Cena 1/ Vila Prata/ Rua/ Manhã
(Continuação imediata da última cena do capítulo anterior)
ARIANA: Você tem certeza do que está falando, Carlota?
CARLOTA: Certeza absoluta, Ariana.
ARIANA: Não, não, mas como? Por que a Cassandra fez isso?
CARLOTA: Ela queria impedir que o Joca se tornasse padre e, para isso, era necessário eliminar aquele que pressionava o seu irmão a ser quem ele não queria, ou seja, o padre Juscelino. Ela acha que fez um bem matando o padre Juscelino.
ARIANA: Eu não consigo digerir tudo isso. É demais para mim.
CARLOTA: O que você vai fazer com essa informação?
ARIANA: Eu ainda não sei, Carlota. Estou confusa, perdida.
CARLOTA: Você pretende denunciar a Cassandra para a polícia?
ARIANA: Pra quê se a polícia não vai fazer nada. A Cassandra é sua irmã, Carlota, filha do homem mais poderoso de Vila Prata. Você acha mesmo que a polícia daqui vai ter coragem de peitar o doutor Bonavante?
CARLOTA: Você pode ter certeza que o meu pai não irá impedir a prisão da Cassandra.
ARIANA: De qualquer forma, antes de tomar qualquer decisão, eu preciso sentar, entender como tudo aconteceu.
CARLOTA: Eu sinto muito, Ariana.
(Carlota abraça Ariana)
Cena 2/ Vila Prata/ Casa Geraldo/ Quarto Nuno/ Interno/ Manhã
(Continuação imediata da penúltima cena do capítulo anterior)
SÁVIO: Você vai ou não vai me ajudar a boicotar a Clarissa?
NUNO: O que te faz achar que eu seja um profissional corrupto?
SÁVIO: Ah, Nuno, todo mundo tem vontade de subir na vida. Ou você vai me dizer que não tem ambição?
NUNO: Claro que tenho, mas...
SÁVIO: Então faça a Clarissa sair desse processo de herança sem nada. Eu quero todos os bens da minha mãe no meu nome. Em troca, eu te dou todas essas moedas de ouro que, com certeza, valem muito mais do que a sua vida.
NUNO: Eu preciso de um tempo para pensar.
SÁVIO: Te darei um prazo de um dia. Pense bem, Nuno. Você não vai deixar essa maleta repleta de moedas de ouro escapar das suas mãos, vai?
(Sávio fecha a maleta e se direciona a porta segurando o objeto. Ele para antes de atravessar a porta)
SÁVIO: Ah, só mais uma coisa. Você já percebeu o quanto eu sou rico, né? Então, se você não me ajudar nisso, eu usarei todas essas moedas de ouro para acabar com a tua raça. Estamos entendidos?
(Sávio sai. Close em Nuno, pensativo)
Cena 3/ Mansão Sabarah/ Sala de estar/ Interno/ Manhã
(Continuação imediata da cena 10 do capítulo anterior)
BONAVANTE: E então? O que você está fazendo aqui?
CHARLES: Er... Eu vim passar um recado do meu pai para o senhor. Meu pai disse para o senhor ficar de olhos abertos, pois ele lutará pelo reconhecimento paterno da Cassilda.
BONAVANTE: Diga para o seu pai que a Cassilda nunca irá reconhecê-lo como pai.
CHARLES: Sim senhor, com licença.
(Charles sai. Alzira entra)
ALZIRA: O garoto que estava procurando pela Cassilda já foi embora?
BONAVANTE: Como? Ele perguntou pela Cassilda? O que aquele garoto queria com a minha filha?
ALZIRA: Não sei, doutor Bonavante. Ele não entrou em detalhes.
Cena 4/ Estrada/ Manhã
(Dorotéia caminha pela estrada, quando pára, assustada. Ela vê Viriato e Gertrude saindo do motel)
DOROTÉIA: Então o Viriato trai a Laurinda com a governanta da mansão dele? Bom saber. Eu já sei como ganhar a confiança da Laurinda.
(Dorotéia dá um sorriso cínico)
Cena 5/ Vila Prata/ Casa Juscelino/ Quarto Joca/ Interno/ Manhã
JOCA: A Cassandra matou o padrinho? Eu não acredito nisso, eu vou acabar com a vida daquela desgraçada.
ARIANA: Não, Joca, você não vai fazer nada. A gente precisa pensar direito o que fazer para depois não sairmos prejudicados. Você sabe como a Cassandra é esperta e como a família dela é poderosa.
JOCA: Mesmo assim, Ariana, ela cometeu um assassinato. A Cassandra deve ir presa e pagar por esse crime.
ARIANA: Ela vai.
JOCA: Eu vou denunciá-la agora.
ARIANA: Joca, você está de cabeça quente. O que eu acabei de dizer, poxa? Você acha que eu não quero que aquela desgraçada se estrepe, ainda mais depois do estupro que cometeu em você? Nós precisamos ser cuidadosos. Além disso, não temos nenhuma prova concreta que ligue a Cassandra ao assassinato do padrinho.
JOCA: Nós precisamos de uma confissão dela.
ARIANA: E eu já sei como obter isso.
(Ariana encara Joca)
Cena 6/ Paisagens de Vila Prata/ Tarde
Cena 7/ Vila Prata/ Restaurante/ Interno/ Tarde
(Carlota e Cassilda sentadas à mesa, almoçando)
CASSILDA: A Cassandra passou de todos os limites. Estuprar o Joca? Estou chocada.
CARLOTA: Eu não deveria ter revelado isso para a Ariana.
CASSILDA: Como não, Carlota? Ela e o Joca são afilhados do Juscelino. Eles precisam saber da verdade.
CARLOTA: Mas tenho medo que eles acabem usando essa informação da forma errada.
(Charles entra e se aproxima da mesa onde as duas estão sentadas)
CHARLES: Bom dia, meninas.
CASSILDA: Charles, meu amor. Que bom te ver. Quer almoçar conosco? Eu me consultei com a Soraya, uma vidente que vive aqui. Você não vai acreditar nas coisas horríveis que ela previu sobre o nosso relacionamento.
CHARLES: Nós podemos conversar, Cassilda? A sós?
(Charles encara Cassilda)
Cena 8/ Mansão Bragança/ Sala de estar/ Interno/ Tarde
(Laurinda sentada em uma poltrona. Viriato e Gertrude entram)
LAURINDA: Boa tarde.
GERTRUDE: Boa tarde, dona Laurinda.
LAURINDA: Gertrude, eu posso saber onde você passou a manhã inteira? Já são duas da tarde, sabia?
GERTRUDE: Desculpe, dona Laurinda.
VIRIATO: Agora deu para regular o horário da Gertrude, Laurinda? Ela vive para essa casa e quando ela decide ter uma manhã de folga, é isso que acontece? Cobrança?
LAURINDA: Não tenho nada contra a Gertrude ter uma manhã de folga, mas ela poderia ter me avisado.
VIRIATO: Ela não te avisou porque eu concedi essa folga para ela. Agora vou tomar um banho.
GERTRUDE: E eu ver se está correndo tudo bem nessa casa.
(Viriato sobe as escadas)
LAURINDA: Só um instante, Gertrude.
GERTRUDE: Sim?
LAURINDA: O Viriato te trouxe casa ou foi apenas uma coincidência vocês terem chegado juntos, ao mesmo tempo?
GERTRUDE: Coincidência, dona Laurinda. Eu o encontrei nas escadas da frente. Com licença.
(Gertrude sai)
Cena 9/ Vila Prata/ Praça/ Interno/ Tarde
(Cassilda e Charles sentados lado a lado)
CASSILDA (com os olhos marejados): Não, você está mentindo pra mim, não está? Charles, isso não é brincadeira de bom gosto.
CHARLES: Queria eu estar brincando, Cassilda. É a mais pura verdade.
CASSILDA: Não, não é. Eu sou filha do Bonavante, entendeu? E nós não somos irmãos, não somos.
CHARLES: Cassilda...
CASSILDA: Bem que a Soraya disse que nossa relação seria de lágrimas e tristezas. Eu não posso aceitar isso, Charles. Aceitar isso é o mesmo que aceitar que a minha vida é uma mentira e ela não é.
CHARLES: Eu sinto muito. Eu também fiquei possesso quando descobri, mas a gente pode continuar amigos.
CASSILDA: Amigos? Eu nunca vou te enxergar assim, Charles, nunca. Eu te amo. Eu não aceito isso, não aceito, NÃO ACEITO.
(Cassilda, com os olhos chorosos, levanta-se e sai correndo. Carlota vê e se aproxima de Charles)
CARLOTA: Charles, o que aconteceu?
CHARLES: Eu acabei de fazer uma revelação bombástica para a Cassilda.
CARLOTA: O que você disse, Charles?
CHARLES: Carlota, você sabia que a Cassilda não é filha do doutor Bonavante, e sim do meu pai? A Cassilda é minha irmã, Carlota.
CARLOTA: O quê?
Cena 10/ Mansão Bragança/ Sala de estar/ Interno/ Tarde
(Dorotéia e Laurinda sentadas frente a frente)
DOROTÉIA: E aqui está o dinheiro que eu fiquei te devendo.
LAURINDA: Como?
DOROTÉIA: Você não se lembra daquele dia que me pagou uns produtos no comércio do Geraldo porque eu me encontrava sem dinheiro? Agora eu estou te ressarcindo.
LAURINDA: Não precisava.
DOROTÉIA: Eu faço uma questão.
LAURINDA: Você é bastante convicta no que faz. Vir caminhando do centro de Vila Prata até aqui só para me pagar esse dinheiro.
DOROTÉIA: Eu até vi o seu marido com a sua governanta na estrada, mas fiquei com vergonha de pedir carona.
LAURINDA: O que você disse?
DOROTÉIA: Que eu fiquei com vergonha de pedir carona para o seu marido.
LAURINDA: Antes disso.
DOROTÉIA: Que eu vi seu marido e sua governanta dentro do carro na estrada?
LAURINDA: Isso mesmo.
Cena 11/ Mansão Bragança/ Quarto de hóspedes/ Interno/ Tarde
(Osório deitado. Viriato na frente dele)
VIRIATO: Chega, Osório, chega. Já faz meses que aquela tortura aconteceu. Deu tempo suficiente para se recuperar.
OSÓRIO: Doutor Viriato...
VIRIATO: Incompetente. É isso que você é. E eu sempre te defendi, te protegi, mas chega. Até em relação a capataz, o Bonavante teve mais sorte do que eu.
OSÓRIO: O que você está insinuando?
VIRIATO: Que o Simão é eficiente, inteligente, ao contrário de você, seu preguiçoso. Mas acabou, Osório. Você falhou na hora de contratar aqueles matadores pra dar cabo do Bonavante, você deixou se seqüestrar pelo Simão, você é um bosta, Osório. Mas acabou. Eu não quero mais os seus serviços. Levanta dessa cama e fora daqui.
OSÓRIO: Não.
VIRIATO: Como não? Vai mesmo me enfrentar?
OSÓRIO: Se você me tirar daqui, eu conto pra todo o mundo que a Cassilda não é e nunca foi a sua filha. Que você inventou essa mentira só para atingir o Bonavante. O que você prefere?
(Osório encara Viriato. Do lado de fora, a CAM foca em Laurinda, que ouviu tudo)
Cena 12/ Paisagens da mansão Sabarah/ Noite
Cena 13/ Mansão Sabarah/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Carlota entra, desesperada. Bonavante vê)
CARLOTA: Cadê a Cassilda, pai?
BONAVANTE: Como assim? Ela não saiu com você?
CARLOTA: Pai, a Cassilda descobriu que ela é filha do Viriato.
BONAVANTE: O quê?
Cena 14/ Mansão Bovary/ Sala de estar/ Interno/ Noite
(Sávio entra furioso)
SÁVIO: Droga, DROGA.
CLARISSA: O que houve, Sávio?
SÁVIO: Fui assaltado, Clarissa. Fui assaltado na estrada.
(Sávio encara Clarissa)
Cena 15/ Mansão Bragança/ Gabinete/ Interno/ Noite
(Viriato de costas para a porta. Alguém entra)
VIRIATO: Eu já não falei que antes de entrar tem que bater na porta? Quão burro um ser humano consegue...
(Viriato vira-se e se depara com Cassilda)
VIRIATO: Cassilda.
CASSILDA: Está na hora de termos uma conversa séria e definitiva. Você não acha?
(Cassilda encara Viriato. Close em Viriato)
FIM DO CAPÍTULO
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