quarta-feira, 4 de março de 2015

Velhos Tempos - Capítulo 26



Cena 1/ Mansão Bovary/ Quarto Clarissa/ Interno/ Noite
(Continuação imediata da última cena do capítulo anterior)
CARLOTA: Você tem certeza do que está falando, Clarissa?
CLARISSA: Claro, Carlota. A própria Cassandra me confessou o assassinato. Você irá confrontá-la com essa informação?
CARLOTA: Ainda não. Esperarei o momento certo para agir, mas a Cassandra não pode sair impune do crime que cometeu.
CLARISSA: Carlota, só não ponha o meu nome nessa história, por favor.
CARLOTA: Não, Clarissa, claro que não. Fique tranqüila, minha amiga.
(Carlota e Clarissa se abraçam)

Cena 2/ Mansão Bovary/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Continuação imediata da penúltima cena do capítulo anterior)
BONAVANTE: Você aceita se casar com a Carlota?
SÁVIO: Nossa, doutor Bonavante, o senhor me pegou de surpresa.
BONAVANTE: Sávio, pense bem. Você já está na idade se casar e ter filhos para herdarem seu patrimônio. Afinal, ninguém sabe o dia de amanhã, não é mesmo?
SÁVIO: Eu aceito, doutor Bonavante.
BONAVANTE: Bom garoto. Então, tratarei de organizar uma festa de noivado o mais rápido possível. Quando tudo estiver pronto, eu lhe aviso.
SÁVIO: Ficarei no aguardo.
(Clarissa e Carlota entram)
CARLOTA: Vamos?
BONAVANTE: Vamos. Cassilda já está no carro. Mais uma vez, obrigada pela esplêndida recepção.
CLARISSA: Apareçam quando quiser.
(Carlota e Bonavante saem)
CLARISSA: Posso saber o que você e o doutor Bonavante estavam conversando?
SÁVIO (com um sorriso no rosto): Negócios, Clarissa. Negócios.

Cena 3/ Mansão Bragança/ Gabinete/ Interno/ Noite
(Continuação imediata da antepenúltima cena do capítulo anterior)
CHARLES: Confessa na minha cara, olhando nos meus olhos, que a Cassilda é minha irmã, pai.
VIRIATO: A Cassilda é sua irmã, Charles.
CHARLES: Não, não, isso não é verdade. O senhor inventou essa história apenas para me separar dela.
VIRIATO: Filho, acredite em mim.
CHARLES: Por que nunca falou dela antes?
VIRIATO: Porque não era necessário falar. Charles, eu não pretendo trazer a Cassilda para morar aqui e sermos uma família feliz. Mas quando eu soube que você e ela estavam namorando, eu não poderia continuar a esconder esse segredo. Eu não poderia deixar que esse incesto continuasse.
CHARLES: O senhor é podre.
(Charles, com os olhos chorosos, sai. Viriato dá um sorriso cínico ao ver o filho sair.)

Cena 4/ Mansão Sabarah/ Quarto Cassandra, Carlota e Cassilda/ Interno/ Noite
(Cassilda e Carlota entram e se deparam com Cassandra deitada, que se levanta ao vê-las)
CASSANDRA: Boa noite.
CARLOTA: Bom te ver, Cassandra, pois eu estou precisando ter uma conversa séria com você. Cassilda, você poderia nos dar licença?
(Cassilda sai)
CASSANDRA: Sobre qual assunto você quer tratar comigo?
CARLOTA: Cada dia que passa eu me surpreendo cada vez mais com a sua inveja, a sua maldade. Você não tem limites, Cassandra. Como você teve coragem de se aproximar da Clarissa apenas para me atingir? De convencê-la a contar o papai sobre o meu relacionamento com o Joca? Que espécie de pessoa você é, garota?
CASSANDRA: A Alzira me disse que você foi à mansão Bovary. Com esse discurso, presumo que você e a Clarissa retomaram a amizade.
CARLOTA: Retomamos e a Clarissa não será mais penico para o seu ouvido, entendeu? Ela quer distância de você.
CASSANDRA: E desde quando eu me importo com a Clarissa? Aquela imbecil só foi um meio que usei para te causar mais raiva, mais desconforto e parece que eu consegui, não é mesmo?
CARLOTA: Cínica, vagabunda.
CASSANDRA: Continua a me xingar, Carlota, continua. Enquanto você perde o seu tempo me ofendendo, eu faço coisas mais produtivas.
CARLOTA: Como o quê? Conquistar o Joca, por exemplo? Será que você não percebe que ele não te ama, Cassandra? Até quando você continuará se rastejando por alguém que não sente nada por você? Quero dizer, até sente. Sente incômodo, desconforto.
(Cassandra gargalha)
CASSANDRA: Ele não sentiu nenhum incômodo comigo essa tarde.
CARLOTA: Como assim?
CASSANDRA: Eu e o Joca transamos, bobinha. E você quer saber mais? Foi incrível. Ele me deixou nas nuvens.
CARLOTA: Cachorra.
(Carlota dá um tapa na cara de Cassandra. Carlota sai. Cassandra ri)

Cena 5/ Mansão Sabarah/ Gabinete/ Interno/ Noite
(Bonavante sentado à mesa. Carlota entra, furiosa)
BONAVANTE: Carlota, isso é jeito de...
CARLOTA: Eu quero a Cassandra fora daquele quarto, entendeu? Ou ela sai ou eu saio.
(Carlota encara Bonavante)

Cena 6/ Paisagens de Vila Prata/ Manhã

Cena 7/ Vila Prata/ Rua/ Interno/ Manhã
(Cassilda e Carlota caminham em direção à tenda de Soraya)
CASSILDA: Não acredito que a Cassandra e o Joca transaram.
CARLOTA: Essa história não entra na minha cabeça, Cassilda. Terei que verificar isso com a Ariana para saber se é mesmo verdade.
CASSILDA: Com a Ariana?
CARLOTA: Sim. O Joca conta tudo para ela. Se ele e a Cassandra transaram, a Ariana vai saber me informar.
(Cassilda vê Sávio entrando no banco)
CASSILDA: Ali não é o Sávio entrando no banco?
CARLOTA: Parece que sim. O que será que ele foi fazer lá?
CASSILDA: Trocar dinheiro, quem sabe.
(Carlota e Cassilda entram na tenda de Soraya)

Cena 8/ Vila Prata/ Tenda Soraya/ Sala de consulta/ Interno/ Manhã
(Cassilda e Soraya sentadas à mesa. Carlota em um canto, em pé)
CASSILDA: E então, mãe Soraya? O que a senhora vê nessa bola de cristal?
SORAYA: Conflitos, discussões, lágrimas.
CASSILDA: A senhora está falando sério?
SORAYA: E desde quando eu minto, garota? Tudo que eu vejo e falo se torna realidade. Cassilda, eu sinto muito, mas não vem coisa boa para o seu namoro.
(Cassilda, assustada, encara Soraya)

Cena 9/ Vila Prata/ Motel/ Suíte/ Interno/ Manhã
(Viriato e Gertrude, nus, abraçados)
VIRIATO: Alguma diferença entre fazer amor aqui e fazer amor na mansão?
GERTRUDE: Toda diferença. Aqui não tem a dona Laurinda para nos flagrar a qualquer momento.
VIRIATO: Você sente um medo enorme da Laurinda, não sente?
GERTRUDE: Não é medo, doutor Viriato. Eu sinto receio de que venha uma briga pela frente caso ela descubra a nossa relação.
VIRIATO: Ela nunca irá descobrir, confie em mim.
(Viriato e Gertrude se beijam)

Cena 10/ Mansão Sabarah/ Sala de estar/ Interno/ Manhã
(Charles entra. Alzira passa por ele e o rapaz a intercepta)
CHARLES: Com licença. A Cassilda se encontra? Eu preciso muito falar com ela.
ALZIRA: Ela saiu já faz um tempinho. Se você quiser esperá-la, fique à vontade.
CHARLES: Você sabe dizer para onde ela foi?
ALZIRA: Foi para Vila Prata se consultar com uma vidente que tem por lá, algo assim.
CHARLES: Obrigado.
ALZIRA: Com licença.
(Alzira se direciona a cozinha. Bonavante se aproxima)
BONAVANTE: Ei, você.
CHARLES: Sim?
BONAVANTE: Se eu não me engano, você é o filho do Viriato, não é?
CHARLES: Sim, eu sou.
BONAVANTE: Eu posso saber o que você está fazendo aqui?
(Bonavante encara Charles)

Cena 11/ Vila Prata/ Casa Chester/ Quarto Marcílio/ Interno/ Manhã
(Marcílio está dormindo. Dorotéia entra)
DOROTÉIA: Marcílio, acorde.
MARCÍLIO (acordando): O que é, mãe?
DOROTÉIA: O que você pensa que está fazendo, Marcílio? Vá para estrada agora. Traga dinheiro para casa.
MARCÍLIO: Não posso dormir mais um pouco?
DOROTÉIA: Se você quiser ver a nossa confeitaria construída, não pode. Levanta dessa cama.
(Marcílio levanta)
MARCÍLIO: A senhora vai sair?
DOROTÉIA: Sim. Estou indo para a casa da Laurinda.
MARCÍLIO: O quê?

Cena 12/ Vila Prata/ Casa Geraldo/ Quarto Nuno/ Interno/ Manhã
(Sávio, com uma maleta nas mãos, entra)
NUNO: Fique à vontade.
SÁVIO: Meu assunto é coisa rápida.
NUNO: Pois não?
SÁVIO (abrindo a maleta): O assunto que eu quero tratar com você é sobre isso.
NUNO: Uau, quantas moedas de ouro. Isso é legítimo?
SÁVIO: Claro. Você quer tê-las?
NUNO: Nunca poderia imaginar que eu receberia moedas de ouro como pagamento pelo meu serviço ofertado à dona Eva.
SÁVIO: E quem disse que tudo isso é pagamento para o serviço que você prestou para a minha mãe?
NUNO: Não? E por que você está me oferecendo essas moedas de ouro?
SÁVIO: Para eu ter o patrimônio inteiro da minha mãe no meu nome. Eu quero que a Clarissa saia dessa herança com as mãos abanando, sem nada. Você aceita me ajudar nessa missão?
(Sávio encara Nuno)

Cena 13/ Vila Prata/ Praça/ Interno/ Manhã
(Cassilda e Carlota sentadas lado a lado)
CASSILDA: Estou com tanto medo, Carlota. Nunca poderia imaginar que meu relacionamento com o Joca seria de tamanho sofrimento. Será que toda essa maré de tristezas e lágrimas que a Soraya falou tem a ver com a rivalidade que existe entre o nosso pai e o Viriato?
CARLOTA: Provavelmente, mas não dê tanta atenção ao que a Soraya disse. Quem garante que tudo aquilo que ela disse é verdade, irá mesmo acontecer?
(Carlota vê Ariana passando)
CARLOTA: Cassilda, eu acabei de ver a Ariana. Eu preciso falar com ela.
(Carlota sai da praça e se aproxima de Ariana)
CARLOTA: Oi, Ariana.
ARIANA: Olá, Carlota.
CARLOTA: Ariana, ontem a Cassandra me disse que ela tinha transado com o Joca. É verdade?
ARIANA: A Cassandra não ia perder a oportunidade de jogar isso na sua cara, não é?
CARLOTA: Então eles realmente transaram?
ARIANA: Não, Carlota. A Cassandra estuprou o Joca e estupro, pra mim, não é sinônimo de transa.
CARLOTA: O quê?
ARIANA: A Cassandra aproveitou que o Joca estava bêbado e o levou para a cama.
CARLOTA: Dessa vez, a Cassandra passou de todos os limites. Ariana, se eu te dissesse que a Cassandra assassinou o padre Juscelino, o que você ia achar?
ARIANA: Por que você está dizendo isso? Por acaso, foi a Cassandra quem matou o meu padrinho?
CARLOTA: Foi. A Cassandra matou o padre Juscelino.
(Congela em Carlota)

FIM DO CAPÍTULO




Compartilhar:
← Postagem mais recente Postagem mais antiga → Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário