
Cena 10/ Escola/ Pátio/ Interno/ Dia
(Vitor e sua turma estão reunidos)
VITOR: Eu decidi fazer essa reunião antes de vocês saírem, porque estou precisando da ajuda de todos vocês. Quero que vocês façam um favor para mim.
GAROTO: Que tipo de ajuda?
VITOR: Eu quero que vocês cerquem o Felipe agora na saída da escola e dêem uma surra nele.
GAROTO: Surra?
VITOR: Isso mesmo. Surra. Uma surra com tudo o que tem direito.
Cena 11/ Mansão Bertolin/ Sala de jantar/ Interno/ Dia
MARTA: Fico feliz por você ter vindo almoçar mais uma vez na minha casa, Amanda.
AMANDA: É um prazer, dona Marta.
TIAGO: Amanda, eu vim pensando em algo há muito tempo, mas nunca tive coragem suficiente para te fazer esse pedido.
AMANDA: Que pedido, Tiago?
TIAGO: Você aceita morar na mansão?
AMANDA: Aqui? Isso realmente me veio como uma surpresa.
TIAGO: Se você quiser, pode trazer a Vera também, levando em conta as circunstâncias que ela vem passando.
MARTA: A Vera aqui? Nunca. Eu odeio aquela mulher.
TIAGO: Mãe.
MARTA: Odeio mesmo. Além de ter me traído no passado, ainda é mãe daquele infeliz do Vitor, garotinho sem futuro, inconseqüente.
AMANDA: Dona Marta, o Vitor é meu sobrinho.
MARTA: E daí? Isso não muda o mau caráter que ele é. Se for para trazer aquela velha traíra a tiracolo, eu não aceito a Amanda na minha casa.
CAIO: Marta, que coisa do passado é essa que fez você e a Vera romper a amizade?
MARTA: Prefiro não falar sobre isso. É um assunto muito entediante, atrai negatividade.
AMANDA (levantando-se): Ai
TIAGO (pegando no braço de Amanda e levantando-se): Está tudo bem, Amanda?
AMANDA: Não. Estou sentindo uma pontada perto do meu coração. Ai. Está muito forte. Está doendo muito.
(Amanda desmaia e se espatifa no chão. Todos se aproximam dela. Tiago se agacha e começa a pegar na noiva)
TIAGO: Amanda. Amanda. Acorda. Fala comigo, Amanda. Alguém chama a ambulância. Rápido.
ALEXANDRE: Eu chamo.
(Alexandre sai em direção à sala de estar. Luiza entra)
LUIZA: O que está acontecendo aqui?
MARTA: A sua cunhada. Ela deu um ataque no meio do almoço e desmaiou.
Cena 12/ Rua/ Interno/ Dia
(Felipe atravessa a rua e uma turma de cinco rapazes segue-no)
Cena 13/ Mansão Bertolin/ Quarto de Tiago/ Interno/ Dia
(Luiza, Alexandre, Marta, Caio, Tiago, Amanda e o médico estão no quarto. Amanda está deitada na cama, imóvel. Luana está com o ouvido colado na porta. O resto está ao redor da mulher. O médico termina de medir a pressão de Amanda)
TIAGO: E então, doutor?
MÉDICO: O desmaio da Amanda está relacionado a uma queda brusca da pressão.
ALEXANDRE: E o que pode ter provocado isso?
MÉDICO: São vários fatores. Por exemplo: histórico familiar, desregulamentação do metabolismo, ingestão de comida infectada.
MARTA: Comida? Será que a Amanda passou mal por causa de comida?
MÉDICO: Não dá para afirmar isso com precisão.
CAIO: E a inconsciência dela, doutor? Até que horas ela vai permanecer desmaiada?
MÉDICO: Isso varia de pessoa para pessoa. Mas em poucas horas, ela recobre a consciência. Bom, vou passar alguns remédios que serão bastante eficazes na recuperação da paciente. Esses comprimidos que escrevi no receituário são de extrema importância. Quando a Amanda acordar, dê a ela imediatamente um desses comprimidos. Mas imediatamente mesmo. Nem um segundo a menos.
LUIZA: Pode deixar conosco, doutor. A gente vai cuidar muito bem da Amanda.
(Luana sai)
MÉDICO: Bom, qualquer dúvida, vocês podem me chamar. Eu estarei disponível.
(Alexandre sai e, logo depois, o resto das pessoas acompanha o médico sair do quarto, deixando Amanda sozinha)
Cena 14/ Mansão Bertolin/ Cozinha/ Interno/ Dia
(Luana entra e fica parada diante a mesa de mármore. Ela dá um sorriso maléfico. Alexandre entra)
ALEXANDRE: Foi você, não foi?
LUANA: Do que você está falando?
ALEXANDRE: Eu já disse que você não precisa ficar sustentando essa máscara na minha frente. Desgraçada. Está mais do que na cara que você é a responsável pelo que ocorreu com a Amanda. Você fez ela passar mal durante o almoço.
LUANA: Você é um louco. Eu não tenho nada a ver com isso.
(Alexandre pega no braço de Luana)
ALEXANDRE: Eu sei que foi você. Pela segunda vez, você tentou prejudicar a Amanda, mas agora chega. A família Bertolin precisa saber o que você está fazendo contra a Amanda.
LUANA: Ah é? Então conta. Chama a família inteira e conta. Aí eu aproveito a oportunidade e conto para eles o caso secreto que você mantém com a Amanda. Imagina a cara do Tiago quando ele descobrir que a noiva dele o trai com o melhor amigo. Você até pode me derrubar, mas eu faço você cair também.
(Luana encara Alexandre)
(Congela em Alexandre. Toca Your Love Is a Lie – Simple Plan)
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