quarta-feira, 4 de março de 2015

Alice - Capítulo 38


Capítulo 38


ÚLTIMAS SEMANAS

Cena 1/Mansão Albuquerque/Sala de Estar/Manhã
RENATA – Anda, Marcos, me diz!
MARCOS – Eu entrei porque um de seus empregados deixou.
RENATA – Eu havia dado ordem expressa para eles proibirem a sua entrada.
MARCOS – Eu tenho um assunto sério para falar contigo.
RENATA – Não quero ouvir nada que saia da sua boca vil e abjeta!
MARCOS – Por favor, Renata...
RENATA – Por favor, nada, eu não vou ouvir suas baboseiras!
MARCOS – Eu quero te pedir perdão.
Renata se surpreende.
RENATA – Perdão? (risos)
MARCOS – Sim, perdão. Eu estou arrependido de ter feito contigo o que fiz!
RENATA – Me engana que eu gosto.
MARCOS – É verdade!
RENATA – Se você estivesse realmente arrependido, teria me devolvido tudo o que me roubou! Vai fazer isso, Marcos?
Marcos fica em silêncio.
RENATA – Seu silêncio diz tudo. Agora sai, vai embora!
MARCOS – Eu juro que estou arrependido!
RENATA – SAAAAAAAAI! SAAAAAAAI! VAI EMBORA! SAI!
Renata empurra Marcos até a porta da entrada.

Cena 2/Mansão Albuquerque/Entrada/Manhã
Renata abre a porta.
RENATA – Sai agora!
Marcos passa por ela.
MARCOS – Eu vou te provar que estou realmente arrependido.
RENATA – SAI! VAI EMBORA!
Renata empurra Marcos e fecha a porta.

Cena 3/Presídio/Corredor/Manhã
Rebeca é levada pela carcereira para sua cela.
CARCEREIRA – Essa aí é a tua nova moradia, madame!
Rebeca entra na cela e as prisioneiras fazem barulho.
REBECA – Eu não vou terminar meus dias nesse inferno, não vou!
Rebeca coloca suas mãos na grade da cela, já dentro dela.

Cena 4/Hospital São Lucas/Quarto de Odete/Manhã
Odete está acordada, assistindo televisão. César entra no quarto e fecha a porta.
ODETE – César? César o que você tá fazendo aqui?
CÉSAR – Vim te ver, meu amor.
ODETE – E por acaso o médico deixou?
CÉSAR – Não, ele disse que eu tenho que repousar. Mas isso é um mero detalhe!
ODETE – Você deveria seguir as ordens médicas, querido.
CÉSAR – Eu não aguentaria esperar tantas horas!
ODETE – Você deve estar exausto, não é mesmo?
CÉSAR – Sim, esgotado. Não é todo dia que ficamos presos numa sauna! (risos)
ODETE – A Rebeca foi longe demais.
CÉSAR – Mas agora ela está pagando por esse crime, na cadeia!
ODETE – Eu fiquei com tanto medo de te perder, César.
CÉSAR – Eu também fiquei com medo de te perder, meu amor. Demoramos tantos anos para nos reencontrar, para reviver esse amor... Eu não poderia te perder logo agora!
ODETE – Parece que nosso amor é mais forte que as maldades alheias.
CÉSAR – Não só parece.
César se aproxima de Odete.
ODETE – Finalmente poderemos viver em paz.
CÉSAR – Agora estamos livres da Rebeca, para sempre!
César segura a mão de Odete e eles sorriem um para o outro.

Cena 5/Mansão Albuquerque/Escritório/Manhã
Renata está sentada em sua mesa. A empregada bate na porta e entra.
EMPREGADA – Com licença, dona Renata.
RENATA – Sim, querida.
EMPREGADA – Ela chegou.
RENATA – Mande-a entrar, por favor.
A empregada sai da sala e chama por Adriana.
ADRIANA – Bom dia.
RENATA – Bom dia, Adriana. Maria deixe-nos a sós, por favor.
EMPREGADA – Sim senhora. Com licença.
A empregada sai do escritório e fecha a porta. Adriana ainda de pé.
RENATA – Sente-se.
Adriana se senta na cadeira em frente à mesa de Renata.
ADRIANA – Por que você me chamou aqui?
RENATA – Eu pensei que no que você disse.
ADRIANA – E chegou a alguma conclusão?
RENATA – Eu decidi que juntas podemos ser mais fortes.
ADRIANA – Isso significa que...?
RENATA – Significa que eu topo me aliar a você, Adriana.
ADRIANA – Então quer dizer que você está disposta a destruir o Marcos?
RENATA – Exatamente.
ADRIANA – A sua escolha foi sábia, minha cara. O Marcos tem que ser destruído! Ele e a Cristina.
RENATA – Eu estou sedenta de vingança.
ADRIANA – Fico feliz que tenha me perdoado.
RENATA – Eu ainda não te perdoei. Apenas estou me aliando a você!
ADRIANA – Mas não podemos planejar a derrocada daqueles dois à distância! Temos que estar próximas.
RENATA – Eu já mandei preparem o seu quarto. Você vai se hospedar aqui em baixo, perto dessa sala. Mandei também que comprassem roupas novas para você e em algumas horas alguns amigos meus virão cuidar da sua aparência.
ADRIANA – Eu não sei nem como te agradecer!
RENATA – Agradeça sendo leal a mim! Estamos juntas nessa por um interesse maior. Se você não me trair, me fazer confiar em você novamente pode ganhar alguma coisa com isso.
ADRIANA – Eu juro que serei leal a você!
RENATA – Não basta jurar, tem que cumprir.
Renata se levanta de sua cadeira e sai da sala, deixando Adriana sozinha.
ADRIANA – Marcos e Cristina que me aguardem... Ou melhor, que nos aguarde!
Adriana sorri.

Cena 6/Casebre/Manhã
A câmera foca em lugar isolado, cheio de terra e algumas árvores. Há um casebre caindo aos pedaços. Lentamente nos aproximamos dele. Paloma está olhando pela pequena janela que há.
PALOMA – Eu ainda vou dar a volta por cima! Vou sair dessa. Ah, se vou!

Cena 7/Mansão Grimaldi/Quarto de Victoria/Manhã
Victoria desperta aos poucos. Franco lhe beija.
FRANCO – Bom dia, meu amor.
VICTORIA – Bom dia, querido.
FRANCO – Conseguiu dormir bem?
VICTORIA – Não muito.
FRANCO – Ainda por causa da Estrela, não é?
VICTORIA – Sim. Ainda sinto falta dela.
FRANCO – Isso é normal. Passarem-se apenas alguns dias desde o acidente. Mas com o tempo você vai aprender que apesar de morta, ela está entre nós! Você vai superar isso.
VICTORIA – Eu sei que vou. Tenho pessoas que me colocam para cima e me dão forças para viver a cada dia que passa, como você, minha neta, meus pais... Minha família!
FRANCO – No que depender de mim você não vai ficar assim por muito tempo.
VICTORIA – Obrigada por tudo, meu amor! De verdade.
FRANCO – Eu disse que estaria com você em todos os momentos. Vou cumprir com minha promessa!
Victoria coloca sua mão sob a de Franco.
VICTORIA – Eu te amo!
Franco sorri.
FRANCO – Eu também te amo.

Cena 8/Mansão Garcia/Quarto de Fábio/Manhã
Alice acorda aos poucos. Ela dorme sob o peito descoberto de Fábio.
ALICE – Ai meu Deus!
Alice pula da cama. Fábio acorda.
FÁBIO – Que foi, Alice?
ALICE – Eu dormi aqui!
FÁBIO – E qual o problema?
ALICE – E se o Olavo nos pega?
FÁBIO – Isso não vai acontecer.
ALICE – E por quê? Como você pode afirmar com tanta certeza?
FÁBIO – O velho chegou tarde e subiu direto pro quarto. Se ele ainda não gritou seu nome ou o meu é porque deve ter tomado algum calmante e adormecido!
ALICE – Você tem certeza disso?
FÁBIO – Absoluta.
ALICE – Menos mal assim. E deve ter sido isso mesmo! Hoje é dia do funeral da filhinha querida dele.
FÁBIO – Que coisa, né? Uma menina tão bonita, tão jovem como ela morrer assim.
ALICE – Que isso? Vai ficar destacando as qualidades dela perto de mim?
FÁBIO – Não, que isso, meu amor. Você tem muito mais qualidades que ela!
Alice se aproxima de Fábio e sussurra em seu ouvido.
ALICE – Acho bom.
Alice sorri e Fábio a deita na cama. Eles se beijam.

Cena 9/Mansão Guimarães/Jardim/Manhã
Bianca e Bárbara caminham pelo jardim.
BÁRBARA – Então quer dizer que a sua mãe foi presa?
BIANCA – Exatamente!
BÁRBARA – Que notícia maravilhosa!
BIANCA – Finalmente ela vai pagar por todos os crimes que cometeu.
BÁRBARA – Nunca pensei que uma mulher tão fina, educada, glamorosa como a Rebeca fosse terminar seus dias na cadeia.
BIANCA – Ela fez por merecer.
BÁRBARA – Eu sinto muito por você ter que passar por isso, querida.
BIANCA – Não precisa lamentar, Bárbara. Desde pequena a Rebeca queria me ensinar a ser fútil como os demais. Mas eu nunca agi do jeito que ela queria! Talvez esse tenha sido o maior motivo para ela me odiar.
BÁRBARA – Como uma mãe pode odiar o próprio filho?
BIANCA – Era a pergunta que eu sempre me fazia.
BÁRBARA – Agora que a boutique reinaugurou, quero lhe fazer uma proposta!
BIANCA – Diga.
BÁRBARA – Fernando e eu viajaremos dentro de algumas semanas. Gostaria de saber se você estaria disposta a cuidar da boutique para mim!
BIANCA – (sorrindo) Meu Deus... Eu não sei nem o que falar!
BÁRBARA – Apenas diga sim!
BIANCA – Sim, sim e sim! Eu aceito com muita alegria, Bárbara.
Bárbara e Bianca se abraçam.
BIANCA – Eu não sei nem como te agradecer.
BÁRBARA – Eu que te agradeço por ter sido tão leal a mim durante esse tempo. Você foi peça fundamental para que eu descobrisse quem havia destruído a minha boutique. Obrigada, de verdade!
Elas param de se abraçar e seguram na mão uma da outra, ficando frente a frente.
BÁRBARA – Você é como uma filha!
BIANCA – Jura?
BÁRBARA – Sim. Minha filha postiça!
Bárbara e Bianca riem.

Cena 10/Fazenda A Fortaleza/Sala de Estar/Manhã
Melissa e Afonso estão sentados. Ela numa poltrona e ele no sofá, lendo o jornal.
MELISSA – Hoje é o dia.
AFONSO – A despedida para nossa neta será linda.
MELISSA – Eu preferia não ter que fazer isso.
AFONSO – Eu também não.
MELISSA – Eu apenas queria a minha neta aqui comigo. Contagiando essa casa com aquele sorriso lindo, andando pra lá e pra cá... Eu sinto tanta falta da nossa Estrela, Afonso.
AFONSO – Infelizmente o destino a tirou de nós. Eu também queria que ela estivesse aqui conosco, ainda, mas agora que ela havia se tornado mãe.
MELISSA – Seria lindo ver a nossa neta acompanhando o crescimento da Letícia, os primeiros passos, as primeiras palavras...
AFONSO – A Estrela está acompanhando tudo isso sim, Melissa. De algum lugar, mas está!

Cena 11/Mansão Garcia/Sala de Jantar/Manhã
Alice passa pela sala e tenta não ser notada, mas Olavo, que está tomando seu café da manhã, a vê.
OLAVO – Alice?
Alice caminha até ele.
ALICE – Bom dia, meu amor.
OLAVO – Onde você estava? Quando fui dormir você não estava na cama, quando eu acordei também não.
ALICE – Fui dar uma volta pelo jardim.
OLAVO – E se perdeu na mansão?
ALICE – Fui dar uma volta no jardim agora! Ontem à noite decidi visitar a mamãe. Voltei tarde de lá. Quando cheguei você estava apagado, dormindo. Decidi deixa-lo assim mesmo.
OLAVO – Eu tomei um calmante e acabei dormindo.
ALICE – Bem que ele estava certo...
OLAVO – Ele quem, meu amor?
ALICE – Quem o quê?
OLAVO – Você disse “ainda bem que ele estava certo”. Ele quem?
ALICE – Meu subconsciente. Ele me disse que você devia ter tomado algum remédio e por isso apagou! Ainda mais sendo que hoje é hoje.
OLAVO – Realmente vai ser difícil me despedir da minha filha. Ainda mais sem poder vê-la pela última vez...
ALICE – Eu lamento por essa perda, Olavo.
Alice senta-se na cadeira ao lado de Olavo.
OLAVO – E você vem comigo ao funeral?
ALICE – Não, acho melhor não.
OLAVO – E por que não? Você é minha esposa!
ALICE – Eu sei, mas este será um momento família. Não quero causar raiva nos que estarão presente! A Victoria odiaria a minha presença. E se eu for, ao invés de um funeral, serão dois!
Olavo encara Alice.

Cena 12/Feira livre/Barraca de Ervas/Tarde
Cristina está parada em frente à banca, com um frasco na mão. Ela entrega o dinheiro para a mulher e admira o liquido dentro do pequeno frasco.
CRISTINA – Pequeno, porém eficiente... E o melhor, não deixa rastros! Estou pronta para ficar viúva.
Cristina sorri.

Passagem das paisagens do Rio de Janeiro ao som de Ave María – La Madrastra soundtrack

ANOITECE

Cena 13/Capela/Interno/Noite
Estão reunidos no local Victoria, Franco, Afonso, Melissa, Olavo, Estevão, Bárbara, Fernando e mais alguns amigos de Estrela. Melissa e está sentada enquanto Afonso segura em sua mão. O caixão de Estrela, fechado, estão rodeado por lindas coroas de flores. Alguns amigos de Estrela em volta do caixão. A câmera foca onde está reunida sua família.
VICTORIA – É tão triste velar a minha própria filha.
MELISSA – Ainda mais sem o corpo.
AFONSO – Acredito que seria pior para todos nós se o corpo da Estrela estivesse ali.
OLAVO – Eu acho que não aguentaria ver a minha filhinha dentro de um caixão.
ESTEVÃO – Eu também acho que não aguentaria. Se sem o corpo dela ali eu já sofro, imagina se ele estivesse dentro desse caixão.
Bárbara e Fernando abraçam Estevão. Uma mulher vestida de preto entra na capela, seu rosto coberto por um véu, que também é preto. Victoria olha para ela.
FRANCO – Vocês conhecem aquela moça ali?
VICTORIA – Eu não. E você, Olavo?
OLAVO – Essa silhueta não me é estranha...
A mulher se aproxima do caixão de Estrela.
FERNANDO – Quem será?
Todos olham para ela, até que a mulher tira o véu e revela ser Alice, que sorri para o caixão. Victoria a encara, furiosa. Todos surpreso. Alice passa sua mão sob o caixão.
Toca a soundtrack Chisme – La Madrastra.

Cena 14/Casebre/Externo/Noite
Um homem, com uma enxada no ombro, caminha pelo matagal até chegar em sua humilde casa. Ele abre a porta e sua mulher o recepciona, ajudando-o a levar para dentro o que ele carrega. A câmera se aproxima.

Cena 15/Casebre/Interno/Noite
O homem coloca a enxada no chão e as bolsas em cima da mesa. A mulher fecha a porta.
SEBASTIANA – E então, homem, como foi o dia?
JOAQUIM – Cansativo como sempre. E ela, acordou?
SEBASTIANA – Sim.
JOAQUIM – E por acaso já disse quem ela é? O nome? Alguma coisa?
SEBASTIANA – Não, nadinha.
A câmera se vira lentamente até focar em uma mulher que está sentada na cama. O foco da câmera começa por seus pés, depois sobe lentamente até revelar seu rosto. Esta mulher é Estrela.
Toca a soundtrack Chisme, Mistério del Asesino – La Madrastra.
ESTRELA – Boa noite, seu Joaquim.
Estrela sorri.
ESTRELA – Eu sou... eu sou... Quem eu sou?
Joaquim e Sebastiana a encaram. Foco na expressão confusa de Estrela, desmemoriada.

FIM DE CAPÍTULO


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