quinta-feira, 19 de março de 2015

Alice - Penúltimo Capítulo


PENÚLTIMO CAPÍTULO

Cena 1/Hospital/Corredor/Noite
Os enfermeiros entram empurrando a maca que leva Estevão rapidamente. Victoria, Bárbara, Fernando e Franco logo em seguida.
BÁRBARA – (chorando) Eu sabia que essa história não terminaria em coisa boa!
FERNANDO – Dois feridos e uma fuga. Onde isso vai parar, meu Deus?
FRANCO – A Alice tem que ser contida!
VICTORIA – Ela atirou no meu genro e ainda levou minha filha pra Deus sabe onde.
FRANCO – Essa mulher é completamente louca!
VICTORIA – E muito perigosa. Se ela foi capaz de atirar no homem que ela dizia amar, não duvido nada de que ela seja capaz de fazer coisa pior com a minha filha. Eu sou capaz de matar aquela vadia se ela fizer algo de ruim pra Estrela!
FERNANDO – Mas ela já fez, Victoria. Atirou no meu filho. O homem que a Estrela ama está entre a vida e a morte! Eu tenho medo do que ela pode fazer com a Estrela.
Todos se encaram, nervosos. Bárbara, chorando, abraça Fernando.

Cena 2/Rua/Noite
Fábio dirige o carro. Alice no banco de carona e Estrela atrás, desmaiada.
FÁBIO – E agora? O que a gente vai fazer?
ALICE – Vamos pro Rio Grande do Sul.
FÁBIO – Isso é perigoso demais, Alice.
ALICE – Tá com medo, é?
FÁBIO – Não é medo, é receio! Eu não quero terminar os meus dias na cadeia.
ALICE – E não vai.
FÁBIO – Quem garante? Se a polícia nos pegar iremos presos!
ALICE – Ninguém vai preso, meu amor.
FÁBIO – Então como sairemos do Rio de Janeiro sem que ninguém nos note?
ALICE – Eu tenho meus métodos.
FÁBIO – E quais são?
ALICE – No momento certo você vai descobrir.
Alice tira a arma do porta-luvas, aponta para Estrela e sorri.
ALICE – Estrelinha vai virar noiva cadáver!
Alice ri.

Cena 3/Mansão Montenegro/Cozinha/Noite
Odete entra na cozinha e acende a luz. Ela vai até a geladeira e pega água. A luz da cozinha apaga.
ODETE – Ué.
Odete vai até o interruptor e acende a luz novamente. Ao se virar, ela se depara com Rebeca apontando uma arma para ela.
ODETE – Rebe... Rebe...
REBECA – Rebeca!
ODETE – Você não estava presa?
REBECA – Resolvi fugir pra vir visitar a minha querida família.
ODETE – Abaixa essa arma!
REBECA – Pra quê? Pra você sair por aí gritando como uma louca?
ODETE – Eu não quero seu mal, minha irmã!
REBECA – Mas eu quero o seu e acho melhor fazer o que eu tô mandando!
ODETE – Eu faço, faço sim, mas por favor, abaixa essa arma!
Rebeca puxa o gatilho.
REBECA – Quem manda aqui sou eu! Agora passa.
ODETE – O que você vai fazer?
REBECA – PASSA!
Odete passa lentamente por Rebeca, que continua apontando a arma pra ela. Rebeca coloca a arma nas costas de Odete e a guia para fora de casa.

Cena 4/Hospital/Sala de Espera/Noite
Bárbara e Fernando sentados e abraçados. Victoria de pé, andando de um lado pro outro. Franco sentado em uma poltrona.
VICTORIA – Essa demora por notícias está me deixando aflita!
BÁRBARA – Será que está tudo bem com o meu filho?
FERNANDO – Está, meu amor. Está!
BÁRBARA – Como você pode afirmar isso?
FRANCO – Notícia ruim corre rápido, Bárbara. Ainda mais dentro de um hospital! Nesse momento o Estevão deve estar na sala de cirurgia. Ele vai ficar bem!
VICTORIA – Será que estão perseguindo a Alice? Eu quero a minha filha!
FRANCO – Eles já devem estar atrás dela, meu amor.
VICTORIA – Como você consegue se manter tão calmo numa situação como essa?
FRANCO – Porque em uma situação onde três estão com os nervos a flor da pele tem que ter uma pessoa para acalmá-los.
VICTORIA – Você acha mesmo que vai ficar tudo bem com eles?
FRANCO – Não acho... Tenho certeza!
Victoria abraça Franco e Bárbara abraça Fernando.

Cena 5/Vila do Sossego/Casa de Madalena/Sala/Noite
Madalena sai de seu quarto, passa pelo corredor e ao chegar à sala sente uma fraqueza nas pernas. Ela senta-se no sofá e logo em seguida sente uma forte dor no peito.
MADALENA – Sempre que eu sinto isso é porque vai acontecer algo ruim... Ou já aconteceu!
Foco na expressão de Madalena, aflita, com a mão sobre o peito.

Cena 6/Hospital/Capela/Noite
Bárbara está na capela do hospital, ajoelhada, rezando.
BÁRBARA – Meu Deus, eu sei que nunca fui uma mulher muito religiosa, mas apesar de tudo sempre acreditei no senhor. E sei que em um momento como esse você não vai nos desamparar ou nos abandonar. Faça com que o meu filho saia vivo dessa cirurgia, com que a Estrela seja salva e que aquela dupla de bandidos pague por seus crimes. É só que eu te peço!
Bárbara chora.

Cena 7/Mansão Montenegro/Estufa/Noite
Rebeca entra na estufa empurrando Odete. Ela tranca a porta.
REBECA – Olha aí quem eu trouxe pra uma visitinha. Pra depois não dizerem que eu sou má pessoa!
Rebeca ri. Odete corre para perto de Bianca, amarrada, e a abraça.
ODETE – O que você quer com isso, hein Rebeca?
REBECA – Quero a morte de vocês três!
ODETE – E que mal nos lhe fizemos?
REBECA – Cruzaram o meu caminho.
ODETE – Nossos destinos sempre estiveram entrelaçados de certa forma.
REBECA – Família a gente não escolhe, né?
ODETE – Você teve a opção de ser feliz, mas procurou viver rodeada de rancor.
REBECA – Você que fez com que eu me tornasse assim!
ODETE – E que culpa eu tenho?
REBECA – Você sempre foi a queridinha do papai, o amorzinho da família. Enquanto eu era a ovelha negra! A desprezada por todos.
ODETE – Você não sabe o que diz!
REBECA – Sei e por isso digo. Mas agora isso acabou, Odete! O seu fim chegou! Seu e dessa corja! E o próximo da listinha é o meu amado amante... César!
ODETE – Você sempre foi obcecada por ele, não é?
REBECA – O César devia ter sido meu!
ODETE – Mas ele me escolheu pra ser a mulher da vida dele!
REBECA – Como sempre você ficando com tudo o que me pertence. Mas agora acabou!
Rebeca e Odete se encaram.

Cena 8/Mansão Albuquerque/Quarto de Cristina/Noite
Cristina, enrolada em um hobby branco e com uma toalha enrolada na cabeça, sai do banheiro. Seu celular que está no criado-mudo ao lado da cama toca e ela atende.
CRISTINA – Alô?
...
CRISTINA – Sim, Franco. Diga.
...
CRISTINA – Então amanhã tem a leitura do testamento do Marcos? Finalmente! Não sei porque demorou tanto tempo pra ler essa porcaria.
...
CRISTINA – Eu sei que foi uma vontade dele.
...
CRISTINA – Tudo bem, Franco, já entendi. Amanhã nos encontramos!
Cristina desliga o celular e sorri.
CRISTINA – Enfim vou por as mãos no que é meu por direito!

AMANHECE

Cena 9/Rio Grande do Sul/Chalé/Quarto/Manhã
Alice é acordada por Fábio aos beijos.
FÁBIO – Bom dia, meu amor. Dormiu bem?
ALICE – Melhor impossível. E a nossa hospede?
FÁBIO – Ela hesitou um pouco, mas depois apagou.
ALICE – Ela apagou ou você a apagou?
FÁBIO – Digamos que um pouco dos dois.
Fábio sorri.
ALICE – Eu vou fazer essa vadia sofrer muito antes de morrer!
FÁBIO – E como você pretende mata-la?
ALICE – Você vai descobrir no momento certo.
FÁBIO – E quando vai ser o momento certo? Por que tanto mistério?
ALICE – Porque o que eu estou preparando será inesquecível.
FÁBIO – E não acha que é arriscado?
ALICE – Nós já chegamos até aqui e agora não dá mais pra voltar atrás.
FÁBIO – E se a polícia nos pegar?
ALICE – Isso não vai acontecer por dois motivos: o primeiro é que a polícia brasileira é incompetente no nível máximo. E o segundo motivo é que somos mais inteligentes e ágeis que eles! Agora vamos deixar esse papo de lado porque já está tudo arquitetado aqui na minha mente. Eu vou tomar um banho e depois desço pra ver como está a Estrelinha.
FÁBIO – E pretende tomar esse banho sozinha?
ALICE – Uma companhia masculina não me faria mal.
Alice sorri e depois vai para o banheiro, fazendo sinal com as mãos para que Fábio vá também. Ele, sorrindo, levanta-se da cama e corre até ela. Fábio beija Alice e fecha a porta do banheiro com o pé.

Cena 10/Mansão Montenegro/Sala de Jantar/Manhã
César desce as escadas...
CÉSAR – Onde será que a Odete se meteu? Primeiro a Bianca some e agora ela!
... E chega na sala de jantar, onde encontra Rebeca sentada à mesa com uma arma apontada para ele.
CÉSAR – REBECA?
REBECA – Não ia me convidar para o café da manhã, meu amor?
CÉSAR – O que você tá fazendo aqui? O que você fez com a Bianca e com a Odete?
REBECA – Calma, bebê. Uma pergunta de cada vez! A primeira resposta é que eu estou aqui porque senti saudades da casa e da minha família querida.
CÉSAR – Deixa de ser cínica!
REBECA – Cala a boca porque eu ainda não terminei de falar! A segunda resposta você vai descobrir se for um bom rapaz.
CÉSAR – Você não as matou? Matou?
REBECA – Eu não teria o prazer de matar aquelas duas sonsas sem ver a sua reação, César.
CÉSAR – Então você esperou eu acordar pra me fazer de refém também?
REBECA – Parece que a Odete fez com que seus neurônios funcionassem, querido.
CÉSAR – Me diz logo onde elas estão antes que eu chame a polícia!
REBECA – Quem manda aqui sou eu! Se chamar a polícia eu mato as duas e depois te mato! Então cala a sua maldita boca e faça o que eu mandar.
Rebeca segue com a arma apontada para César.

Cena 11/Hospital/Quarto de Estevão/Manhã
O médico e a enfermeira entram no quarto. Estevão na cama, entubado.
MÉDICO – Foi uma cirurgia difícil, mas conseguimos.
ENFERMEIRA – E o senhor acha que ele sai dessa?
MÉDICO – Tenho certeza que ele sairá são e salvo.
ENFERMEIRA – O caso dele foi bem grave.
MÉDICO – Por muito pouco a bala não perfurou o pulmão. Mas agora o estado dele é estável e eu acredito que em poucos dias poderemos desentubá-lo!
Foco em Estevão, dormindo e entubado.

Cena 12/Hospital/Sala de Espera/Manhã
BÁRBARA – Eu não aguento mais esperar por notícias!
FERNANDO – Calma, meu amor. Já, já o médico vem!
VICTORIA – Vai ficar tudo bem, Bárbara. Eu tenho certeza!
BÁRBARA – É o que eu espero. E o Franco? Já foi? Não o vi até agora.
VICTORIA – O Franco foi para o escritório. Tinha um caso para resolver!
BÁRBARA – Coitado, eu acho que o enchi tanto com esse caso do Estevão.
VICTORIA – Não, querida. Você não fez nada disso! O Franco está realmente preocupado com essa situação.
FERNANDO – E a Alice, hein? Onde será que se meteu? Até agora a polícia não deu nenhuma notícia!
VICTORIA – Eu estou em chamas! Aflita até o último fio de cabelo. Eu não sei pra onde essa louca levou a minha filha ou o que fez com ela.
BÁRBARA – E o Olavo sumiu mesmo, hein?
VICTORIA – Eu acho que o Olavo nunca mais vai aparecer.
FERNANDO – E por que você pensa isso?
VICTORIA – Se eu estiver certa, o Olavo foi assassinado pela Alice.
Bárbara fica chocada.
BÁRBARA – Meu Deus!
FERNANDO – Você acha que ela seria capaz de matar?
VICTORIA – A Alice é capaz de qualquer coisa! De coisas que Deus duvida e o diabo aprova.

Cena 13/Rio Grande do Sul/Chalé/Sala/Manhã
Alice, vestida com uma calça colante preta e uma blusa também preta, desce as escadas e para no primeiro degrau. Fábio logo em seguida. Estrela já acordada, amarrada e amordaça em uma cadeira.
Toca Época – Gotan Project.
Alice caminha até Estrela.
ALICE – Bom dia, querida!
Alice dá uma bofetada em Estrela.
ALICE – Preparada para o começo do seu fim?
Alice tira a mordaça da boca de Estrela, que cospe em seu rosto.
ESTRELA – LOUCA!
Alice dá outra bofetada em Estrela.
ALICE – Menininha abusada! Vê se pode uma coisa dessas? Eu te dou direito de voz e você me trata assim. Não tem jeito mesmo, viu Estrela? Eu tento ser boazinha contigo, mas você faz questão de dificultar tudo!
ESTRELA – Se você quisesse mesmo ser boa me tiraria daqui.
ALICE – Pra quê? Pra você sair correndo por aí pedindo ajuda? Eu não vou terminar os meus dias na cadeia!
ESTRELA – Isso é o que você pensa! A minha mãe vai te achar, sua vaca!
ALICE – Se ela tiver um bom guia turístico, talvez.
ESTRELA – Guia turístico? Do que você tá falando?
ALICE – Ai eu tenho mesmo que explicar tudo? Estamos no Rio Grande do Sul, querida!
Estrela fica surpresa.
ESTRELA – Não, não pode ser!
ALICE – Mas é! Ou você acha mesmo que eu ia continuar no Rio depois de ter feito o que fiz? Eu atirei no homem da minha vida por sua culpa!
ESTRELA – E O ESTEVÃO? COMO TÁ O MEU MARIDO?
ALICE – Marido? Mas vocês nem se casaram! E nem vão.
ESTRELA – Fala logo, Alice!
ALICE – Não faço a mínima ideia. O Estevão deve estar em um hospital. Com sorte em um caixão!
Alice ri.
ESTRELA – (chorando) Como você pode rir de uma situação como essa?
ALICE – Eu amei e ainda amo o Estevão com todo o meu coração, mas ele não demonstra que em ama também.
ESTRELA – Porque ele não te ama e nunca vai te amar!
ALICE – AMA SIM! É claro que ama. Ele só precisa abrir os próprios olhos e perceber que eu sou o grande amor da vida dele. Eu sou a ruiva certa!
ESTRELA – E como você pretende fazer isso?
Alice saca a arma que estava escondida atrás de suas costas e aponta para Estrela.
ALICE – Te matando, quem sabe.
Alice sorri e Estrela encara o revólver.

Cena 14/Edifício LeMarchal/Sala de Franco/Manhã
Franco recepciona Cristina com um aperto de mãos.
FRANCO – Sente-se!
Franco senta-se em sua cadeira e Cristina em uma em frente à mesa.
CRISTINA – Bom agora que eu cheguei, você já pode começar com a leitura do testamento.
FRANCO – Infelizmente ainda não posso.
CRISTINA – E por que não?
FRANCO – Porque o Marcos, antes de morrer, me exigiu pessoalmente que chamasse mais uma pessoa para a leitura do testamento.
CRISTINA – E quem é essa tal pessoa?
Renata abre a porta da sala.
RENATA – Perdão pelo atraso!
CRISTINA – RENATA?
RENATA – Um carro quebrou na rua e causou um congestionamento.
CRISTINA – O que essa aí está fazendo aqui?
FRANCO – Como eu disse, o Marcos exigiu a presença dela.
CRISTINA – Impossível! Por que ele faria isso?
FRANCO – Isso nós descobriremos agora. Sente-se, Renata, a leitura do testamento vai começar.
Renata senta-se na cadeira ao lado de Cristina, que a fuzila com os olhos.
FRANCO – Eu, Marcos Fraga Garcia, em pleno uso de minhas faculdades mentais, deixo em nome de Renata Gomes e Albuquerque oitenta por cento de tudo o que é meu. Isso inclui minhas propriedades dentro e fora do Brasil, meus carros e o mais precioso: a agência de modelos que ela tanto lutou para conseguir.
CRISTINA – COMO É QUE É?
FRANCO – Acalme seus ânimos, por favor. Eu ainda não terminei! Continuando... Deixo também cinco por cento de minha fortuna para Paloma, filha de Renata, e mais cinco por cento para Adriana Vilar. Os outros dez por cento exijo que sejam doados para instituições de caridade.
CRISTINA – ISSO NÃO PODE SER VERDADE!
FRANCO – Foi o que ele exigiu antes de morrer!
CRISTINA – Mas aquele cretino disse que deixaria tudo para mim!
FRANCO – E deixaria mesmo, mas pouco antes do acidente veio até mim alterar o testamento.
RENATA – Eu sempre soube que ele tinha um bom coração.
Cristina, furiosa, levanta-se da cadeira e a derruba.
CRISTINA – ISSO É UMA FRAUDE! UMA MENTIRA! EU VOU CONTESTAR ESSE TESTAMENTO!
FRANCO – Pode tentar e se tiver muita, mas muita sorte ganhará. Mas isso em todos os casos é improvável! A vontade do Marcos foi essa e é ela que prevalecerá. Você querendo ou não.
CRISTINA – AQUELE DESGRAÇADO ME TRAIU!
RENATA – E não foi o que você fez com ele?
CRISTINA – CALA A BOCA, SUA BARANGA! O MARCOS ME AMAVA E EU TAMBÉM!
RENATA – Amava tanto que o traiu. O MATOU!
CRISTINA – Sem provas você não pode me acusar de nada. E seu realmente o matei, já que é impossível porque o atestado de óbito provou o contrário, tome muito cuidado para não ser a próxima vítima!
Cristina e Renata, ambas de pé, se encaram.

Cena 15/Albergue/Quarto/Manhã
Paloma e Adriana arrumam a cama.
ADRIANA – Por que será que a sua mãe foi chamada pra ir à leitura do testamento do Marcos?
PALOMA – Será que ele deixou algo para ela?
ADRIANA – Talvez...
PALOMA – Eu não faço a mínima ideia do que possa ser.
ADRIANA – Espero que o Marcos, assim como eu, tenha percebido o erro que cometeu fazendo mal a Renata.
PALOMA – Você realmente mudou, não é?
ADRIANA – Sim. Percebi que minhas atitudes não foram corretas e...
Paloma abraça Adriana.
PALOMA – Parabéns por essa mudança tão nítida!
ADRIANA – Você me deu um abraço? Meu Deus há quanto tempo eu não recebo um abraço!
PALOMA – Você merece coisas boas por ter mudado para a melhor.
Adriana dá as mãos para Paloma.
ADRIANA – Acha mesmo que eu mereço?
PALOMA – Todas as coisas boas possíveis!
Adriana e Paloma trocam olhares.

Cena 16/Hospital/Sala de Espera/Manhã
Bárbara, Fernando e Victoria sentados. O médico entra na sala e todos se levantam.
BÁRBARA – E então, doutor, como está o meu filho?
FERNANDO – Não nos esconda nada!
VICTORIA – Ele está bem?
O médico as encara.
MÉDICO – Melhor impossível!
Todos respiram aliviados.
MÉDICO – A cirurgia deu certo e agora ele está em um quarto, sob observação das enfermeiras.
BÁRBARA – E eu posso visita-lo?
MÉDICO – Ainda não. O Estevão está dormindo.
FERNANDO – E quando ele acordar? Ele vai acordar, né?
MÉDICO – Sim, vai. Mas temos que esperar mais umas horas para ver se tudo continuará bem depois dessa cirurgia e da transfusão de sangue. Agora com licença porque eu tenho que cuidar de outros casos.
VICTORIA – Toda.
O médico sai da sala.
BÁRBARA – Deus atendeu as minhas preces!
FERNANDO – Estou tão aliviado!
VICTORIA – Apesar dessa notícia maravilhosa eu ainda estou aflita.
BÁRBARA – Nada de notícia da Estrela, não é?
VICTORIA – Nenhuma. Se continuar assim eu não sei se vou aguentar!
Bárbara abraça Victoria.
BÁRBARA – Vai ficar tudo bem, querida. Acredite!

Cena 17/Mansão Montenegro/Sala de Estar/Tarde
César, Odete e Bianca amarrados lado a lado. Rebeca apontando uma arma para eles.
REBECA – Enfim a família toda reunida!
CÉSAR – Você é louca!
BIANCA – A polícia vai te pegar, Rebeca!
ODETE – O que você vai fazer quando os empregados chegarem?
REBECA – Eu não vou precisar me preocupar com isso.
BIANCA – E por que não? Vai fazer todos eles de reféns também?
REBECA – Já me livrei de todos!
ODETE – Você os matou?
REBECA – Ai, Odete, como você é burra! Fiz o César ligar para cada um e dar folga por hoje.
CÉSAR – Por que você está fazendo tudo isso, hein?
REBECA – Porque vocês me traíram e me magoaram demais! Eu não posso deixar por isso mesmo. Vocês vão aprender que Rebeca Montenegro não joga pra perder.
Rebeca segue apontando a arma para eles. A câmera foca nos três, de perfil, lado a lado.

Cena 18/Albergue/Quarto/Tarde
Renata entra correndo no quarto. Paloma sai do banho, enrolada em uma toalha, enquanto Adriana está sentada na cama.
RENATA – Eu tenho uma ótima notícia pra dar!
ADRIANA – Não vai me dizer que...
RENATA – EU VOLTEI A SER RICA!
PALOMA – COMO?
RENATA – O Marcos deixou no testamento dele tudo o que me foi roubado. Ele realmente se redimiu!
ADRIANA – Então quer dizer que você vai voltar para a agência?
RENATA – Sim! Eu voltei a ser Renata Albuquerque!
Renata sorri. Paloma e Adriana se encaram e depois sorriem.

Cena 19/Mansão Albuquerque/Quarto de Cristina/Tarde
Cristina entra, furiosa, no quarto e sai quebrando tudo o que vê pela frente.
CRISTINA – MALDITO! DESGRAÇADO! AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!
Cristina senta-se no chão e chora.
CRISTINA – Mas isso não vai ficar assim! O jogo ainda não acabou!

ANOITECE

Cena 20/Mansão Montenegro/Sala de Estar/Noite
Rebeca empurra um galão com gasolina para a sala.
CÉSAR – O que você pretende fazer?
REBECA – Ainda não percebeu?
ODETE – Você vai...
REBECA – Queimar essa maldita casa com todos nós dentro!
BIANCA – Mas você não percebe que vai morrer também?
REBECA – Nada mais me importa! NADA MAIS!
Rebeca, fora de si, acende o fósforo e o encara.
REBECA – Acabou!
Odete consegue se soltar e avança para cima de Rebeca.
ODETE – VOCÊ NÃO VAI ACABAR COMIGO, SUA LOUCA!
O fósforo cai no chão e o fogo se espalha pela casa.
BIANCA – NÃO, MEU DEUS! NÃO!
CÉSAR – Nós vamos morrer!

Cena 21/Vila do Sossego/Casa de Madalena/Entrada/Noite
Madalena está sentada no sofá, abraçada com Fagundes. A campainha toca.
FAGUNDES – Quer que eu vá atender?
MADALENA – Não, meu amor. Fica aí!
Madalena beija Fagundes.
MADALENA – Deixa que eu vou.
Madalena levanta-se e vai até a porta. Ela abre a porta e vê dois policias.
MADALENA – Posso ajudar em algo?
POLICIAL – A senhora é mãe de Alice Fraga?
MADALENA – Eu mesma. Aconteceu alguma coisa com ela?
POLICIAL – Com ela não, mas com a senhorita Estrela Grimaldi, sim.
MADALENA – E o que exatamente?
POLICIAL – A Alice a sequestrou com a cumplicidade de um amante e fugiu com ela para o Rio Grande do Sul.
Madalena encara o policial, assustada.

Cena 22/Rio Grande do Sul/Chalé/Quarto/Noite
Fábio sai do banheiro e vê Alice apontando uma arma para ele.
FÁBIO – Que isso, meu amor?
ALICE – Nunca viu uma arma?
FÁBIO – Claro que já!
ALICE – Então por que a pergunta?
FÁBIO – Porque quero entender o porquê de você estar com ela apontada para mim.
ALICE – Pra que usa uma arma, meu amor?
FÁBIO – Para várias coisas!
ALICE – Inclusive para um assassinato.
FÁBIO – O que você está querendo dizer com isso?
ALICE – Que você usou essa mesma arma para matar o Olavo!
FÁBIO – Porque você mandou!
ALICE – Você obedeceu porque quis, Fábio. Eu não te obriguei a nada!
FÁBIO – Eu atirei no Olavo pra salvar você! E quem o matou não fui eu, FOI VOCÊ!
ALICE – Será que é nisso que a polícia vai acreditar?
FÁBIO – Eu não estou entendendo mais nada!
Alice ri.
FÁBIO – Ah, já sei, isso é uma brincadeira, né? Muito sem graça, a propósito!
ALICE – Uma brincadeira bem séria, meu amor. Bem séria.
Alice desliza a arma por seu corpo.
FÁBIO – Já sei o que você quer...
Alice deixa de deslizar a arma e atira na perna de Fábio. Ele grita de dor.
FÁBIO – POR QUE VOCÊ FEZ ISSO, SUA LOUCA?
ALICE – Porque agora você seria peso morto! Inútil! Me serviu pra muito serviços sujos, mas agora não presta mais.
FÁBIO – E O QUE VOCÊ VAI FAZER?
ALICE – Fugir desse país de índio!
FÁBIO – Você não vai conseguir isso!
Toca a instrumental Desespero – Império.
ALICE – Quem disse?
FÁBIO – A polícia vai te pegar, sua cretina!
ALICE – Não vai, não. Depois que eu matar a Estrela, deixo o corpo dela em qualquer canto e fujo. Amanhã de manhã terá um helicóptero me esperando no Pico do Monte Negro. É de lá que eu vou me livrar dessa ruiva maldita! E também é de lá que eu vou fugir.
FÁBIO – Por que você fez isso comigo? Eu te amo! Eu fui seu amante, seu parceiro, seu cúmplice!
Alice ri.
ALICE – Eu? Te amar? Me poupe, né Fábio. A única pessoa que eu amo de verdade é o Estevão! Eu nunca te amei! NUNCA! Você só me serviu para sexo e crimes. Nada demais! Agora me deixe ir porque eu tenho mais o que fazer do que ficar olhando pra essa tua cara de bundão. Seu merda!
FÁBIO – Você vai mesmo me deixar aqui?
ALICE – Devia me agradecer por não ter te matado! Eu vou te deixar aqui pra ir pra cadeia e pagar por seus crimes. Lá, na cadeia, é o lugar onde gente da sua raça, bandidinho barato, tem que estar. E não misturado com gente da alta como eu! Tchau, seu babaca! OTÁRIO!
Alice ri e antes de ir embora do chalé, tranca a porta por fora.
FÁBIO – ALICEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!

Cena 23/Agência de Modelos/Entrada/Noite
Cristina, sem cumprimentar os seguranças, entra correndo.

Cena 24/Agência de Modelos/Sala da Presidência/Noite
Cristina entra, tranca a porta e corre para trás da cadeira presidencial. Ela tira um quadro que estava na parede, abre o cofre que estava escondido e contempla os milhares de dólares que tem lá dentro.
CRISTINA – Quero ver se alguém vai me pegar!
Depois, ainda com o cofre aberto, ela senta-se na cadeira e liga o computador.
CRISTINA – Agora é só fazer uma grande transferência para a minha conta no exterior e depois bye, bye, Brasil!
Cristina sorri.

Cena 25/Mansão Grimaldi/Sala de Estar/Noite
BÁRBARA – Então a Alice e a Estrela estão no Rio Grande do Sul?
VICTORIA – Exatamente!
FERNANDO – Então pra lá que a gente vai!
FRANCO – Dessa vez a Alice não escapa!

Cena 26/Vila do Sossego/Casa de Madalena/Sala/Noite
FAGUNDES – Então ela foi capaz de sequestrar? Meu Deus do céu!
MADALENA – Dessa vez a Alice passou de todos os limites possíveis!
FAGUNDES – E você vai atrás dela?
MADALENA – Com toda certeza, sim!
FAGUNDES – Então vamos logo. Eu peço para o piloto nos levar até lá pelo jatinho.
MADALENA – Claro, claro. Vamos!
Apressados, Madalena e Fagundes saem de casa.

Cena 27/Rio Grande do Sul/Chalé/Noite
Há uma grande movimentação em frente ao chalé, com carros policias. Fábio está fora da casa, em uma ambulância. O delegado dentro dela.
DELEGADO – Então a Alice vai tentar fugir amanhã?
FÁBIO – Sim. Ela irá para o Pico do Monte Negro! Disse que de lá vai fugir após matar a Estrela.
DELEGADO – Isso é o que ela pensa! A Alice vai ter uma bela surpresa.

AMANHECE

Cena 28/Rio Grande do Sul/Pico do Monte Negro/Manhã
Um carro para no monte. Alice sai dele carregando Estrela. Há sua espera um Citation X.
ALICE – Tão lindo...
Alice fica deslumbrada.
ESTRELA – Você vai me levar embora daqui contigo?
ALICE – Claro que não, Estrelinha. Você é peso morto! Eu vou me livrar de você te jogando desse monte e depois vou pegar aquele belo jatinho ali pra fugir do país.
Alice, apontando uma arma para Estrela, a empurra.
ALICE – ANDA LOGO, VAI!
Alice joga Estrela no chão e aponta a arma para ela.
ALICE – Chegou a tua hora! Faça jus ao teu nome e brilhe no céu, Estrelinha!
Alice sorri, puxa o gatilho da arma e aponta para Estrela, ajoelhada.
ESTRELA – Seja rápida...
ALICE – Como você quiser!
Nesse momento, helicópteros da policia sobrevoam o lugar. Carros da polícia chegam também. Alice puxa Estrela para perto dela e aponta uma arma para a cabeça da mocinha. O carro de Victoria chega. O jatinho de Fagundes posa bem distante.
Toca a instrumental Mozart: Requiem.
ALICE – QUE PALHAÇADA É ESSA?
DELEGADO – (alto falante) Abaixa essa arma e se entregue, Alice! Você está cercada! Não tem mais saída!
Madalena e Fagundes chegam correndo. Victoria, Bárbara, Fernando e Franco saem do carro.
VICTORIA – LARGA A MINHA FILHA, SUA VADIA!
FRANCO – Solta ela, Alice!
BÁRBARA – Pensa bem no que você vai fazer, Alice!
FERNANDO – LARGA A ESTRELA, ALICE!
MADALENA – POR FAVOR, FILHA! SOLTA ELA!
FAGUNDES – Se entregue, Alice. É o melhor!
Alice, com a arma apontada para a cabeça de Estrela, a puxa para o penhasco do morro.
ALICE – A Estrela é o meu passaporte para a liberdade! Se vocês tentarem alguma gracinha, eu me jogo daqui com ela sem pensar duas vezes! TENTEM PRA VER!
A tensão toma conta do monte. Os policias apontam a arma para Alice. Victoria, Bárbara, Fernando, Franco, Madalena e Fagundes estão aflitos. Foco em Alice, apontando uma arma para a cabeça de Estrela.

FIM DE CAPÍTULO



Nesta segunda: Rainha do Mar. Uma web novela de Lady Marizete.
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